Situação ainda está a ser investigada, mas o primeiro-ministro espanhol já chamou todos os responsáveis pela rede e pela distribuição para dar explicações
Não falou em nomes, mas fez um ataque claro e direto. Para o primeiro-ministro há um responsável primário pelo grande apagão ocorrido na Península Ibérica: os privados.
“A responsabilidade é dos operadores privados”, afirmou Pedro Sánchez em nova conferência de imprensa, a terceira em menos de 24 horas, depois do maior apagão da história espanhola, que coincidiu com o maior apagão da história portuguesa.
Até porque a situação ainda está a ser investigada, não dá ainda para apontar nomes concretos. Mas é preciso apurar responsabilidades e, em último caso, compensar os prejuízos de milhares de clientes, nomeadamente empresas dos mais variados setores.
Sem prejuízo dessa dessa mesma investigação, Pedro Sánchez garantiu que “haverá mudanças” no sistema, até porque “isto não pode voltar a acontecer”. As mudanças, essas, não se sabem quais vão ser.
Cada vez mais descartada a hipótese de ciberataque, ainda que os dois governos não a excluam a 100%, o governo espanhol tenta perceber o que se passou nos cinco segundos em que 60% da produção elétrica simplesmente parou.
Sem criticar especificamente um operador, os meios de comunicação espanhóis leem nas palavras de Pedro Sánchez um ataque à Red Eléctrica, o equivalente espanhol à REN - Redes Energéticas Nacionais.
Mesmo que a empresa tenha uma participação de 20% do Estado e seja gerida por uma antiga ministra socialista, Beatriz Corredor, o atraso nas explicações claras e a nega dada ao governo espanhol para acesso aos dados está a deixar a Moncloa nervosa.
Um mal-estar que se estende em relação às companhias elétricas, que o governo espanhol entende não estarem a dar detalhes claros sobre o que terá falhado ao certo. No fundo, entende Pedro Sánchez, ninguém assume responsabilidade ou um erro.
Independentemente disso, o governo chamou para uma reunião a própria Beatriz Corredor e os representantes das principais operadoras (Iberdrola, Endesa, EDP, Acciona Energía e Naturgy) para que se exiga transparência e se tente ao máximo saber o que se passou para que se possa melhorar o sistema, caso seja possível.