Apagão anunciado: especialistas alertam há anos para o risco, políticos não os quiseram ouvir

28 abr, 21:51

Encerramento das centrais termoelétricas de Sines e do Pego tornou Portugal dependente das importações de Espanha e França

Em junho de 2022, o diretor-geral da Energia à época deixou claro que o sistema elétrico português vive “sobre brasas” e em risco de um apagão, como o que aconteceu esta segunda-feira. 

O encerramento das centrais termoelétricas de Sines e do Pego, decorrente das políticas dos últimos governos de taxação às importações de gás natural e combustíveis fósseis, tornou Portugal dependente das importações de Espanha e França. 

De tal forma que, em 2022, o sistema elétrico português importou 1.659 milhões de euros em eletricidade, para escândalo de especialistas, já que Portugal chegou a ser um exportador líquido de eletricidade. “Isto é inconcebível e revoltante”, declarou à CNN Clemente Pedro Nunes, professor jubilado de energia do Instituto Superior Técnico. “Só se explica porque o Governo está refém de interesses”, comentou Abel Mateus. 

À hora do apagão, Portugal estava a importar 30% da energia que mantinha a economia a funcionar, conforme documentado pela aplicação informática da REN, que deu conta de um grande pico negativo no consumo precisamente a partir dessa hora. 

Os últimos governos decidiram incentivos milionários ao investimento em centrais de energia renovável, designadamente eólicas e solares, que os consumidores suportam nas suas faturas de eletricidade. O problema é que o sistema precisa, sobretudo às horas de ponta, de fontes de energia firme, como as centrais termoelétricas, movidas a energia nuclear, gás natural ou combustíveis fósseis. 

A REN - Redes Energéticas Nacionais confirmou um corte generalizado no abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica e parte do território francês e avançou que estão a ser ativados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia.

O apagão registou-se às 11:30 de Lisboa.

Só pelas 18:00 é que a energia voltou a ser retomada, ainda que de forma muito gradual e apenas nos serviços críticos. Depois das 21:00 a retoma era já bem mais generalizada.

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