AO MINUTO | Diretora de Pediatria do Santa Maria diz que recebeu pedido de consulta "em nome" de Lacerda Sales. Não houve triagem para a marcação
- A diretora de Pediatria do Santa Maria diz que recebeu pedido de marcação de consulta através de Carla Silva "em nome" de Lacerda Sales
- A médica Ana Sofia Moreira Sá revela que “não houve triagem para a marcação da consulta das gémeas”, descartando, por isso, quaisquer responsabilidades nessa mesma marcação
- O PSD vai enviar um novo conjunto de questões a Manuel Pizarro, depois de considerar as respostas do antigo ministro da Saúde "insatisfatórias"
- Caso das Gémeas: ex-ministro Manuel Pizarro diz que nunca falou com Lacerda Sales
- Caso gémeas. Van Dunem diz que nacionalidade foi atribuída "por direito" e nega contacto com Nuno Rebelo de Sousa
- IGAS ordenou auditoria ao Infarmed. Foi a única entidade que não cumpriu recomendações
- Neuropediatra revela que família tentou consulta na Estefânia já depois de as gémeas terem sido vistas no Santa Maria
- IGAS "não faz inspeções a políticos". Inspetor-geral descarta pontas soltas no relatório sobre as gémeas
Terminou a audição a Ana Isabel Lopes, diretora de Pediatria do Santa Maria, uma audição marcada por contradições face ao depoimento de Teresa Moreno.
Novamente questionada sobre os alegados três telefones feitos a Teresa Moreno, Ana Isabel Lopes vinca: “Da minha parte não existiram esses telefonemas, não fariam sentido. Houve conversas entre os elementos intervenientes, mas não houve qualquer insistência. Porue haveria insistência?”.
Ana Isabel Lopes desmente Teresa Moreno
“Não confirmo essa insistência”, diz Ana Isabel Lopes sobre o facto de Teresa Moreno ter dito que a diretora de Pediatria telefonou três vezes a insistir para a marcação da consulta. “Em momento algum a doutora Teresa manifestou qualquer oposição em relação à marcação”, vinca. “Eu não digo que mentiu, eu digo o que corresponde à verdade”, atira a diretora de Pediatria, vincando que “não disse” que a ordem da marcação vinha acima de Lacerda Sales. “Não tinha conhecimento” para tal afirmação.
“Nunca falei nem fui contactada por um membro do Governo”, à exceção de Carla Silva
“Se voltasse atrás faria o mesmo, comunicaria ao meu superior hierárquico, precisamente porque é um contexto fora do que é expectável. Não me senti confortável [com a situação], porque era um contexto extraclínico [de referenciação]”, diz a médica.
Diretora de Pediatria nega conhecer ordens acima de Lacerda Sales
Sobre a menção de Teresa Moreno sobre o facto de haver rumores de que o pedido de consulta para as gémeas lusobrasileiras vir de ordem superior ao secretário de Estado Lacerda Sales, a diretora de Pediatria apressa-se a dizer “é uma referência apenas por parte da colega”, referendo-se a Teresa Moreno.
Diretora de Pediatria diz que médica ‘responsável’ pelas gémeas nunca apresentou “manifestação de oposição ao tratamento”
Apesar de ter sido uma das signatárias da carta a contestar o tratamento dado às gémeas lusobrasileiras, Ana Isabel Lopes diz que “nunca houve qualquer manifestação de oposição ao tratamento” por parte de Teresa Moreno, neuropediatra que acompanhou as bebés no Hospital Santa Maria. “A indicação terapêutica foi colocada pela doutora Teresa Moreno, a prescrição terapêutica foi feita na plataforma eletrónica pela doutora Teresa Moreno”.
O Chega pede acesso à mensagem enviada por Ana Isabel Lopes a Luís Pinheiro, na qual a diretora do Departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria encaminha diretamente ao diretor clínico do hospital a mensagem que recebeu de Carla Silva, à data secretária pessoal de Lacerda Sales. Ana Abrunhosa, do PS, diz que esse conteúdo está no relatório da IGAS, mas André Ventura quer aceder à íntegra da mensagem encaminhada.
“De forma alguma, nenhuma criança ficou por tratar, não havia lista de espera”. Ana Isabel Lopes reforça o que a médica Ana Sofia Moreira Sá já tinha dito, que o tratamento das gémeas lusobrasileiras não tirou qualquer acesso a outras crianças.
A médica Ana Isabel Lopes revela que Teresa Moreno “mencionou, mas muito pontualmente” a pressão exercida pela mãe das bebés.
“A abordagem clínica [às gémeas] foi de acordo com as melhores práticas”, garante a diretora do Departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria
Questionada sobre os rumores de que as gémeas eram mencionadas como “as meninas do Presidente”, a médica diz que “nunca” ouviu tal coisa no hospital, que apenas teve conhecimento através da imprensa. Ana Isabel Lopes diz ainda que não foi contactada por qualquer membro da Presidência da República.
Atribuição do tratamento teve luz verde do Conselho de Administração do Santa Maria
A médica Ana Isabel Lopes diz que “todo o processo de colocação, indicação, aprovação e validação passou pelo Conselho de Administração”, explicando que “o processo institucional assim o impõe”. “O médico coloca a indicação para instituição da terapêutica numa plataforma eletrónica, é depois validado pela diretora de serviço, depois pelo presidente da Comissão de Farmácia e Terapêutica, [e] depois pelo diretor clínico, e vai ao Conselho [de Administração]”, esclarece a médica, vincando que este tema “foi seguramente parecido e discutido”.
“Era uma solicitação que vinha da tutela”
“Reconheci a natureza atípica desta solicitação, senti o sobressalto cívico”, conta Ana Isabel Lopes. “Tive de contactar o meu superior hierárquico, sobretudo porque era uma solicitação que vinha da tutela”, continua a diretora de Pediatria do Santa Maria, que diz que, apesar de, à data, não existir “lista de espera”, não houve um cumprimento da portaria para a marcação de consulta.
Luís Pinheiro deu luz verde ao pedido de marcação de consulta
Após o contacto da antiga secretária de Lacerda Sales, a médica Ana Isabel Lopes diz que enviou ao diretor clínico Luís Pinheiro uma “mensagem por telemóvel a dizer que tínhamos uma solicitação” e reencaminhou “a mensagem da doutora Carla Silva, aguardando resposta e solicitando orientação”. Em resposta, conta, “a orientação do diretor clínico foi no sentido de uma resposta positiva à solicitação”, isto é, com “concordância à marcação da consulta”.
A médica Ana Isabel Lopes diz que nunca tinha recebido qualquer contacto semelhante ao de Carla Silva. “Foi absolutamente excecional, nunca tinha tido uma solicitação desta natureza, considerei-a atípica”, diz.
Carla Silva contactou a médica “em nome do senhor secretário de Estado”
Ana Isabel Lopes diz que “o conteúdo do telefone foi sobreponível ao conteúdo do e-mail, em que Carla Silva disse que o fazia em nome do senhor secretário de Estado”. A diretora de neuropediatria do Santa Maria diz que entendeu de imediato que o pedido da consulta vinha de Lacerda Sales: “absolutamente, foi essa a minha interpretação”.
Diretora de Pediatria confirma que foi contactada por secretária de Lacerda Sales
“O início do meu envolvimento neste processo foi na sequência do contacto com a secretária pessoal do senhor secretário de Estado à época, que me conectei primeiramente por via telefónica e subconsequentemente por e-mail solicitando uma marcação de uma consulta de neuropediatria e uma avaliação clínica para duas crianças”, começa por dizer Ana Isabel Gouveia Lopes, advertindo que não sabe porque é que foi contactada por Carla Silva, no entanto, destaca que a antiga secretaria de Lacerda Sales conhecia o departamento, “conhecia os seus profissionais”. “Depreendi que fosse nesse contexto que me contactou diretamente”, diz, revelando que não trabalhou diretamente com Carla Silva, que fora secretária da anterior diretora do departamento de neuropediatria no Santa Maria.
Começou a audição a Ana Isabel Gouveia Lopes, chamada a esta CPI na qualidade de diretora do Departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria