AO MINUTO | Santos Silva nega registo de interferência no caso das gémeas e diz que Marcelo e filho "nunca" lhe falaram do tema
- Augusto Santos Silva é esta terça-feira ouvido na comissão parlamentar de inquérito na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros à data dos factos
- Berta Nunes, ex-secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, disse que processo de nacionalidade "decorreu de forma normal e transparente"
- As inspetoras que levaram a cabo o relatório da IGAS apontam dedo a Lacerda Sales, deputados acusam IGAS de ignorar possível cunha de Marcelo
- CPI vai responder à PGR após rejeitar pedido para enviar cartas rogatórias
- António Costa vai ser novamente questionado. Mas apenas pelo Chega
- Audições serão suspensas durante o debate orçamental
Terminou a audição a Augusto Santos Silva, chamado a esta CPI na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros à data dos factos. O antigo governante considera que não houve qualquer irregularidade no processo de obtenção de cidadania por parte das gémeas e garante que não falou com ninguém sobre o caso, durante ou depois de noticiado.
Questionado sobre o facto de Nuno Rebelo de Sousa poder ter vindo a facilitar algumas cunhas, Santos Silva diz que “no sentido popular do termo”, não tem nenhuma “informação sobre qualquer irregularidade da câmara do comércio no Brasil, seja sob a presidência em causa ou outra”.
Sobre o que o MNE, à data dos factos, fez em relação aos ‘despachantes’ identificados pelo consulado de Portugal em São Paulo, Santos Silva diz: “Uma coisa que caracteriza a cibercriminalidade é justamente o seu carácter opaco”. O antigo governante explica ainda que “muitas vezes, as vagas são ocupadas a partir de computadores que não são associáveis a pessoas singulares ou coletivas”.
Em resposta a Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, Augusto Santos Silva diz não conhecer “nenhuma ação de lobby” por parte de Nuno Rebelo de Sousa, tirando proveito do facto de ser filho do Presidente da República.
“Quando dizemos que estamos 100% envolvidos num assunto, não quer dizer que estamos a escapar à lei”, diz Santos Silva sobre e-mail de Nuno Rebelo de Sousa
“Continua a haver uma ponta solta sobre e-mail” de Nuno Rebelo de Sousa em que diz que está totalmente empenhado em dar nacionalidade às gémeas, diz deputada da IL
Santos Silva admite ter conhecimento de vagas para atendimento no consulado vendidas ilegalmente
Santos Silva diz que “sim, em vários pontos da rede consular” teve conhecimento sobre as entidades que compravam vagas para acesso ao consulado, vagas essas que seriam depois vendidas, aquilo a que o ex-cônsul chamou ‘despachantes’. “Começamos a notar que várias vagas disponibilizadas por via digital era imediatamente ocupadas e depois transacionadas ilegalmente, numa espécie de mercado negro do agendamento”, explica.
CONTEXTO:
Joana Cordeiro, da Iniciativa Liberal, partido que quis chamar Santos Silva à CPI, rejeita que tenha sido por motivação política.
“Não houve tratamento de favor às duas meninas de que estamos aqui a falar”
Quando soube que isso tinha acontecido [ida dos funcionários ao hospital], a partir de 3 de julho, fiquei muito satisfeito pelo então cônsul geral em São Paulo ter autorizado que funcionários se deslocassem ao hospital para duas cidadãs portuguesas” receberem os documentos. “Não estranhei nada, pelo contrário”.
Santos Silva para Ventura: “O senhor deputado imagina coisas, decreta por sua vontade que são verdade e não cura de saber se são verdadeiras ou falsas. Eu não procedo assim”
Quantas vezes falou com Nuno Rebelo de Sousa? “Pelo menos duas, sempre no âmbito das minhas deslocações a São Paulo, mas não falou sobre isto [gémeas]”
“Confio nos funcionários e nas instituições, posso repetir, é a terceira vez que o faço nesta audição”
“Então o primeiro-ministro quis saber, e o doutor Santos Silva não quis saber? Não acreditamos nisso”, atira Ventura
Caso das gémeas: Berta Nunes diz que processo de nacionalidade "decorreu de forma normal e transparente"
“Não consigo ver sombra de irregularidade” na obtenção da cidadania das gémeas
Depois de ver o caso das gémeas na comunicação social, Santos Silva diz que não entrou em contacto com ninguém. “Confio em mim próprio, confio no meu gabinete , colaboradores que tive e, sobretudo, confio nas instituições”.
Santos Silva diz que “os procedimentos para acelerar os prazos motivaram eles próprios também queixas dos funcionários, isso motivou a ação da Inspeção-Geral Diplomática e Consular”. Sobre isto, André Ventura pede que seja facultado o acesso ao relatório desta inspeção.
“Lamento não poder ajudar aos trabalhos da comissão, mas devo dizer que não lamento estar perante o parlamento, depondo numa comissão parlamentar”, responde Santos Silva
Deputado do PS diz que esta é uma “audição com motivação política, não é a primeira” - e não faz questões a Santos Silva
O deputado João Paulo Correia, do PS, usa o seu tempo para tecer críticas ao Chega, mentor desta comissão parlamentar de inquérito. “Esta comissão de inquérito tem sido vítima de uma ação política”, diz, criticando a audição de Lacerda Sales em período de campanha eleitoral e de António Costa durante o processo de escolha para o Conselho Europeu. O deputado do PS diz que esta é uma “audição com motivação política, não é a primeira”.