CNN Town Hall: entrevista ao ministro da Educação no arranque do novo ano letivo
Termina a entrevista ao ministro da Educação
Termina a entrevista ao ministro da Educação, Fernando Alexandre.
Ministro acaba mandato "descansado" se deixar de haver alunos sem aulas
Deixar de haver alunos sem alunos é o fator que vai ditar o fracasso ou o sucesso do mandato de Fernando Alexandre como ministro da Educação.
"Não tenho dúvidas nenhumas disso", assume.
"Se garantirmos que a escola pública no fim do meu mandato deixa de ter esta situação que não é razoável, de haver alunos sem aulas, eu volto descansado ao meu lugar em Braga", admite.
Ministro expõem medidas para integrar alunos migrantes
O Governo anunciou um conjunto de medidas para uma integração eficaz dos alunos migrantes, lembra o ministro, questionado por uma psicóloga do centro Qualifica.
O reforço dos mediadores linguísticos e culturais faz parte dessas medidas e vai existitr já este ano, com cerca de 200 profissionais.
Em articulação com as escolas, o Governo quer ainda o ajustamento do sistema de avaliaçãos dos alunos migrantes.
Há escolas onde mais de 40% dos escolas são migrantes, constata o ministro. "O desafio aí é ainda maior", garante, referindo-se à questão linguística.
Governo vai reforçar ação social no ensino superior
Questionado sobre o reforço da ação social no Orçamento do Estado, o ministro da Educação reforçou o "comprometimento total" do Governo com os alunos do ensino superior.
"O cheque-psicólogo vai ser profundamente transformador no acesso a estes cuidados", exemplifica.
Fernando Alexandre antecipa ainda: "Vamos ter um reforço na parte das refeições e do alojamento e concretizamos uma medida do subsídio de deslocação".
"Temos de tornar o financiamento das instituições previsível"
Fernando Alexandre elogio trabalho do anterior Governo quanto à fórmula de financiamento das instituições de ensino superior, que o atual Executivo pretende manter.
"Temos de tornar o financiamento das instituições previsível porque não há autonomia sem previsibilidade do orçamento que vai ter. O Governo está a dizer que as alterações orçamentais que afetem a situação das instituições de ensino superior serão autonomaticamente corrigidas", diz.
"O Ministério não consegue dizer qual é o número de trabalhadores não docentes nas escolas"
O ministro da Educação admite não saber quantos trabalhadores não docentes existe em Portugal, que são "essenciais para o processo educativo".
"O Ministério não consegue dizer qual é o número de trabalhadores não docentes nas escolas em Portugal", admite, explicando que estes são trabalhadores da autarquia.
O pessoal não docente está a ameaçar fazer uma greve que pode paralisar as escolas.
O ministro diz-se "a favor" da descentralização administrativa.
"Temos um atraso muito grande a nível da conectividade"
"Temos um atraso muito grande. Temos falhas que não pensei que existissem ao nível da conectividade", admite o ministro.
Fernando Alexandre explica que é preciso continuar a "comprar pens para as escolas, porque a rede wireless não funciona, não tem capacidade na maior parte".
Mas tal nada tem a ver com a suspensão do alargamento dos livros digitais.
Ministro reconhece "problema de gestão de recursos humanos"
O ministro reconhece um "problema de gestão de recursos humanos", quando confrontado com o depoimento de uma professora sobre a substituição em caso de baixa médica.
"Temos de fazer uma melhor identificação das necessidades", reconhece. "Ter alguns professores a mais desde que sejam devidamente justificados", aponta.
O ministro reconhece que "fazer uma vinculação a uma escola é que é mais complicado, porque alargar a vinculação terá de ser pensado num quadro de zona pedagógica".
Governo apoia-se no setor privado para garantir vagas no pré-escolar
O ministro reconhece a dificuldade de acesso ao ensino pré-escolar, onde muitas crianças aguardam vaga.
"É um problema bom", diz. "O problema mau é não termos alunos para encher as salas", acrescenta.
O Governo admite que vai apoiar-se no setor privado, porque "o que interessa é a qualidade do serviço". "Não fazemos essa distinção, não temos preconceitos em relação ao setor privado", acrescenta.
"Eu fui bolseiro de ação social. Eu sei o que custa tirar um curso de ensino superior"
"Eu fui bolseiro de ação social e, num tempo muito mais difícil, fiz o meu curso porque fui bolseiro. Eu sei o que isso é e trabalhei sempre durante todo o meu curso. Eu sei o que custa tirar um curso de ensino superior e os meus pais também sabem", admite.
O ministro da Educação lembra que "o Estado social continua a existir em Portugal".
"Nenhum aluno pode ficar excluído do ensino superior por razões económicas"
Fernando Alexandre reconhece que não tem intenção de descongelar as propinas.
"Os partidos muito à esquerda querem acabar com as propinas para que as instituições de ensino superior dependam totalmente do Estado. Isso é a pior coisa que podemos ter", acusa.
O ministro acrescenta que "nenhum aluno pode obviamente ficar excluído do ensino superior por razões económicas".
Fernando Alexandre lembra que o Governo quer um novo sistema de ação social no ano de 2025/2026.
Ministro diz que integrar alunos migrantes é "papel da escola pública"
Fernando Alexandre fala do "aumento muito rápido" de alunos migrantes. Este ano já são mais 20 mil alunos do que no ano passado.
"Se falharmos na integração dos alunos migrantes, vamos falhar nas políticas de imigração e vamos ter um problema muito sério quando o que temos neste momento é uma enorme oportunidade", avisa.
"Temos de ter capacidade de as integrar e isso é um papel da escola pública", acrescenta o ministro, admitindo os desafios que tal acarreta, nomeadamente a nível linguístico.
"A escola pública tem feito um grande trabalho"
Os rankings criam um dos grandes "desafios" à escola pública. "Continuamos a ter falhas graves e temos de as resolver rapidamente. Essas falhas têm vindo a prejudicar a escola pública", admite o ministro.
Fernando Alexandre acredita que "a escola pública tem feito um grande trabalho". "A valorização das escolas privadas nos rankings é em muitas dimensões distorcido. Não podemos olhar para eles de forma neutra", aponta.
Mas não se podem "ignorar" os rankings, porque tal significa "desistir de monitorizar a evolução da educação".
Os "bons exemplo das escolas privadas são ótimos", acrescenta.
Ministro quer reforma do sistema de avaliação dos professores
Fernando Alexandre quer uma reforma na forma de avaliação dos professores. Contudo, o ministro recusa dizer como gostaria que essa reforma acontecesse.
"Eu também sou professor e também sou avaliado. O sistema de avaliação que existe não funciona, em parte por causa do sistema de quotas que existe", diz.
"Esse incentivo não é o mais adequado e o resultado da avaliação não é percecionada pelos professores como justa, porque o regime de avaliação é distorcido pela forma como a carreira está construída com as quotas no 5º e no 7º escalão", explica.
Recuperação do tempo de serviço está a ser "responsável"
O ministro diz estar a fazer uma recuperação do tempo de serviço "responsável", já que é "faseada".
"Tivemos um século XXI complicado. A profissão de professor foi particularmente desvalorizada", constata.
"Se estas medidas não chegarem, vamos ter de tomar mais"
O ministro da educação olha apoio aos professores deslocados, no valor de 450€, afirmando não saber se é pouco.
"Vamos ter de resolver este problema. Se estas medidas não chegarem para atrair, vamos ter de tomar mais medidas", afirma.
"Este sistema tem de ser revisto"
O concurso para colocação de professores não existe em mais nenhuma profissão, nem nos outros países, lembra o ministro.
"A situação que temos nos professores é sui generis. Não há outra profissão em Portugal em que a colocação seja centralizada", diz.
"Este sistema tem de ser revisto", garante. Mas o ministro diz que não se pode "acabar com estes concursos", porque tal seria falhar com os professores deslocados.
Recuperação do tempo de serviço é "sinal muito importante para aos professores"
O acordo de recuperação integral do tempo de serviço é "um sinal muito importante para aos professores". "É a aposta que estamos a fazer", afirma.
Esta é, garante, "uma das profissões mais importante para o futuro do país". Desta forma, diz, "não podemos estar a definir a progressão na carreira colocando uma barreira só porque vai ter um impacto orçamental muito significativo".
Mais salário e mais previsibilidade é o que este Governo quer dar aos professores, garante o ministro, falando da valorização das carreiras.
Ministro acusa antecessor de "desvalorizar problema" da falta de professores
Fernando Alexandre acusa o ex-ministro da Educação de "desvalorizar o problema" da falta de professores.
"Nos oito anos e meio, não foi tomada uma medida para resolver este problema e nós já tomamos 17", diz. "São medidas que vão no sentido de ajudar a resolver uma parte do problema", garante, referindo-se por exemplo ao apoio aos professores deslocados.
O antigo ministro acusou o atual de "fanfarronice".
Governo quer reduzir número de alunos sem aulas a uma disciplina durante um ano completo
O ministro admite não conseguir avançar o número de alunos sem professores a pelo menos uma disciplina. Contudo, o Governo quer reduzir em 90% os 20 mil alunos que no ano letivo passado não tiveram aulas a uma disciplina, devido à falta de professores.
O número de professores em falta vai aumentar entre esta quinta e sexta-feira, devido a pedidos de baixas médicas pelos professores, avança ainda o ministro.
Começaram as aulas em 60% das escolas esta quinta-feira. Na sexta-feira, serão mais 20%.