AO MINUTO | Ativistas climáticos interrompem debate com os oito líderes. Pedro Nuno apresenta nova versão sobre viabilização de governo da AD
MOMENTOS-CHAVE
- Debate foi interrompido logo no início por um jovem que entrou no plano das câmaras. Depois continuou a ouvir-se ruído de fundo, o moderador Carlos Daniel (da RTP) fez um compasso de espera e retomou o debate. Protesto foi de ativistas climáticos
- Luís Montenegro voltou a não esclarecer se viabiliza governo minoritário do PS. Já Pedro Nuno Santos acrescentou uma nova versão sobre o assunto - e agora diz que não apresentará nem votará a favor de uma moção de censura se "houver uma maioria de direita no Parlamento". O moderador ficou intrigado: "Uma maioria de direita, é o que está a dizer?!". E acrescentou o moderador: "Se houver uma maioria de direita, isso [a moção de censura] não será necessário...". Pedro Nuno Santos deixa assim o Chega isolado caso André Ventura decida - num cenário de maioria de direita - apresentar uma moção de rejeição de um governo da AD. Resta saber é se o Chega apresenta ou não essa moção
- "Não viabilizamos governo minoritário do PS": Rui Rocha
- Luís Montenegro : "Eu não pedi a demissão de António Costa, só falei depois e disse que a compreendia porque era o 14º caso de corrupção dentro do governo. O Governo caiu por incapacidade. Dizer que há uma dualidade de critérios [sobre o que disse sobre isto e sobre a Madeira] é mentira". E afirmou que, se fosse Miguel Albuquerque, não se candidatava de novo na Madeira
GUIA DE LEITURA
- AD à frente do PS, Chega com 16%, Livre à frente da CDU: veja aqui a sondagem TVI / CNN Portugal
- Maioria dos portugueses acha que Pedro Nuno Santos vai ser primeiro-ministro: sondagem TVI/CNN Portugal: veja aqui a sondagem TVI / CNN Portugal
- Atenção, estamos em pleno PDEC (Processo Desenfreado de Emocionalização em Curso): por Pedro Santos Guerreiro
- Pulsómetro: quem ganhou os debates anteriores?
- Veja (ou ouça) na íntegra todos os debates anteriores entre os vários candidatos
- STORYTELLING || Oito jotas entram num bar: os líderes das juventudes partidárias também debateram na CNN Portugal
Fim do debate
Acabou o debate com os líderes dos partidos com assento parlamentar. Desta vez não houve hipótese de ter um minuto final para fazer um apelo ao voto.
"Querem saber como se mantém jovens em Portugal? Experimentem uma casa que os jovens possam pagar", diz Mortágua
Mariana Mortágua critica o plano de crescimento económico proposta pela direita que, diz, "só é capaz de propor baixar o IRC para concentrar a riqueza e não para produzir mais riqueza".
"Querem saber como se mantém jovens em Portugal? Experimentem uma casa que os jovens possam pagar. Experimentem uma renda de um T1 que não custe 1.200 euros por mês", exorta.
Rui Rocha garante um crescimento económico de 4%
"Temos um em cada três jovens portugueses emigrado, é consequência da governação do PS com os seus parceiros da esquerda, um em cada quatro jovens que ficaram estão desempregados e os outros que estão a trabalhar têm salários baixos", afirma Rui Rocha, da IL. Por isso, os programas destinados aos jovens são necessários, diz. Mas isso não chega.
Além de prever uma reforma da fiscalidade, para aumentar os rendimentos das pessoas, Rui Rocha garante que com o seu programa é possível chegar ao fim da legislatura com um crescimento económico de 4%.
Rui Tavares explica como Portugal pode sair da "armadilha dos salários baixos"
Rui Tavares, que quer que o salário mínimo em Portugal atinja 1.150 euros em 2028, considera que para "sair da armadilha dos salários baixos", Portugal não deve avançar com um choque fiscal nem com um corte do IRC, como defende a direita. Antes, diz, deve apostar no investimento público e na importação de "meios mais avançados no resto do mundo".
"O caminho não é um choque fiscal. É ineficaz", argumenta Pedro Nuno
Pedro Nuno Santos diz que o PS elaborou um plano económico com base num "cenário macroeconómico com precaução", tendo em conta o "clima de incerteza" generalizado.
"Não quer dizer que não tenhamos ambição. Isso não quer dizer que não tenhamos ambição. O que achamos é que o caminho não é um choque fiscal. É ineficaz: 0,2% das empresas pagam mais de 40% do IRC, 40% nem sequer pagam IRC em Portugal, provoca um rombo nas contas públicas num contexto de elevada incerteza, portanto não tem impacto", argumenta.
O secretário-geral do PS diz ainda que o choque salarial "alimenta também um choque de produtividade". "Os dois estão ligados", diz.
Do ponto de vista salarial, Pedro Nuno diz que o PS tem "um projeto mais ambicioso do que o PSD". "O PSD projeta até 2030 um salário médio de 1.750 euros, quando hoje está no acordo de rendimentos, assinado com os parceiros sociais, atingir-se os 1.750 em 2027."
"Vivemos hoje num super-estado fiscal", acusa Ventura
"O sr. Pedro Nuno Santos fica sempre muito incomodado com a expressão choque ficscal. Mas nós já estamos num choque fiscal, que o PS nos deu. Portugal tem a nona maior carga fiscal da OCDE sobre o trabalho. Portugal tem o sexto salário médio bruto mais baixo da OCDE. Tantos anos de um governo amigo dos trabalhadores deu-nos um choque fiscal", acusa André Ventura.
"Quando falamos em descer impostos, é porque o país não aguenta mais impostos.. Vivemos hoje num super-estado fiscal", acusa Ventura.
"A fiscalidade é um bloqueio" ao investimento, diz Luís Montenegro
"Sou otimista e confio muito ana capacidade produtiva das empresas portuguesas", afirma Luís Montenegro, líder da AD. Enquanto PS prevê um crescimento para os próximos anos de 2%, a AD confia que as suas políticas vão desenhar "uma trajetória de crescimento que vai desembocar em 2028 num crescimento nos 3,4 ou 3,5%".
E vai fazê-lo "atacando os constrangimentos da economia portuguesa, em primeiro lugar a fiscalidade - é um bloqueio. Precisamos de investir, para isso temos de atrair o capital que circula na economia".
Revisão dos escalões de IRS e salário mínimo até aos 1.100 euros: as propostas do PAN para uma reforma fiscal "robusta"
Inês Sousa Real clarifica a proposta do PAN para uma reforma fiscal robusta, começando por defender uma revisão dos escalões de IRS à taxa de inflação, lembrando que a última revisão "não deu cobertura a todos os escalões".
"Por outro lado, temos a ambição de conseguir, até ao final da legislatura, que o salário mínimo atinja os 1.100 euros para podermos aproximar-nos mais da média europeia", acrescenta, apelando ainda a uma aposta na economia verde.
Muitas pessoas ganham pouco, poucas pessoas ganham muito: "Há qualquer coisa que não está bem, isto não pode ser assim"
"Não temos um problema de falta de criação de riqueza, não há nenhuma relação entre os salários baixos e a falta de produtividade. Temos um problema de distribuição de riqueza", diz Paulo Raimundo, lembrando que mais de 3 milhões de trabalhadores ganham até mil euros por mês e mais de 800 mil ganham o salário mínimo nacional (820 euros brutos por mês). "E depois temos grupos económicos que encixam por dia 25 milhões de euros de lucros."
"Há qualquer coisa que não está bem, isto não pode ser assim. É preciso que a riqueza que é criada por quem trabalha tenha impacto nos seus salários."
O secretário-geral do PCP deixa ainda uma palavra de crítica aos benefícios fiscais às grandes empresas.
Rui Tavares quer iniciar "nos primeiros 100 dias de governo" negociações para "garantir harmonia social e laboral" nos vários setores
Rui Tavares estabelece que "um governo de progresso e de ecologia apoiado pelo Livre, nos primeiros 100 dias de governo tem de se comprometer com iniciar as negociações para garantir harmonia social e laboral na saúde, na educação, nas forças de segurança".
Para o porta-voz do Livre, "o que falta a este país é investimento público e precisamos de nos sentar à mesa das negociações" para responder a essa lacuna.
"Evidentemente não é possível dar tudo a toda a gente ao mesmo tempo, mas é possível, até ao fim do ano, depois de abertas as negociações, saber o que pode ser este diálogo não só do ponto de vista de responder a reivindicações, mas também projetar o SNS, a escola pública, as forças de segurança, para aquilo que podem e devem ser no século XXI", defende.
"São precisos mais recursos para reter os profissionais no SNS e dar-lhes mais condições", diz Mariana Mortágua
"Tudo aquilo que a direita diz é que quer salvar o SNS usando o dinheiro dos contribuintes para pagar ao privado para o privado vir buscar os médicos que estão no SNS. O resultado desta política é um desastre. É pior serviço e uma saúde mais cara.
Mariana Mortágua recorda os problemas que existem no SNS - como a falta de médicos de família e de outros profissionais - mas recusa que seja só um problema de gestão: "São precisos mais recursos para reter os profissionais no SNS e dar-lhes mais condições." Na sua opinião, a reivindicação dos médicos para não fazerem milhares de horas extraordinárias é legítima.
"O modelo de pagar, externalizar uma parte do SNS é o que está agora em vigor, que estraçalha a capacidade organizativa do SNS, não dá uma boa resposta e desperdiça dinheiro", conclui.
Ventura aconselha Pedro Nuno a usar versão do lema do BE: "Quer fazer o que nunca quis ter feito"
André Ventura critica o que diz ser uma incoerência de Pedro Nuno Santos por se ter esquecido "do que fez no governo e no parlamento" nos últimos oito anos em matéria de saúde, recordando algumas propostas que o PS votou contra no parlamento.
"Aumentos salariais de 15% - o PS votou contra. A reforma dos enfermeiros - o Governo votou contra. O Pedro Nuno Santos é que devia usar o lema do BE, fazer o que ainda não foi feito. Pedro Nuno Santos quer fazer o que nunca quis ter feito", acusa.
Paulo Raimundo: "Dermos as voltas que dermos, o problema de fundo que é preciso resolver é a valorização dos salários"
"Dermos as voltas que dermos, o problema de fundo que é preciso resolver é a valorização dos salários, da valorização profissional e das condições de vida, até para dar resposta ao problema brutal das injustiças", afirma Paulo Raimundo do PCP.
"O Serviço Nacional de Saúde nunca pergunta a quem lhe bate a porta que doença é que a pessoa tem, qual é o número da apólice ou quanto dinheiro tem na conta bancária. É o único serviço [de saúde] que tem capacidade de dar resposta à população."
O secretário-geral do PCP garante que o PCP vai continuar a lutar para "salvar o SNS",a ao contrário da direita que quer acabar com o SNS:
IL quer dar aos portugueses "aquilo que os funcionários públicos têm com a ADSE mas não pagando mais por isso"
Rui Rocha faz um "diagnóstico" à governação do PS na área da saúde, apontando sempre o dedo a Pedro Nuno Santos: "1,6 milhões portugueses sem médicos de família não funciona, Pedro, não funciona. Filas de espera em centros de saúde pela noite dentro não funciona, Pedro, listas de anos para uma consulta ou para cirurgia, não funciona, Pedro, urgências encerradas não funciona, Pedro, e profissionais de saúde desmotivados não funciona, Pedro,"
"O PSD tem visão de algum reforço da complementaridade mas recorrendo ao privado e ao setor social quando o SNS não funciona. Nós temos uma visão estrutural que basicamente é dar a oportunidade aos portugueses de terem aquilo que os funcionários públicos têm com a ADSE mas não pagando mais por isso", argumenta.
Questionado sobre se quem paga por isso é o Estado, Rui Rocha responde: "Claro."
Inês Sousa Real diz que a saúde animal é tratada como um luxo - com IVA a 23%
"No PAN, olhamos para a saúde como uma só saúde - humana, do ambiente do animal. Se não olharmos assim não conseguiremos lidar com a pressão no SNS. No nosso ponto de vista a aposta nos cuidados de saúde primários é essencial", afirma In~es Sousa real.
Sublinhou os problemas na saúde dos jovens, a saúde mental ou a saúde obstétrica e pediátrica. Finalmente lembrou a importância dos cutos da saúde animal, que é considerada um luxo e paga IVA a 23%.
"É preciso salvar o SNS dos oito anos de desgoverno do PS", diz Montenegro
"É preciso salvar o SNS dos oito anos de desgoverno do PS", defende Luís Montenegro. "O Pedro Nuno Santos, que diaboliza a transferência de meios do setor público para o privado, esquece-se que mais de 14 mil milhões de euros que hoje se gastam na saúde, uma grande parte já vai para o privado", acrescenta.
Confrontado com a notícia do Expresso divulgada esta sexta-feira, que dá conta de que 80% dos médicos que trabalham no privado também trabalham no SNS e que menos de três mil têm vínculo ao privado, Luís Montenegro nega que seja necessário ir buscar médicos ao SNS para aumentar a capacidade de resposta do privado.
“Não necessariamente. Há muita capacidade instalada no setor social e no setor privado que está disponível. É preciso falar com os agentes", diz.
"O caminho não pode ser desviar recursos públicos para o setor privado da saúde", diz Pedro Nuno Santos
"Ao longo destes oito anos fez-se uma recuperação salarial - salários mínimo, médio e da administração pública. Infelizmente não conseguimos ainda atingir um patamar em que os trabalhadores do Estado se sintam valorizados e dignificados", afirma Pedro Nuno Santos, sublinhando a importância de ter "uma administração pública motivada".
Essa valorização salarial está a ser feita na saúde, mas que tem de ser acompanha por uma reorganização.
"O caminho não pode ser desviar recursos públicos para o setor privado da saúde, porque isso sim vai intensificar a saída de médicos e outros profissionais para o privado", afirma. Os recursos públicos são para investir "nos nossos hospitais e nas nossas unidade de saúde".
A estratégia do PS será continuar o que foi feito "e fazer mais".
"O investimento no SNS justifica-se mas é preciso melhorar a organização, temos que atuar nas duas frentes."
"A burocracia é o negócio dos corruptos", diz Rui Rocha
Rui Rocha coloca em cima da mesa a questão da burocracia na corrupção e a necessidade da "simplificação de processos".
"A burocracia é o negócio dos corruptos", diz, acrescentando que a IL tem no seu programa eleitoral medidas que visam precisamente a simplificação de processos judiciais e uma aposta nas "nomeações por mérito nos cargos da Administração Pública e nos reguladores".
"Perdemos todos anos mais 18 mil milhões de euros para a corrupção"
Inês Sousa Real recorda relatórios dos Verdes da União Europeia que afirma que "perdemos todos anos mais 18 mil milhões de euros para a corrupção".
A prevenção deve ser feita "garantindo o reforço de meios, seja para os gabinetes de apoio técnico para o DCIAP, seja para a transparência".
"Custos judiciais afastam milhares de pessoas do acesso à justiça", diz Paulo Raimundo
Questionado sobre se as atuações dos políticos é o que está na base da desconfiança dos portugueses na justiça, Paulo Raimundo diz que essa perceção "tem que ver com outras questões, que é a forma como a justiça responde aos problemas das pessoas".
O líder da CDU salienta os custos judiciais, que, diz, "afastam milhares de pessoas do acesso à justiça", bem como a falta de recursos e meios no setor. "Temos de encontrar soluções que respondam a essas necessidades. Há dinheiro para tudo, deve haver dinheiro para isto", argumenta.