MÉDIO ORIENTE AO MINUTO | Israel abre fogo contra soldados da ONU no Líbano, culpa "más condições climatéricas"
GUIA RÁPIDO DE LEITURA
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Netanyahu repete que não haverá Estado da Palestina
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Israel abre fogo contra tropas da ONU no sul do Líbano
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Ataques de Israel a Gaza fazem três mortos
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Ministro da Defesa israelita rejeita Estado palestiniano e diz que exército vai manter-se em Gaza
Pelo menos nove palestinianos mortos após ataques israelitas perto de Gaza e Khan Younis
Pelo menos nove palestinianos foram mortos por ataques israelitas perto da cidade de Gaza e Khan Younis, avança a agência de notícias palestiniana Wafa.
Os ataques israelitas atingiram uma casa a oeste da cidade de Gaza.
Siga ao minuto:
"Free Fish": Documentário luso-palestiniano mostra a guerra em Gaza através dos olhos de dois pescadores
Já estreou o documentário Free Fish, uma co-produção portuguesa e palestiniana filmada ao longo de um ano em plena guerra na Faixa de Gaza. O filme acompanha a vida de dois irmãos pescadores separados pelo conflito, revelando um ponto de vista raro: a guerra vista do mar.
Free Fish, a curta que quer dar "nomes e caras às estatísticas" da guerra de Israel em Gaza
Carolina Salgueiro Pereira, da produtora portuguesa Don't Skip Humanity, fala sobre a curta-metragem documental Free Fish, que explora a guerra pelos olhos de dois pescadores do enclave palestiniano
Israel justifica ataque contra soldados da ONU no Líbano com mau tempo
O exército israelita justificou um ataque hoje contra soldados da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) com más condições meteorológicas no local, que levaram a que os militares internacionais fossem confundidos com pessoas suspeitas.
"Após uma revisão, determinou-se que os suspeitos eram soldados da ONU que patrulhavam a área e foram classificados como suspeitos devido às más condições meteorológicas", segundo o exército em comunicado.
Os militares israelitas acrescentaram que as suas tropas “não dispararam deliberadamente contra os soldados da FINUL” e que o incidente está sob investigação.
Forças de Israel abrem fogo contra civis e matam uma pessoa na Cidade de Gaza
Um palestiniano foi morto este domingo pelas forças israelitas após abrirem fogo contra civis no bairro de Tuffah, na Cidade de Gaza, informou uma fonte do Hospital Árabe al-Ahli à Al Jazeera.
O ataque ocorreu atrás da chamada "linha amarela", que demarca o território sob controlo militar israelita, indica a mesma fonte.
Netanyahu anuncia "medidas enérgicas" contra colonos violentos na Cisjordânia
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje “medidas enérgicas” contra os colonos radicais e seus atos de violência dirigidos à população palestiniana e também às tropas de Israel na Cisjordânia.
"São uma minoria que entra na Judeia e Samaria e não representam a maioria dos colonos, que respeitam a lei e são leais ao Estado", declarou Netanyahu antes de uma reunião do seu executivo, usando as designações administrativas israelitas para o território da Cisjordânia.
O chefe do Governo afirmou que as ações de violência dos colonos “vão receber uma resposta muito forte”, observando que Israel é “uma nação de leis”, apesar das críticas reiteradas da impunidade de que gozam os israelitas radicais na Cisjordânia ocupada.
Já na semana passada, o comandante do exército israelita, Eyal Zamir, manifestou a intenção de pôr fim aos ataques de colonos, onde a ONU registou, em outubro, um pico de violência em quase duas décadas.
"Escalada perigosa". Exército do Líbano condena ataque de Israel a tropas da ONU
O exército do Líbano condenou um ataque das forças israelitas que este domingo quase atingiu as forças da UNIFIL no sul do Líbano, classificando-o como uma “escalada perigosa”.
Num comunicado divulgado pela Agência Nacional de Notícias, o exército libanês afirmou que o ataque à patrulha da UNIFIL, a força da ONU de manutenção de paz no país, foi o mais recente de uma série de “violações da soberania libanesa, causando instabilidade no Líbano e dificultando a conclusão do destacamento do exército no sul” do território libanês.
No mesmo comunicado, as tropas libanesas informam que o comando do exército está “a trabalhar em coordenação com países amigos para pôr fim às contínuas violações e transgressões do inimigo israelita, que exigem ação imediata, pois representam uma escalada perigosa”.
Israel admitiu que os seus soldados dispararam contra as forças de paz da UNIFIL a partir de um tanque, alegando que o fizeram devido às “más condições climatéricas”, que os levaram a confundir a patrulha da ONU com “suspeitos”.
"Posição não mudou em nada". Netanyahu repete que não haverá Estado da Palestina
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, rejeitou novamente este domingo a criação de um Estado palestiniano e insistiu que a Faixa de Gaza será “desmilitarizada” e o Hamas “desarmado”.
“A nossa oposição a um Estado palestiniano em qualquer território não mudou. Gaza será desmilitarizada e o Hamas será desarmado, seja pelo caminho fácil ou pelo difícil. Não preciso de afirmações, tweets ou sermões”, disse Netanyahu numa reunião do governo.
“Mesmo no plano de 20 pontos [de Trump] e em tudo o mais, este território será desmilitarizado e o Hamas será desarmado", adiantou. “E quanto a um Estado palestiniano: nossa oposição a um Estado palestiniano em qualquer território a oeste do Rio Jordão permanece válida e não mudou em nada.”
Israel abre fogo contra tropas da ONU no sul do Líbano, culpa "más condições climatéricas"
As forças israelitas abriram fogo contra forças de paz da UNIFIL a partir de um tanque perto de uma posição do exército hebraico no sul do Líbano, alegando que o fizeram devido às "más condições climatéricas", que os levaram a confundir os capacetes azuis da ONU com "suspeitos".
A UNIFIL diz que o exército israelita disparou contra as suas forças de paz na manhã deste domingo “a partir de um tanque Merkava, próximo a uma posição estabelecida por Israel em território libanês”.
A força de manutenção de paz da ONU no Líbano denunciou em comunicado disparos de metralhadora pesada que atingiram uma área a cerca de 5 metros da posição dos soldados de paz.
Em setembro, num incidente semelhante, a UNIFIL disse que drones israelitas lançaram quatro granadas numa área próxima dos seus soldados de paz no sul do Líbano, sendo que uma delas caiu a menos de 20 metros de funcionários e veículos da ONU.
Num comunicado divulgado ao início da tarde, as forças armadas de Israel disseram que o novo incidente envolveu “dois suspeitos identificados na área de Hammis, no sul do Líbano” e que “as forças dispararam para dispersá-los", sendo que "os suspeitos fugiram, sem causar baixas”.
“Após investigação, constatou-se que os suspeitos eram soldados da ONU que patrulhavam a área e foram classificados como suspeitos devido às más condições climatéricas. O incidente está a ser investigado.”
Irão nega estar a enriquecer urânio
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, afirmou este domingo que Teerão não está a enriquecer urânio em nenhum local do país, após o ataque de Israel a instalações iranianas, em junho.
Em resposta a uma pergunta de um jornalista da Associated Press (AP), em visita ao Irão, o ministro Abbas Araghchi deu a resposta mais direta, até agora, do Governo iraniano sobre o seu programa nuclear, após Israel e os Estados Unidos terem bombardeado as instalações de enriquecimento de urânio, em junho.
"Não há enriquecimento nuclear não declarado no Irão. Todas as nossas instalações estão sob as salvaguardas e monitorização" da Agência Internacional de Energia Atómica, disse Araghchi.
"Não há enriquecimento neste momento, porque as nossas instalações de enriquecimento foram atacadas", acrescentou.
Questionado sobre o que seria necessário para o Irão continuar as negociações com os EUA e outros países, Araghchi disse que a mensagem do Irão sobre o seu programa nuclear continua “clara”.
“O direito do Irão ao enriquecimento, ao uso pacífico da tecnologia nuclear, incluindo o enriquecimento, é inegável. [...] Temos esse direito e continuaremos a exercê-lo, e esperamos que a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, reconheça os nossos direitos e compreenda que este é um direito inalienável do Irão e que nunca abriríamos mão dos nossos direitos”, defendeu o ministro.
O Governo iraniano emitiu um visto de três dias para que um repórter da AP participasse numa cimeira, ao lado de outros jornalistas dos principais meios de comunicação britânicos e de outros meios de comunicação.
A cimeira, intitulada “Direito Internacional sob Ataque: Agressão e Autodefesa”, foi organizada pelo Instituto de Estudos Políticos e Internacionais do Irão, em conjunto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país, e apresentou a visão de Teerão sobre a guerra de 12 dias, lançada em junho por Israel e os EUA contra instalações no Iraque.
Imagens de crianças mortas por Israel durante a guerra estavam expostas no exterior da cimeira, realizada no interior do “Edifício Mártir General Qassem Soleimani”, batizado em homenagem ao líder da Guarda Revolucionária morto por um ataque com drones dos EUA em 2020.
O Irão encontra-se num momento difícil após a Guerra, uma vez que Israel dizimou os sistemas de defesa aérea do país, deixando a porta aberta para novos ataques, numa altura em que as tensões continuam elevadas em relação ao programa nuclear de Teerão.
Enquanto isso, as pressões económicas e as mudanças sociais continuam a desafiar a teocracia xiita do Irão, que até agora tem adiado decisões sobre a aplicação das leis obrigatórias do ‘hijab’ ou o aumento do preço da gasolina subsidiada pelo Governo, temas que levaram iranianos a realizar protestos nas ruas.
Ataques de Israel a Gaza fazem três mortos, um adolescente morto a tiro na Cisjordânia ocupada
Pelo menos três palestinianos foram mortos este domingo por Israel em ataques ao sul da Faixa de Gaza.
A par disso, um adolescente palestiniano foi morto a tiro pelas forças israelitas durante uma incursão no campo de refugiados de Askar, a leste de Nablus, na Cisjordânia, segundo informações avançada pelo Crescente Vermelho Palestiniano.
Ministro da Defesa israelita rejeita Estado palestiniano e diz que exército vai manter-se em Gaza
O ministro da Defesa israelita afirmou hoje que "não haverá um Estado palestiniano" e que Israel manterá o controlo em Gaza, após outros ministros se manifestarem contra o apoio dos EUA a um projeto para a autodeterminação palestiniana.
“A política de Israel é clara. Não haverá Estado palestiniano”, disse Israel Katz, num comunicado que também divulgou no seu perfil na rede social X.
מדיניות ישראל ברורה: לא תקום מדינה פלסטינית.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) November 16, 2025
צה"ל יישאר בפסגת החרמון ובאזור הביטחון.
עזה תפורז עד למנהרה האחרונה והחמאס יפורק מנשקו בצד הצהוב על ידי צה"ל ובעזה הישנה על ידי הכוח הבינלאומי - או על ידי צה"ל.
“As Forças de Defesa de Israel [FDI] permanecerão no Monte Hermon e na zona de segurança [perto da Síria]. Gaza será desmilitarizada até ao último túnel, e o Hamas será desarmado na zona da Linha Amarela pelas FDI e na antiga Gaza, seja por uma força internacional ou pelas próprias FDI”, acrescentou.
Israel controla, em princípio temporariamente, mais de metade de Gaza, depois de as suas tropas se terem deslocado parcialmente durante o atual cessar-fogo até à chamada Linha Amarela, que deixa sob domínio israelita tanto Rafah (sul) como cidades do norte do enclave e partes do leste.
Milhares exigem em Israel comissão de investigação ao 7 de outubro
Milhares de pessoas concentraram-se hoje em várias cidades de Israel para exigir uma comissão de investigação às falhas de segurança ocorridas nos ataques dos islamitas do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul do país.
Segundo a imprensa israelita, as manifestações foram realizadas junto do Ministério da Defesa em Telavive e também em Haifa, no norte de Israel, e noutras localidades do país.
Os protestos antigovernamentais são agora dirigidos à criação de uma comissão aos acontecimentos do 07 de outubro, que levaram ao conflito na Faixa de Gaza, após quase dois anos de amplas concentrações semanais a exigir ao executivo chefiado por Benjamin Netanyahu negociações para libertar os reféns em posse das milícias palestinianas.
Putin e Netanyahu falaram ao telefone
O presidente da Rússia Vladimir Putin e o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu discutiram este sábado, num telefonema, a situação no Médio Oriente, incluindo a questão dos destacamentos em Gaza, o programa nuclear do Irão e da Síria. A informação foi prestada pelo Kremlin.
Líbano vai apresentar queixa na ONU contra Israel
O Líbano vai apresentar uma queixa ao Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Israel pela construção de um muro de betão ao longo da fronteira sul que ultrapassa a “Linha Azul”, anunciou este sábado a presidência libanesa.
A Linha Azul é uma linha demarcada pela ONU que separa o Líbano de Israel e das Colinas de Golã ocupadas por Israel. As forças israelitas retiraram até à Linha Azul quando abandonaram o sul do Líbano em 2000.
Autoridade Palestiniana pede entrada de abrigos para enfrentar chuvas em Gaza
A Autoridade Palestiniana pediu hoje a Israel que suspenda “as restrições e os obstáculos” que impedem o envio de casas móveis e tendas para a Faixa de Gaza, após as fortes chuvas que atingiram o território.
Em comunicado citado pela agência noticiosa Wafa, a Autoridade Palestiniana afirma que a tempestade que atingiu a Faixa de Gaza deixou "uma difícil situação humanitária que expõe a vida de crianças, mulheres e idosos a sérios riscos".
Além disso, apela diretamente aos Estados Unidos e aos outros mediadores das negociações de paz na Faixa de Gaza - Egito e Qatar para que pressionem Israel "a acelerar a entrega de casas pré-fabricadas e tendas para lidar com as duras condições meteorológicas".
O acordo de cessar-fogo no enclave palestiniano, em vigor desde 10 de outubro, estipula que Israel, nesta primeira fase, deve garantir e agilizar a entrada de mais ajuda humanitária no território.
Irão avisa que nova resolução da AIEA afetará relações com a ONU
O Irão avisa que a eventual aprovação pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de uma nova resolução crítica do país afetará "de forma negativa" a relação com aquela agência das Nações Unidas.
Em causa está uma resolução que, segundo a missão iraniana para as Nações Unidas em Viena, os Estados Unidos e o chamado E3 - Reino Unido, França e Alemanha - pretendem apresentar na reunião trimestral do Conselho de Governadores que se realiza na próxima semana na capital austríaca.
"Se este projeto de resolução for aprovado, tal afetará inevitavelmente e de forma negativa o curso positivo da cooperação entre o Irão e a AIEA", sublinhou na sexta-feira, na rede social X, a missão iraniana.
Para Teerão, a iniciativa constitui "uma nova tentativa deliberada" de politizar o Conselho e é um "outro erro grave, depois do chamado 'snapback'", um mecanismo que Londres, Paris e Berlim invocaram para reativar antigas resoluções e sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que tinham sido suspensas com o acordo nuclear de 2015, que expirou em outubro passado.
Segundo um relatório confidencial conhecido na quarta-feira, a AIEA pediu ao Irão para verificar "o mais rapidamente possível, a fim de dissipar preocupações", os inventários de materiais nucleares do país, uma vez que ainda não conseguiu verificar o estado das suas reservas de urânio, desde que Israel atacou as instalações nucleares e militares da República Islâmica durante 12 dias em junho.
O último relatório da agência da ONU, realizado em setembro, apontou que Teerão mantém uma reserva de 440,9 quilogramas de urânio enriquecido até 60%, um valor muito próximo dos 90% necessários para uso bélico.
A AIEA desempenha um papel central e essencial na aplicação do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), um tratado internacional para impedir a disseminação de armas nucleares, promover o desarmamento nuclear e fomentar o uso pacífico da energia nuclear.
No mês passado, o diretor da Agência da Energia Atómica da República Islâmica do Irão, Mohamed Eslami, garantiu que "não está na agenda" uma eventual saída do TNP, acordo ao qual aderiu em 1970.
Israel entrega mais 15 corpos às autoridades de Gaza
Israel entregou mais 15 corpos de palestinianos que estavam na sua posse, em troca dos restos mortais de um refém israelita, devolvido na quinta-feira na Faixa de Gaza, anunciaram este sábado as autoridades do território.
O Ministério da Saúde do governo na Faixa de Gaza, controlado pelo grupo islamita palestiniano Hamas, indicou em comunicado que Israel entregou os 15 corpos através da mediação do Comité Internacional da Cruz Vermelha.
"O Ministério da Saúde anuncia a receção, através do Comité Internacional da Cruz Vermelha, de 15 corpos de mártires entregues ontem, sexta-feira, pela ocupação israelita, elevando o número total de corpos recebidos para 330", refere o comunicado.
Ao abrigo do acordo de cessar-fogo no enclave palestiniano, em vigor desde 10 de outubro, o Hamas entregou 20 reféns vivos e 25 mortos, faltando ainda localizar três corpos.
Israel entregou por sua vez quase dois mil prisioneiros palestinianos e 330 corpos, dos quais as autoridades da Faixa de Gaza apenas conseguiram identificar 97.
Estes corpos chegam geralmente ao Hospital Nasser em Khan Yunis, no sul do território, mas, devido à falta de equipamento de autópsia, as famílias tentam fazer as identificações por vezes através de imagens divulgadas pelo ministério num grupo de conversação ‘online’.
O Ministério da Saúde refere que muitos destes corpos chegam também mutilados, apresentando sinais de abuso físico ou tortura. Alguns estavam ainda algemados e vendados, segundo imagens divulgadas pelo hospital Nasser vistas pela agência noticiosa EFE.
Além da troca de prisioneiros e corpos, o acordo de cessar-fogo inclui a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.
Israel cometeu mais de 280 violações do cessar-fogo em Gaza desde 10 de outubro
Cerca de um mês depois da declaração de cessar-fogo na Faixa de Gaza, Israel violou o acordo com ataques quase diários, matando centenas de pessoas. De acordo com informações do gabinete de imprensa de Gaza, foram registadas pelo menos 282 violações do acordo de cessar-fogo por Israel entre 10 de outubro e 10 de novembro, por via de ataques aéreos, de artilharia e disparos diretos.
O mesmo gabinete adiantou este sábado que Israel disparou contra civis 88 vezes, invadiu áreas residenciais além da “linha amarela” 12 vezes, bombardeou Gaza 124 vezes e demoliu propriedades em 52 ocasiões. A par disso, Israel deteve 23 palestinianos em Gaza no último mês e continuou a bloquear a entrada de ajuda humanitária vital e a destruir casas e infraestruturas em toda a Faixa de Gaza.
Mais de 1.500 demolições, três crianças mortas e 167 ataques de colonos: a deterioração na Cisjordânia ocupada
Todas as semanas, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) divulga uma atualização sobre a situação humanitária na Cisjordânia ocupada. Estes são alguns dados contidos no seu relatório mais recente, de acordo com a Al-Jazeera.
Este ano, mais de 1.500 palestinos foram deslocados por demolições devido à falta de autorizações, que são praticamente impossíveis de obter, incluindo cerca de 1.000 pessoas na Área C e 500 em Jerusalém Oriental ocupada.
Imagens de satélite mostram que cerca de 1.460 estruturas foram destruídas ou danificadas nos campos de refugiados de Jenin, Nur Shams e Tulkarem.
Desde o dia 1 de outubro, o OCHA documentou 167 ataques de colonos durante a colheita de azeitonas deste ano, afetando 87 comunidades palestinianas.
Entre 4 e 10 de novembro, as forças israelitas mataram um adulto e três crianças na Cisjordânia ocupada, incluindo em Jerusalém Oriental. Desde janeiro, 45 crianças palestinianas foram mortas pelas forças israelitas – cerca de 23% dos palestinianos mortos na Cisjordânia desde janeiro.
Desde janeiro, as operações das forças israelitas nos campos de refugiados do norte da Cisjordânia – Jenin, Nur Shams e Tulkarem – geraram a maior e mais longa crise de deslocamento no território desde 1967. Em setembro, dados da UNRWA, a agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, indicavam que pelo menos 31.919 refugiados palestinianos foram deslocados dos três campos e áreas adjacentes.
"Capitalismo de desastre". A transferência misteriosa de palestinianos de Gaza para a África do Sul
O esquema de trânsito que, na última semana, passou pela transferência de palestinianos da Faixa de Gaza para a África do Sul poderá envolver empresas que lucram com o chamado "capitalismo de desastre", diz Antony Loewenstin, autor do livro "The Palestine Laboratory", sobre a indústria de armas e vigilância de Israel.
Citado pela Al-Jazeera, o autor diz que a empresa envolvida no voo que teve lugar há alguns dias não tem referência a "nomes ou associações" no seu site. "Quase parece ter sido criada por inteligência artificial", em algo que considera "incrivelmente estranho".
No início da semana, um anúncio publicado pela organização Al-Majd Europe prometia retirar famílias da Faixa de Gaza em segurança atraiu a atenção e a adesão de muitos palestinianos, que preencheram os formulários de inscrição e aguardam um contacto da organização.
O primeiro grupo a ser retirado foi levado de autocarro do centro do enclave depois de ter recebido um telefonema horas antes da partida. Passaram a chamada Linha Amarela, definida por Israel há cerca de um mês no contexto do cessar-fogo negociado por Donald Trump. Seguiram depois até à passagem fronteiriça de Karem Abu Salem (Kerem Shalom, para Israel) e depois até ao aeroporto de Ramon, no sul de Israel.
Apesar de as autoridades israelitas impedirem a saída da maioria dos palestinianos da Faixa de Gaza, esta transferência contou com a sua cooperação, de acordo com relatos recolhidos pela Al-Jazeera. O grupo partiu num voo que fez escala na capital do Quénia, Nairobi, antes de rumar ao destino final, a África do Sul, "aparentemente o destino final, considerando que é um dos países mais pró-Palestina do planeta", aponta Loewenstein, referindo-se à prática de pessoas e empresas que "lucram com a miséria alheia" e destacando que os responsáveis pelos voos contam com "permissão israelita bem como de outros países".