Em atualização

Irlanda do Norte: o guia

2022-06-24
2022-06-25
16:26

OBJETIVO REALISTA

Irlanda do Norte (getty)

A Irlanda do Norte, a nação mais pequena e com pior ranking do Europeu, perdeu frente aos três adversários do grupo – Áustria, Inglaterra e Noruega – nos últimos três anos. Para ser realista, passar o grupo seria uma proeza fantástica.

 

Texto original de Stuart McKinley, do Belfast Telegraph  

2022-06-25
16:23

HISTÓRICO EM EUROPEUS

Futebol Feminino: Portugal-Irlanda do Norte (Lusa)

Sob a anterior designação da prova  – que se chamava «Competição Europeia para o futebol feminino» - as derrotas eram regra para a Irlanda do Norte, que não conseguiu somar um único ponto na qualificação para 1984 e 1987, não tendo participado em 1989, quando o acordo de regionalização do Reino Unido e da Irlanda foi posto em causa, e a Federação feminina da Irlanda do Norte não conseguiu financiar as viagens para o estrangeiro. Houve um breve regresso na qualificação para 1991, de novo sem sucesso, antes de um intervalo de 15 anos.

O torneio de pré-qualificação em novembro de 2006 teve enorme significado, porque colocou a Irlanda do Norte na fase principal de apuramento pela primeira vez, sob alçada da UEFA. Mas foi durante a qualificação para 2013 que elas realmente deixaram marca, vencendo por 3-1 a Noruega – que venceu o grupo e chegaria à final do Europeu -, naquele que é ainda o resultado mais famoso da Irlanda do Norte. Os 11 pontos ganhos, então em 10 jogos, eram até agora o seu melhor registo na qualificação para o Europeu.

2022-06-25
16:19

REFERÊNCIA HISTÓRICA: JULIE NELSON

Julie Nelson (Getty)

A seleção da Irlanda do Norte conta com Julie Nelson há 18 anos. Ela estreou-se em 2004, quando a federação colocou a seleção feminina sob a sua alçada. Agora com 37 anos, ela somou a 100.ª internacionalização em setembro de 2018, e continua forte, ao fim de 124 jogos pela Irlanda do Norte. Ao longo da maioria dessas internacionalizações, Nelson era uma jogadora amadora, que tinha de meter folga no seu emprego para poder representar o país.

Como treinadora integrada no programa de desenvolvimento da Federação irlandesa, ela está a participar na formação da próxima geração, e seguramente continuará envolvida no futebol muito depois de deixar de jogar.

2022-06-25
16:18

ONZE PROVÁVEL

Genéricas Maisfutebol

3x5x1x1

Burns;

Hutton, McFadden, Nelson;

Magee, McCarron, Furness, Callaghan, Vance;

Wade;

Magill

2022-06-25
16:17

ATENÇÃO A: JOELY ANDREWS

Joely Andrews (Getty)

A médio do Glentoran apresentou-se no palco internacional no duplo compromisso de abril, de qualificação para o Mundial. Ela saiu do banco para marcar o seu primeiro golo pela seleção principal na derrota por 3-1 frente à Áustria, e deixou uma impressão boa o suficiente para que o selecionador Kenny Shiels a colocar pela primeira vez a titular frente à poderosa Inglaterra, alguns dias mais tarde.

Quem conhece a jogadora de 20 anos não ficou surpreendido pelo seu impacto, dado que ela já se tinha destacado a nível doméstico, e em agosto passado tinha marcado e vencido o prémio de melhor em campo na vitória do Glentoran sobre as romenas do Cluj, para a Liga dos Campeões.

2022-06-25
16:14

A FIGURA: RACHEL FURNESS

Rachel Furness (Getty)

Rachel Furness representa muitas coisas para o futebol feminino da Irlanda do Norte. Ela é a melhor marcadora de sempre da seleção, a sua criadora de jogo, a jogadora mais famosa, e um exemplo fantástico para aquelas que, um dia, queiram vir a usar a camisola verde.

O seu incrível recorde de 38 golos em 84 internacionalizações, na altura em que este texto é escrito, é ainda mais notável, tendo em conta que esteve parada durante dois anos, quando andava pelos 20 anos, por causa de uma lesão crónica no joelho.

Aquele que é provavelmente o seu golo mais importante aconteceu na qualificação para o Euro 2022, na vitória por 1-0 na Bielorrússia, depois de a guarda-redes Jackie Burns ter sido expulsa, deixando a equipa reduzida a 10 com mais de uma hora para jogar.

 

2022-06-25
16:13

O SELECIONADOR: KENNY SHIELS

KENNY SHIELS (GETTY)

Personagem enigmática, a variada e colorida carreira de Kenny Shiels - que o levou a treinar em todas as divisões na Irlanda do Norte, bem como em Inglaterra, Escócia, Irlanda ou Tailândia, ao longo de 30 anos -, estava de certa forma numa encruzilhada quando ele deixou o Derry City, no final de 2018.

A sua filosofia de futebol atrativo trouxe-lhe troféus pelo caminho, sendo o mais relevante a conquista da Taça da Liga escocesa com o Kilmarnock, em 2012. Ele manteve o estilo depois de ser nomeado selecionador feminino da Irlanda do Norte, seis meses após deixar o Derry City. Sob a sua liderança, a equipa alcançou um sucesso sem precedentes – recordes de séries consecutivas a ganhar, vitórias recorde e a qualificação para uma grande competição.

2022-06-25
16:04

ANÁLISE

Irlanda do Norte (Getty)

A Irlanda do Norte é, sem dúvida, a equipa que furou o guião, ao qualificar-se para a fase final do Euro 2022, garantindo a sua primeira presença num grande torneio, a nível feminino. Depois de sair do Pote 4 no sorteio, perdeu apenas dois dos oitos jogos da qualificação, ambos frente à Noruega, antiga campeã mundial, europeia e olímpica, que seria a vencedora do grupo e marcou seis golos sem resposta nesses dois jogos.

Os resultados chave para a Irlanda do Norte foram os dois empates frente a Gales, segundo cabeça de série, especialmente o 2-2 em Newport, ao segundo jogo do apuramento, quando Ashley Hutton assinalou a sua 100.ª internacionalização com o golo do empate de cabeça, perto do final. Esse resultado, a par com o 0-0 em Belfast, no último jogo antes de um adiamento forçado pela covid-19, colocou a Irlanda do Norte em vantagem sobre Gales no confronto direto.

Quatro vitórias seguidas sobre Bielorrússia – que vinha do Pote 3 – e Ilhas Faroé, na segunda volta da qualificação, garantiram o segundo lugar no grupo, depois de Irlanda do Norte e Gales terem terminado com os mesmos pontos – os dois golos marcados fora deixaram-nas na frente.

O sonho do apuramento tornou-se realidade depois de vitórias fantásticas, em casa e fora, frente à Ucrânia (2-1 em Kovalivka e 2-0 em Belfast). A maior desilusão foi o facto de as restrições impostas na altura pela covid-19 terem impedido os adeptos de presenciar o momento histórico em que a equipa selou a presença na fase final.

Essa desilusão será compensada com o vasto apoio esperado de adeptos que viajarão para assistir aos três jogos da seleção em Southampton. «Tínhamos jogadoras amadoras, que trabalhavam em supermercados, em hospitais. A maioria da equipa está nessas circunstâncias, e tenho que dizer que, quando o pomos em perspetiva, isso torna o nosso apuramento fantástico», diz o selecionador, Kenny Shiels.

O treinador tem testado diferentes sistemas de jogo e configurações de equipa, e a concorrência pelas posições, aliada à versatilidade na equipa, significa que ele não está comprometido com um sistema específico. Ultimamente, frente às seleções mais fortes, a Irlanda do Norte recorreu a um fluido (e de algum modo pouco convencional) 3x5x1x1, com Lauren Wade a vir da ala para se juntar a Simone Magill no ataque, e Marissa Callaghan e Rachel Furness a partirem do centro.