"As forças de segurança devem deixar de usar força letal contra os manifestantes e comprometer-se com una investigação independente", escreveu Antony Blinken
Os Estados Unidos da América apelaram esta quarta-feira ao “diálogo imediato” entre as partes para superar a crise política no Sudão, agravada no domingo pela demissão do primeiro-ministro, Abdalla Hamdok.
Na sua conta oficial na rede social Twitter, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que, para superar a atual crise no Sudão, as "partes interessadas" devem "comprometer-se com um diálogo imediato, encabeçado pelos sudaneses e facilitado internacionalmente".
To overcome the current crisis in Sudan, we and our partners strongly urge stakeholders to commit to an immediate, Sudanese-led, and internationally facilitated dialogue. Security forces must cease using lethal force against demonstrators & commit to an independent investigation.
"As forças de segurança devem deixar de usar força letal contra os manifestantes e comprometer-se com una investigação independente", concluiu.
Também esta quarta-feira, a subsecretária de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Molly Phee, telefonou para o vice-presidente do Conselho soberano do Sudão, o general Mohamed Hamdan Dagalo (alias Hemedti), e insistiu na necessidade de cumprir todos os passos para alcançar a transição democrática no país até às eleições previstas para o final do período de transição, em 2023.
Citada pela agência Efe, a agência oficial de notícias sudanesa, SUNA, diz que Phee reiterou o "interesse do seu país em colaborar e coordenar com o Governo do Sudão para que a fase transitória tenha êxito", manifestou apoio a um diálogo entre as partes no Sudão "para superar a crise atual", e reafirmou "a disponibilidade do seu país e da comunidade internacional para apoiar o Sudão nesta transição", escreve a agência sudanesa.
Hemedti expressou por seu lado o desejo de que os EUA mantenham os seus "esforços para ajudar o Sudão" com o objetivo de prosseguir a transição democrática.
Acrescentou que "a saída da crise radica num diálogo global que leve a um acordo nacional que inclua todos os sudaneses", acrescentou a SUNA.
Hamdok demitiu-se no domingo, afirmando não ter conseguido alcançar um compromisso entre os generais no poder e o movimento pró-democracia.
O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de outubro, que ocorreu dois anos após uma revolta popular remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu Governo islamita em abril de 2019.
Sob pressão internacional, os militares reinstalaram Hamdok em novembro para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de al-Bashir.
Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares e acabou por se demitir no domingo.
A repressão das manifestações fez, desde o golpe e até agora, pelo menos 57 mortos e centenas de feridos, segundo o sindicato opositor Comité de Médicos do Sudão.