Antony Blinken avisou a China de que não deve repetir o "ato irresponsável" de enviar balões-espião para os EUA

CNN Portugal , MJC
18 fev 2023, 21:55
Antony Blinken (AP)

Foi o primeiro encontro de alto nível entre os dois países desde que os EUA abataream um suposto balão espião chinês há duas semanas

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, alertou a China para não repetir o "ato irresponsável" de enviar balões-espiões ao espaço aéreo americano.

Antony Blinken também advertiu o recém-designado chefe da diplomacia de Pequim, Wang Yi, sobre as “implicações e consequências” para a China caso seja confirmado que concede “apoio material” à Rússia na sua guerra com a Ucrânia, segundo a mesma fonte.

Os responsáveis pela diplomacia dos Estados Unidos e da China reuniram-se este sábado, naquele que foi o primeiro encontro de alto nível entre os dois países desde que os EUA abataream um suposto balão espião chinês há duas semanas. Blinken e Wang Yi encontraram-se em Munique, na Alemanha, onde participaram numa conferência internacional de segurança, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA. O encontro, que decorreu à porta fechada, prolongou-se por cerca de uma hora e o diálogo decorreu “de forma franca e aberta”, revelou por sua vez aos ‘media’ um alto responsável do Departamento de Estado, sob cobertura de anonimato.

“Condenei a incursão do balão de vigilância da República Popular da China (RPC)e sublinhei que isso nunca deverá acontecer outra vez”, disse mais tarde Blinken num tweet.

O seu porta-voz, Ned Price, disse em comunicado que Blinken “deixou claro que os Estados Unidos não aceitarão nenhuma violação da nossa soberania e que o programa de balões de vigilância de alta altitude da RPC - que invadiu o espaço aéreo de mais de 40 países em cinco continentes - foi revelado ao mundo”.

As consequências diplomáticas do balão abatido na costa da Carolina do Sul no início deste mês foram rápidas, com Washington a acusar a China de desenvolver um extenso programa de vigilância internacional. Pequim, por sua vez, negou essas acusações e, por outro lado, acusou os EUA, sem fornecer provas, de lançar balões sobre seu espaço aéreo sem permissão. A China afirma que o alegado balão abatido era uma aeronave civil de pesquisa acidentalmente desviada do curso.

Blinken cancelou uma viagem a Pequim no início deste mês devido ao incidente com o balão, que se tornou um grande ponto de discórdia entre os dois países. A visita seria a primeira à China de um secretário de Estado dos EUA desde 2018, logo após um face a face relativamente amigável entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping, na cimeira do Grupo dos 20 em novembro.

“Em relação à guerra brutal conduzida pela Rússia na Ucrânia, o secretário alertou contra as implicações e consequências para a China caso forneça um apoio material à Rússia ou a ajude a contornar as sanções” impostas pelos ocidentais.

Além disso, Blinken reiterou política imutável dos EUA em relação a Taiwan e “sublinhou a importância de manter a paz e a estabilidade” com a ilha governada democraticamente, reforçando as declarações de Biden de que os EUA não querem entrar um conflito com a China.

"Os Estados Unidos competirão e defenderão abertamente os nossos valores e interesses, mas não queremos conflito com a RPC e não estamos à procura de uma nova Guerra Fria”, disse Price. Blinken “sublinhou a importância de manter o diálogo diplomático e as linhas de comunicação abertas em todos os momentos”.

No início da reunião de líderes mundiais em Munique, Wang criticou a reação dos EUA ao balão como "histérica e absurda". E acusou os Estados Unidos de tentarem "difamar" o gigante asiático.  

Wang também acusou os Estados Unidos de violarem as normas legais internacionais ao decidirem destruir o objeto com um míssil disparado de um caça norte-americano. “Estas ações não demonstram que os EUA são grandes e fortes, mas indicam exatamente o contrário”, disse.

Wang, que ocupa o mais alto cargo oficial para a política externa do Partido Comunista Chinês, também acusou os Estados Unidos de bloquearem os avanços económicos da China e impedirem o seu desenvolvimento.

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