Segundo o primeiro-ministro, o discurso que Joe Biden fez a seguir perante a Assembleia Geral das Nações Unidas "foi de uma grande serenidade"
O primeiro-ministro, António Costa, considerou esta quarta-feira que a comunicação ao país do presidente russo, Vladimir Putin, foi "uma grande desilusão" e elogiou o discurso feito pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, nas Nações Unidas.
"A mensagem hoje do Presidente Putin é uma grande desilusão para todos os que desejam o fim rápido da guerra e o restabelecimento da paz na Ucrânia e a necessidade urgente de conter os efeitos à escala global que esta guerra está a ter", declarou António Costa aos jornalistas, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Hoje, numa comunicação ao país, o presidente da Federação Russa anunciou a mobilização de reservistas, referendos para a anexação de territórios ucranianos e prometeu recorrer a "todos os meios ao seu dispor para proteger" o país, numa alusão ao armamento nuclear, acrescentando: "Isto não é 'bluff'".
Segundo o primeiro-ministro, o discurso que Joe Biden fez a seguir perante a Assembleia Geral das Nações Unidas "foi de uma grande serenidade, muito claro a reafirmar que a guerra nuclear não pode existir e que, portanto, essas ameaças são de uma total irresponsabilidade e não é mesmo o caminho a seguir".
O Presidente dos Estados Unidos da América acusou a Rússia de "violar descaradamente" os valores da ONU com "a guerra brutal e desnecessária" na Ucrânia e condenou a "ameaça nuclear sobre a Europa", declarando que "é impossível vencer uma guerra nuclear, ela não deve ser travada".
Quanto ao discurso que o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fará por videoconferência nas Nações Unidas, António Costa anteviu que "será seguramente um discurso vigoroso na defesa da integridade e do direito à soberania do seu país".
"E espero que seja também um discurso que ajude a construir o esforço comum que tem de haver a paz. Agora, não haverá paz enquanto o agressor, a Rússia, não parar a agressão e não se reconduzir àquilo que o direito internacional impõe", acrescentou António Costa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a mensagem de Vladimir Putin "deve ser encarada com serenidade", referindo que "já não é a primeira vez" que o Presidente russo "sobe o tom vocal, o tom verbal".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Putin falou na Rússia para ser ouvido num momento em que decorre em Nova Iorque o encontro entre líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU, "mas o que importa é manter a mesma serenidade, as mesmas posições de princípio".
O primeiro-ministro está desde segunda-feira em Nova Iorque para participar precisamente no debate geral da 77.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em que irá intervir na quinta-feira, regressando nesse dia a Lisboa.
Hoje, falou aos jornalistas depois de um encontro bilateral com o Presidente do Senegal, Mack Sall, que é o presidente em exercício da União Africana.
"Basta falar com o conjunto de líderes que vamos encontrando aqui nas Nações Unidas para compreender bem como em todo o mundo esta guerra está a ser muito dura", disse António Costa.
Relativamente aos efeitos da guerra na Ucrânia, Mack Sall "sublinhou a importância de rapidamente se ultrapassarem as restrições que existem em matéria de liberdade de circulação não só das sementes, não só dos cereais, mas sobretudo dos fertilizantes e tudo o que é necessário para assegurar as próximas culturas", relatou.
Segundo o primeiro-ministro, "a União Europeia desse ponto de vista está a fazer um esforço grande para clarificar que as sanções nenhum destes produtos, nem a sua circulação, nem o seu pagamento" e também "hoje o Presidente Biden foi muito claro na intervenção que fez a dizer que não há sanções relativamente aos fertilizantes".
Nos jardins da sede das Nações Unidas, António Costa cruzou-se com o secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg, com quem trocou algumas palavras.
Aos jornalistas, o primeiro-ministro reiterou a "total disponibilidade" de Portugal para continuar a participar "no esforço de dissuasão" da NATO.
No atual contexto, a Aliança Atlântica deve "dar também um sinal muito claro não só de apoio ao esforço que a Ucrânia tem estado a fazer para restabelecer o direito internacional, para fazermos parar a guerra e também para haver uma clara dissuasão e sentimento de segurança em todos os países do flanco Leste da NATO", defendeu António Costa.