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Coordenadora Digital CNN Portugal

O Combate dos Chefes (Dia 9): mais vale só do que mal negociado

25 jan 2022, 09:00
António Costa e Rui Rio no nono dia de campanha eleitoral.

Voltou António Costa, o agregador. A maioria absoluta deu lugar à conversa com (quase) todos. E até onde vai a direita de Rui Rio? Se o Zé Albino falasse...

Os eleitores que foram votar antecipadamente no PS no último domingo sabiam bem ao que iam: António Costa tinha-lhes pedido uma maioria absoluta, porque só dessa forma o Governo poderia ter estabilidade. Já se os eleitores pudessem ter votado antecipadamente também no PS esta segunda-feira, teriam uma garantia: no dia 31, Costa falará com todos para encontrar a melhor solução. Não sei do que podem queixar-se os eleitores em geral, e os do PS em particular: se o voto antecipado pode ser em mobilidade, também os cenários traçados pelo secretário-geral podem andar de um lado para o outro, com certeza.

“A seguir às eleições, todos vamos ter que falar com todos”. Ora aí está uma arrojada estratégia para combater a abstenção: votem, votem; votem em quem quiserem, que depois logo se vê quem se entende primeiro. Será quem negociar melhor? Correu tão bem com o Orçamento do Estado… Será quem falar mais alto? Isso não, que com o Chega “não há nada para falar”. Ou será que isto é só conversa?

Seja o que for, à direita as conversas já vão mais à frente. Rui Rio antevê que o seu Governo “poderá ser com a IL e o CDS ou não, logo se vê”. Já se viu onde isto vai parar. Segue, segue, segue e, a seguir a Francisco Rodrigues dos Santos e João Cotrim de Figueiredo, basta contornar a rotunda da prisão perpétua, virar muito à direita na castração química e Chegará ao seu destino. “Os deputados do Chega terão de ver se viabilizam um Governo do PSD, ou se juntam os seus votos ao BE e ao PCP contra esse Governo”. Agora o desafio é a sério: ou estão com Rio, ou mais vale irem já buscar as bandeiras vermelhas e os autocolantes do Che Guevara. Segurem a camarada Acácia.

Rui Rio bem pode ir negociando às claras, que António Costa vai a combate contra as forças obscuras. “Cedências” à Iniciativa Liberal e ao CDS ainda vá, mas ficar “dependente e refém da extrema-direita” já será demais. Para o presidente do PSD, Costa percebeu "exatamente ao contrário". Se o Chega aprovar o seu Governo, Rio não vai "mandar interromper os trabalhos e pedir ao presidente da Assembleia da República para tirar os deputados da sala para não votarem". Isto não é ficar dependente, nem refém. É só uma questão de boa educação. Certo é que os caminhos até às eleições vão-se apertando e os dois líderes lá vão guinando o volante para onde estão os indecisos: ora à esquerda, ora à direita, ora ao centro, ora entre os animais de estimação.

“António Costa devia seguir o exemplo do Zé Albino, que consegue ser uma figura central da campanha e não perde uma única oportunidade de estar calado”. Repare, caro leitor ou cara leitora, que esta crónica começou cheia de diálogo e agora já vai nisto. Não estou a conseguir acompanhar: então vão falar todos com todos, ou quem ganhar pode mandar calar os outros? Vejam lá, ainda faltam quatro dias de campanha e até agora só podemos ter a certeza que Rui Rio gosta de gatos e António Costa é mais de cães: “Estou certo e confiante que com uma vitória do PS no próximo domingo o Zé Albino vai sentir-se menos só e o doutor Rui Rio vai ter mais tempo para estar em casa”.

Costa começou sozinho, agora quer ficar acompanhado. Rio até foi dos primeiros a oferecer-lhe companhia, mas entretanto fez outros amigos. A conversa já vai longa no Combate dos Chefes e, até domingo, ambos terão ainda muito a dizer aos muitos milhares de eleitores que vão ficar isolados. Até porque, depois desse dia, dificilmente algum deles ficará só.

Resultado acumulado da campanha: António Costa 5 – Rui Rio 4

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