Costa diz que carta do autarca de Setúbal foi "um protesto sobre declarações da embaixadora ucraniana à CNN Portugal" e não um pedido de esclarecimento

29 abr 2022, 16:00
António Costa (Lusa/Mário Cruz)

Primeiro-ministro reage às declarações de hoje da autarquia, depois de Inna Ohnivets ter revelado, em exclusivo à CNN Portugal, que havia associações pró-russas infiltradas em Portugal - entre elas a Associação de Imigrantes de Leste - que podiam estar a "receber dados sobre familiares que combatiam no exército ucraniano"

O primeiro-ministro António Costa, visado no esclarecimento desta sexta-feira da Câmara de Setúbal sobre os refugiados ucranianos em Portugal que estão a ser recebidos por russos pró-Kremlin através da autarquia, liderada pelo PCP, diz que a carta que o autarca lhe enviou foi "um protesto sobre declarações da embaixadora ucraniana à CNN Portugal" e não um pedido de esclarecimento.

"A carta que o presidente da Câmara Municipal de Setúbal dirigiu ao primeiro-ministro no passado dia 11/04/22 é um protesto sobre declarações prestadas pela embaixadora da Ucrânia em Lisboa, à CNN Portugal, e foi reencaminhada para os efeitos tidos por convenientes para o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE)", explicou o gabinete do primeiro-ministro, em comunicado divulgado há momentos.

Há duas semanas, depois de a embaixadora da Ucrânia em Portugal ter revelado, em exclusivo à CNN Portugal, que havia associações pró-russas infiltradas em Portugal - entre elas a Associação de Imigrantes de Leste - que podiam estar a "receber dados sobre familiares que combatiam no exército ucraniano", a Câmara de Setúbal disse ter "questionado formalmente e no próprio dia" António Costa para que este se "pronunciasse sobre a veracidade destas declarações e esclarecesse com a maior brevidade possível se o Alto Comissariado para as Migrações mantinha a confiança nesta associação", segundo escreveu a autarquia em comunicado. E que, ainda segundo este, não obteve qualquer resposta.

Mas o gabinete do primeiro-ministro esclareceu ainda que "na referida carta não é solicitada qualquer informação sobre a Associação de Imigrantes dos Países de Leste (EDINSTVO), nem sobre o cidadão Igor Khashin".

Igor Khashin é o líder da Associação de Imigrantes de Leste, que trabalha com a autarquia comunista e tem ligações diretas à Embaixada da Rússia em Portugal.

A autarquia de Setúbal afastou, entretanto, a jurista russa Yulia Khashinada, mulher de Igor Khashin, que, desde dezembro, trabalha na Linha de Apoio aos Refugiados (LIMAR), depois de o jornal Expresso ter denunciado que os responsáveis russos pela linha estão a fotocopiar os documentos dos refugiados ucranianos, entre os quais passaportes e certidões das crianças.

"Face à situação criada, a Câmara Municipal, retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a técnica superior citada na notícia até ao total e inequívoco esclarecimento desta situação", lê-se na nota publicada no Facebook.

O Governo já pediu esclarecimentos ao Alto Comissariado para as Migrações (ACM) sobre a denúncia.

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