Costa desdramatiza "divergência rara" com o Presidente da República

5 mai 2023, 17:28

Primeiro-ministro sublinha que foi a primeira discordância com Marcelo Rebelo de Sousa "em sete anos e dois meses"

António Costa reagiu, esta sexta-feira, ao discurso do Presidente da República, confirmando que existe “uma divergência” entre os dois, embora considere que tal é "normal acontecer entre instituições" e não é necessário "dramatizar" a situação. 

"É uma relação que tem sido marcada pela capacidade de acertarmos agulhas. Acho, por isso, que não se justifica dramatizarmos que, em sete anos e dois meses, tenha havido um momento em que as agulhas não ficaram acertadas", disse o primeiro-ministro à saída do Picadeiro Real, em Belém, após a cerimónia de entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paula Chiziane.

Perante os jornalistas, o líder do executivo referiu que a comunicação ao país do chefe de Estado confirmou uma divergência “quanto à responsabilidade de um conjunto de eventos deploráveis” no Ministério das Infraestruturas.

Questionado se João Galamba tem condições para conduzir o processo de privatização da TAP, o líder do executivo respondeu: “As condições para cada um de nós exercer as suas funções medem-se desde logo pelos resultados”.

“Ainda na quinta-feira o ministro das Infraestruturas teve ocasião de lograr um acordo que pôs termo a uma greve na CP, - uma greve que já se arrastava há bastante tempo, prejudicando a vida do dia a dia dos portugueses”, disse.

António Costa considerou que essa foi “uma excelente notícia” proveniente do setor tutelado por João Galamba.

“E isso é a demonstração de que está a exercer as suas funções e com bons resultados”, sustentou.

Interrogado se João Galamba não deveria ter mantido o seu pedido de demissão do Governo, assumindo na plenitude as suas responsabilidades, o primeiro-ministro reagiu: "Não vamos revisitar a história, porque a história é muito clara”.

Esta foi a primeira reação de António Costa à declaração de Marcelo Rebelo de Sousa para o país, que, na quinta-feira, teceu duras críticas à decisão de não aceitar a demissão do ministro João Galamba, mas afastou a possibilidade de atirar o país para eleições antecipadas.

“Todos os portugueses desejam a vigilância ativa do Presidente da República e o Governo não se sente nada incomodado”, disse ainda Costa, frisando que tem uma relação de muitos anos com Marcelo.

António Costa referiu-se ainda à segunda parte da comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa “sobre o futuro” ao nível das relações entre Presidência e Governo. E, nessa parte, segundo o primeiro-ministro, “há total convergência” com o chefe de Estado.

Na quinta-feira, na sua comunicação, o Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".

Recorde-se que o chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".

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