No dia em que lhe pediram para demitir Medina e Duarte Cordeiro, Costa faz referência a conversa telefónica de André Ventura com alegado "articulador de uma rede de corrupção"

24 mai 2023, 18:04
António Costa (Tiago Petinga/Lusa)

Caso revelado pela TVI/CNN Portugal tornou-se um dos temas principais de debate parlamentar

Primeiro João Galamba, agora Fernando Medina e Duarte Cordeiro. O primeiro-ministro mantém “toda a confiança política” em todos os membros do Governo, incluindo nos ministros das Finanças e do Ambiente, que foram implicados num alegado pacto entre PS e PSD para a atribuição de lugares na autarquia de Lisboa, numa investigação judicial noticiada esta terça-feira pela TVI/CNN Portugal. Acordo esse que terá sido apalavrado quando Fernando Medina estava à frente da Câmara Municipal, sendo Duarte Cordeiro o vice-presidente.

Questionado diretamente por André Ventura sobre se mantinha a confiança política nos dois ministros, António Costa voltou a segurar membros do Governo, como tantas vezes fez, mais recentemente com João Galamba. "Obviamente, mantenho toda a confiança política e tenho a maior consideração pela idoneidade do doutor Fernando Medina e do doutor Duarte Cordeiro", afirmou o primeiro-ministro durante o debate sobre política geral que decorre na Assembleia da República. O mesmo debate em que lembrou uma antiga expressão por si utilizada: "À política o que é da política, à justiça o que é da justiça".

Isto depois da pergunta de André Ventura, que questionava não só a confiança mas também a avaliação da idoneidade dos dois governantes, numa intervenção acompanhada de um “desafio”: “demitir estes dois ministros ainda hoje”.

O presidente do Chega insistiu, dizendo que "a justiça considera dois ministros do Governo suspeitos". António Costa ripostou, ironizando que "não há debate em que o senhor deputado não peça a demissão de um membro do Governo", dizendo mesmo que "por si todos os membros do Governo já estavam demitidos".

"O que aliás muito nos honra da sua parte", acrescentou, para depois partir para o ataque, referindo que nas escutas reveladas pela CNN Portugal há uma gravação de uma conversa telefónica de André Ventura com o alegado "articulador de uma rede de corrupção". "Se calhar o senhor deputado tem mais a contar-nos do que eu", terminou António Costa.

Ventura retorquiu que "em nenhum momento" foi "citado como suspeito desta operação e essa é uma grande diferença neste caso". "Também não pode falar muito porque foi precisamente neste caso que, quando foram à Câmara de Lisboa, encontraram documentos relacionados consigo e com a sua atividade na contratação de Joaquim Mourão. Talvez tenha mais a esclarecer ao país do que eu", devolveu.

Mais à frente, o primeiro-ministro disse que, tendo sido presidente da Câmara de Lisboa durante oito anos, há "muitos documentos" que assinou naquela autarquia e desafiou Ventura a comunicar à justiça caso saiba "alguma coisa" irregular a seu respeito.

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