REVISTA DE IMPRENSA || António Costa toma posse esta sexta-feira como presidente do Conselho Europeu e reitera o apoio à Ucrânia na luta contra a Rússia
Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca a marcar a agenda política mundial, António Costa admite que há um “risco” associado a uma “eventual retirada do apoio dos Estados Unidos” à Ucrânia, mas defende que tal “não parece um cenário que seja credível, porque isso se traduziria numa imagem de fraqueza na projeção internacional dos próprios Estados Unidos”.
Em entrevista ao jornal Público, o presidente eleito do Conselho Europeu, que toma posse esta sexta-feira, garante que a União Europeia tem “a capacidade de se manter firme” nesse apoio “pelo tempo que for preciso” e que apoiará “a Ucrânia tanto quanto necessário e tão intensamente quanto isso for possível”.
“Pessoalmente, não acredito que o presidente Trump queira fazer na Ucrânia o que outros fizeram na retirada do Afeganistão. Não corresponde à imagem de força que ele gosta de projetar de si próprio e da forma como os outros devem olhar para os Estados Unidos. Seria, digamos, estrear-se da pior forma”, diz António Costa, que abre a porta ao diálogo. “Temos de lidar com o presidente Trump da mesma forma que tratamos com qualquer outro líder.”
Quanto à forma como a Europa pode aumentar o seu apoio à Ucrânia - com ou sem os Estados Unidos em jogo, mesmo após a promessa de acabar o conflito em 24 horas -, António Costa não abre o jogo sobre a autorização dos Estados Unidos, ainda sob a alçada de Joe Biden, Reino Unido e França para o uso de mísseis de longo alcance, mas deixa claro que o presidente russo Vladimir Putin “não está interessado em negociar, não está interessado na paz e quer continuar a sua guerra com a ambição de dominar a Ucrânia” e que, por isso, cabe à Europa manter o seu apoio à Ucrânia.
“A posição da União Europeia tem sido muito clara. Nós não determinamos a nossa posição em função da forma como os outros determinam a sua. Determinamo-la em função dos nossos princípios, da nossa própria visão geopolítica. Por isso, temos dito — e temos cumprido — que apoiaremos a Ucrânia tanto quanto necessário e tão intensamente quanto isso for possível”, vinca o político.
O presidente cessante do Conselho Europeu, Charles Michel, passa esta sexta-feira o testemunho ao seu sucessor, o antigo primeiro-ministro português, António Costa, numa cerimónia em Bruxelas, à qual assiste a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.