António Costa promete acabar com reuniões que querem discutir "todos os problemas do mundo": pede mais ação e menos escrita

Agência Lusa , DCT
22 nov, 10:38
António Costa recebe a Comissão Técnica Independente e o presidente da Comissão de Acompanhamento (Lusa/MANUEL DE ALMEIDA)

Antigo primeiro-ministro português toma posse a 1 de dezembro da presidência do Conselho Europeu. E falou sobre isso - diz que quer mais foco e menos dispersão

O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, prometeu esta sexta-feira “unidade entre todos” os líderes da União Europeia quando liderar a instituição, defendendo que não se “perca tempo” com conclusões escritas.

“A minha principal missão é garantir a unidade entre todos... E isso significa estar em contacto permanente”, declarou António Costa, falando com meios internacionais em Bruxelas, citado pelo jornal ‘online’ Politico.

“Mesmo nos momentos mais críticos – como os que vivemos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia – o Conselho [Europeu] conseguiu sempre tomar decisões. […] Por vezes, foi necessário realizar outra cimeira, mas foi sempre possível chegar a um acordo”, exemplificou.

Vincando que pretende alcançar esta unidade, António Costa defendeu, contudo, discussões mais eficazes ao nível do Conselho Europeu, razão pela qual se tem vindo a reunir com os líderes da União Europeia (UE) nas capitais comunitárias, para se preparar para a sua primeira cimeira europeia, marcada para 19 e 20 de dezembro.

Em declarações ao Financial Times, o antigo primeiro-ministro português vincou ser “unânime esta visão [de que] ninguém quer perder tempo a redigir” conclusões escritas.

“O que nós queremos é ter conclusões mais curtas, porque não precisamos que cada Conselho [Europeu] discuta mais uma vez todos os problemas do mundo. Precisamos de concentrar cada Conselho [Europeu] numa mensagem política”, salientou, numa alusão às várias horas de reuniões de alto nível em Bruxelas, defendendo ainda “colmatar o fosso entre os cidadãos europeus e as instituições da UE”.

Costa disse ainda ao Financial Times ter “uma relação pessoal e política muito boa” com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao contrário do seu antecessor, Charles Michel, o que vai permitir “dividir responsabilidades e evitar conflitos”.

Há duas semanas, o presidente cessante do Conselho Europeu, Charles Michel, disse precisamente confiar que o antigo primeiro-ministro português seja “guardião da unidade” entre os Estados-membros, quando a União Europeia enfrenta desafios económicos e geopolíticos.

António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da União Europeia (UE), mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio à frente da instituição, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27.

Por essa razão, antes de iniciar funções, realizou no verão e início do outono um roteiro pelas capitais europeias para se encontrar presencialmente com os chefes de Governo e de Estado da UE para conhecer melhor as suas perspetivas e prioridades para o próximo ciclo institucional no espaço comunitário.

Em junho, Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 1 dezembro de 2024, sendo o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.

Sucede no cargo ao belga Charles Michel, em funções desde 2019.

Antigo primeiro-ministro belga, o político liberal Charles Michel, de 48 anos, preside ao Conselho Europeu até 30 de novembro de 2024, num período marcado por crises como a saída do Reino Unido da União Europeia, a pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia e, mais recentemente, o reacender das tensões no Médio Oriente.

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