Cravinho destaca que José Eduardo dos Santos soube criar “proximidade” e que Portugal “lhe deve muito”

Agência Lusa
28 ago 2022, 11:01

Para o chefe da diplomacia portuguesa esta “é a homenagem que Angola e o mundo devem” a José Eduardo dos Santos, que foi Presidente durante 38 anos “em tempos difíceis e complexos”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho, destacou este domingo o papel do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, sublinhando que soube criar proximidade com Portugal e que o país “lhe deve muito”.

As cerimónias fúnebres do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos concluem-se hoje, data em que completaria 80 anos, com um funeral de Estado na presença de vários Presidentes, incluindo Marcelo Rebelo de Sousa, e representantes da diplomacia de diversos países.

“(José Eduardo dos Santos) soube estabelecer com todos os Presidentes da República portugueses eleitos em democracia, devido à longevidade da sua carreira, relações que propiciaram a proximidade entre os nossos povos e nesse sentido também Portugal lhe deve muito”, destacou Cravinho, à chegada à Praça da República onde decorrem as exéquias, em Luanda.

Para o chefe da diplomacia portuguesa esta “é a homenagem que Angola e o mundo devem” a José Eduardo dos Santos, que foi Presidente durante 38 anos “em tempos difíceis e complexos”.

“Mostrou liderança extraordinária em momentos decisivos para Angola e o continente africano e naturalmente Portugal não podia deixar de estar presente ao mais alto nível”, comentou João Gomes Cravinho.

O antigo chefe de Estado morreu a 8 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre duas fações da família de José Eduardo dos Santos - a viúva e os três filhos mais novos, apoiados pelo regime angolano, contra os cinco filhos mais velhos.

Nas cerimónias deste domingo encontram-se Ana Paula dos Santos e os três filhos que teve em comum com o antigo chefe de Estado, bem como um outro filho, José Filomeno dos Santos “Zenu”, que foi condenado pela justiça angolana a uma pena de prisão pelo seu envolvimento num caso de corrupção e aguarda, em liberdade, decisão sobre o recurso que interpôs.

O funeral fica marcado também pela ausência das mediáticas filhas mais velhas do ex-presidente, a empresária Isabel dos Santos que enfrenta diversos processos na justiça angolana e em outros países, e a ex-deputada do MPLA, Tchizé dos Santos, que declarou o seu apoio ao candidato da UNITA à presidência angolana, Adalberto da Costa Junior, contra o candidato do MPLA e sucessor do seu pai na presidência, João Lourenço.

Presentes no funeral estão o presidente da UNITA, que chegou pelas 09:30 ao local, bem como líderes de outros partidos da oposição, bispos católicos, membros do executivo angolano e outras individualidades.

A praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro Presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias fúnebres, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.

Este domingo, haverá honras militares num programa que inclui música lírica, leitura de mensagens do Estado angolano e da família, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.

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