Local de conferência de ativistas angolanos foi ocupado por polícias

Agência Lusa , BC
29 ago 2022, 12:22

Polícias terão proibido presença de cidadãos numa zona para onde estava agendada conferência, que tinha como objetivo contestar resultados das eleições gerais em Angola

Um dispositivo policial com duas dezenas de elementos concentrou-se esta segunda-feira junto a um local para onde estava agendada uma conferência de imprensa de ativistas, da Sociedade Civil Contestatária, para contestar os resultados eleitorais de Angola.

“Não vi ativista nenhum aqui”, disse à Lusa um dos oficiais da Polícia da Ordem Pública de Angola.

Uma das vendedoras, perto do local, explicou que os polícias estavam lá desde manhã cedo e impediram a presença de cidadãos na zona.

A Lusa testemunhou dois agentes a afastarem motoqueiros que fazem serviço de táxis sem invocar qualquer razão.

Na estrada do Cacuaco, município da província de Luanda, aquele local, junto à árvore conhecida como Mulemba Waxa Ngola, era dos poucos que não tinha nenhum movimento.

Esse espaço, também conhecido como Mural da Cidadania, tinha apenas polícias, numa zona de grande circulação de pessoas e a poucos metros de uma passagem pedonal sobre a estrada onde vendedores de rua tentavam fazer negócio.

À Lusa, o mesmo oficial explicou que a presença de polícias naquela zona “era uma operação de rotina” para “garantir a segurança dos cidadãos”.

A Lusa tentou contactar os promotores da conferência de imprensa mas, até ao momento, nenhum dos ativistas atendeu as chamadas.

Para hoje estava agendada uma conferência de imprensa da Sociedade Civil Contestatária destinada a apresentar a posição sobre “desenvolvimentos do processo eleitoral e a detenção de ativistas” angolanos na sequência das eleições gerais de 24 de agosto.

Segundo dados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), quando estavam escrutinados 97,03% dos votos das eleições realizadas na passada quarta-feira, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde 1975, venceu as eleições gerais de Angola com 51,07%, seguido da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) com 44,05% dos votos.

Segundo estes dados, o MPLA com 3.162.801 votos, menos um milhão de boletins escrutinados do que em 2017, quando obteve 4.115.302 votos, elege 124 deputados.

Já a UNITA fica com 90 assentos parlamentares, elegendo deputados em 17 das 18 províncias e obtendo uma vitória histórica em Luanda, a maior província do país, conseguindo até então 2.727.885 votos, enquanto em 2017 obtivera 1.800.860 boletins favoráveis.

No entanto, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, contestou a vitória do MPLA e pediu uma comissão internacional para comparar as atas eleitorais na posse do partido com as da CNE.

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