Um dos maiores fabricantes adiou o arranque da venda direta de automóveis. Novo modelo de venda "não é melhor nem pior, é diferente"

29 nov 2022, 18:38
Stellantis (AP)

A Stellantis adiou para julho de 2023 o arranque do modelo de agência de vendas automóveis. O modelo é legítimo, garante o secretário-geral da ANECRA, embora destaque algumas preocupações

A Stellantis, uma das maiores fabricantes do setor automóvel, vai adiar o arranque do seu próprio modelo de agência, dando mais tempo aos concessionários afetados para se ajustarem às alterações, anunciou a empresa em comunicado citado pelo Automotive News.

A transição estava prevista entrar em vigor já em 2023, mas a empresa adiou este prazo para julho desse mesmo ano, sendo que o arranque irá abranger todas as marcas do grupo nos mercados da Áustria, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos, sendo posteriormente alargado de forma progressiva ao resto da Europa.

As alterações da Stellantis ditam ainda que as vendas de marcas como a Alfa Romeo, DS Automobiles e Lancia irão passar a realizar-se através do modelo de agência em janeiro de 2024, seis meses depois da data inicialmente prevista.

Adicionalmente, marcas como a Citroen, Fiat, Opel/Vauxhall e Peugeot também irão transitar para o modelo de agência nos próximos 24 a 36 meses, ou em 2026-27.

Em causa está o Dare Forward 2030, um plano da Stellantis anunciado em março, onde o grupo automóvel se compromete a reduzir os seus custos de distribuição na Europa em 50% até 2030.

Uma das principais vantagens do modelo de vendas diretas, ou modelo de agência, é a redução dos custos de distribuição, podendo este encargo representar até 30% do preço de um automóvel. Estas alterações também provocam uma revisão em baixa da margem dos concessionários.

Modelo de concessão vs. modelo de agência

Embora as alterações anunciadas ainda não se apliquem ao mercado português, Roberto Gaspar, secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), garante que o modelo de agência é legítimo.

Para o responsável, uma das principais características do modelo tradicional que tem vigorado no país, o modelo de concessão, assenta em “mais direitos e deveres para ambas as partes”. “O concessionário tem de ter stock, investir em marketing, investir na formação e é ele o dono do preço final”, explica Roberto Gaspar.

Por sua vez, no modelo de agenciamento “há muito menos regras”, garante o responsável da ANECRA. Neste modelo, o stock passa a ser responsabilidade do fabricante automóvel, assim como o marketing. “O agente, basicamente, ganha uma comissão definida pelo fabricante. Não é melhor nem pior, é diferente.”

No entanto, o secretário-geral da ANECRA remata que “alguns fabricantes estão a lançar modelos de agenciamento que, eventualmente do ponto de vista legal, podem ser considerados não legítimos”.

Por este motivo, Roberto Gaspar revela que a principal preocupação do setor, incide em assegurar que o modelo de agência “respeita os direitos e deveres de cada uma das partes”, nomeadamente, de um ponto de vista da regulação do agenciamento.

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