Andrew Pollard considera que o mundo terá de reabrir "mais tarde ou mais cedo"
Um dos investigadores da Universidade de Oxford que ajudou a desenvolver a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 afirmou que não é possível vacinar as pessoas várias vezes por ano com doses de reforço.
“Não podemos vacinar as pessoas de quatro em quatro ou de seis em seis meses. Não é sustentável nem financeiramente acessível”, considerou Andrew Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group e líder do Comité para a Vacinação e Imunização do Reino Unido, em entrevista ao The Daily Telegraph.
Pollard afirmou, também, que são necessárias mais provas científicas da eficácia da administração de uma quarta dose, e defendeu que, “mais tarde ou mais cedo, a sociedade terá de reabrir”.
“Já passámos o pior, temos só de aguentar o inverno. Quando reabrirmos, haverá um período de aumento das infeções. Por isso, o inverno não será a melhor altura para tal”.
O professor universitário apela também a que se dê prioridade aos “mais vulneráveis”, em vez de se administrarem doses de reforço a pessoas acima dos 12 anos.
Numa outra entrevista, à estação de televisão Sky News, Pollard alertou para as desigualdades entre países desenvolvidos e pobres.
“Nos dias de hoje, menos de 10% da população dos países mais pobres recebeu uma dose da vacina, portanto, a ideia de administrar quatro doses a nível global não é sensata”, declarou.
As considerações de Pollard contrastam com as do CEO da Pfizer, Albert Bourla que, em dezembro disse à CNBC que uma quarta dose poderá ser necessária face a ameaça da variante Ómicron.
“Quando analisarmos os dados, veremos se a variante Ómicron está bem coberta pela terceira dose e durante quanto tempo. Mas acho que precisaremos de uma quarta dose”, vincou.
Para já, apenas Israel começou a vacinação com uma segunda dose de reforço, disponível para profissionais do setor da saúde e pessoas acima dos 60 anos desde segunda-feira.