Os principais momentos da entrevista exclusiva do presidente do Chega à CNN Portugal
André Ventura veio esta quinta-feira à CNN Portugal esclarecer o que diz ter acontecido durante as negociações com o Governo para o Orçamento do Estado. Prometeu revelações importantes e pode-se dizer que cumpriu.
Montenegro "mentiu", Ventura sente-se "espezinhado"
Foram várias as vezes que Ventura repetiu a palavra “espezinhar” e suas relacionadas, tantas que perdemos a conta. O líder do Chega acusou o primeiro-ministro de ter mentido sobre as negociações para o Orçamento do Estado e de ter feito “jogo duplo” com o Chega e o PS.
"O primeiro-ministro negociou com o Chega, quis negociar com o Chega”, atirou, bem no início da entrevista.
Questionado sobre o porquê de revelar as conversas privadas com Montenegro, o líder do Chega referiu que “não aceita que Portugal tenha um primeiro-ministro que venha dizer uma coisa para espezinhar o partido que eu represento e, ao mesmo tempo, tente fazer o jogo duplo com o PS e com o Chega para viabilizar um Governo que ele, em 2025, sabe que não pode cair por causa das eleições presidenciais”.
Como um bom estadista, Ventura ainda se disponibilizou, “apesar de isto tudo”, para viabilizar o Orçamento e evitar uma crise política.
Chega no Governo
A alegada proposta feita por Luís Montenegro a Ventura era simples, a julgar pelas palavras do líder do Chega: o partido de André Ventura aprovaria o Orçamento do Estado para 2025 e, em troca, iria integrar o Governo mais tarde.
"Frente a frente com o primeiro-ministro, o mesmo primeiro-ministro que foi à televisão dizer que nós não somos confiáveis (...) propôs-nos um acordo para este ano", disse Ventura. "Sabe porque é que esse acordo não foi aceite? Porque nós temos palavra. Eu disse desde o início que ou havia um acordo a quatro anos ou nós não aceitaríamos.”
A mentira da mentira
Ainda nem a entrevista na CNN Portugal tinha terminado e já o primeiro-ministro estava a teclar no X um desmentido.
“Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente MENTIRA. É grave mas não passa de Mentira e Desespero”, escreveu Luís Montenegro.
Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega.
— Luís Montenegro (@LMontenegropm) October 10, 2024
O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente MENTIRA.
É grave mas não passa de Mentira e Desespero.
Imigração, claro
O tema da imigração é incontornável para o Chega e marcou presença na entrevista. Ventura afirmou que a imigração é “prejudicial para a segurança portuguesa”. No entanto, quando questionado sobre se estaria a fazer uma correlação entre imigração e criminalidade, Ventura fez-se desentendido.
"Quando eu ou o Chega colocam nas redes sociais que pessoas de etnia cigana, brasileiros ou nepaleses cometem crimes, isso é um facto que está lá, eu não estou a dizer que só eles é que cometem crimes", explicou.
Passos, sempre
O antigo primeiro-ministro encontrou maneira de aparecer na entrevista não uma, mas duas vezes. A primeira foi mesmo a propósito da imigração, quando Ventura o citou para dizer que “é evidente que hoje há uma perceção pública que está exaltada e perturbada com o aumento de imigração em relação à segurança”. Mas Ventura, lembre-se, garante que não relaciona a imigração com criminalidade.
A segunda foi para falar de um tema que, não se sabe porquê, está a ser falado um ano e meio antes do previsto. Sobre as presidenciais de 2026, Ventura disse que não estava muito virado para ser candidato nem afirmou se o Chega iria apresentar um candidato próprio. No entanto, questionado sobre quem tem um perfil que lhe interessa, Ventura disse Gouveia e Melo e… Passos Coelho.