«Às vezes, nós treinadores tomamos más decisões por causa do ego»

Rafael Vaz , Grupo Renascença, Lisboa
22 mai 2023, 21:17
Paulo Jorge Pereira

Selecionador nacional de andebol, Paulo Jorge Pereira esteve presente na 2.ª Conferência Bola Branca, onde falou sobre o talento e a gestão que é preciso fazer numa equipa

Num painel que também contou com Paulo Bento, Paulo Jorge Pereira, selecionador nacional de andebol, foi um dos convidados da 2.ª Conferência Bola Branca, cujo tema era «Talento, ética e igualdade no desporto».

O treinador de 58 anos começou por explicar o que é, na sua ótica, o talento.

«O talento no desporto e no restp é quase a mesma coisa. Jogador talentoso é o que decide rapidamente, e bem, o que decide fazer. E depois com os recursos técnicos adequados. E deixei a coisa mais importante para o fim, que é a gestão das emoções. Há jogadores muito talentosos que depois não conseguem gerir as emoções», disse.

Depois, Paulo Jorge Pereira falou sobre o seu papel na Seleção Nacional e na tal gestão do talento que tem de fazer.

«Em relação à seleção de andebol, sou mais um elemento a contribuir. A maior parte do trabalho até é dos clubes, os jogadores normalmente chegam-nos já formados. Mas tentamos ajudar em alguma coisa. E agora com os jogadores presentes nos mundiais e nos europeus é um acrescentar de experiência que lhes permite evoluírem mais também nos clubes. Cada vez em Portugal se treina melhor, fomos percebendo que não basta ter talento, também é preciso trabalhar, e muito. Desmontámos um pouco o mindset  já não vamos para perder, vamos para ganhar», referiu.

E é mais fácil gerir ou criar talento? «É mais fácil gerir talento, o talento não dá para criar, já existe. Há treinadores um pouco egoístas. Eu demorei algum tempo a perceber que eu é que tinha de estar à disposição dos meus jogadores e não o contrário. Na minha cabeça estava “eu digo e tu fazes”. Agora já não é bem assim. Agora olho e percebo o que cada jogador pode dar. Gerir talento é o que temos de fazer. Há sempre os egos, também os dos treinadores: às vezes até tomamos más decisões por causa disso», defendeu.

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