Wembley, luz contra o medo

18 nov 2015, 10:44
Inglaterra-França (Reuters)

Anatomia de uma foto



17 de novembro de 2015. Nem sempre percebemos quando estamos a viver história, mas esta noite foi clara. O Inglaterra-França
aconteceu. Mais do que isso, foi tudo o que quis ser. Um momento de respeito e celebração, de esperança e dignidade. Wembley foi luz contra o medo.

Esta, entre as imagens que a noite de Londres deixou para a memória coletiva. Os jogadores de França e Inglaterra juntos no círculo central, misturados num minuto de silêncio absoluto com as 90 mil pessoas no estádio, a recordar o 13 de novembro de Paris. Antes, a Marselhesa entoada pelo estádio, a letra do hino francês a passar no ecrã gigante e milhares de vozes a cantá-lo alto e bom som, música contra o horror.
 


O arco de Wembley azul, branco e vermelho, uma bancada transformada num mosaico gigante a formar a bandeira de França, em fundo as palavras fundadoras da república francesa. Liberdade, igualdade, fraternidade.

O Inglaterra-França aconteceu, apenas imaginamos a que custo, e essa foi a primeira vitória. Depois dos atentados de Paris que mataram 129 pessoas e tinham definido como alvo o Stade de France e o França-Alemanha, depois dos dias de incerteza que se seguiram, depois das ameaças que levaram a cancelar o
Bélgica-Espanha, de véspera, e o
Alemanha-Holanda, já com os adeptos no estádio, restava Wembley.

Era o palco perfeito. A casa do futebol inglês, o coração da cultura que melhor sabe combinar futebol, paixão e memória. Inglaterra honrou o momento, o futebol honrou o momento e respeitou a dor. Que se podia perceber no rosto de cada jogador francês, muitos deles diretamente ligados à tragédia de Paris, todos eles ainda a viver um pesadelo que começou naquela noite no Stade de France e ainda não terminou.

Não foi apenas inglesa a solidariedade, a Marselhesa uniu gente por toda a Europa esta noite. Também se ouviu no Luxemburgo-Portugal ou no Itália-Roménia, uma voz comum em nome  de valores universais.

Também não é só francesa a dor, o roteiro do horror tem mais pontos de passagem só nas últimas semanas. Beirute, Ancara, Egito. Mas Paris tornou-se símbolo, a resistência também se faz de momentos em que decidimos levantar-nos contra o medo. Foi o que fez o futebol esta noite. Teremos sempre Wembley.

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