Dez jogadores que vai valer a pena seguir na Taça das Nações Africanas

7 jan 2022, 22:55
Taça das Nações Africanas

A CAN é cada vez mais uma competição de grandes estrelas que justifica a paixão dos adeptos do futebol. No entanto, ainda existem jogadores de muita qualidade menos conhecidos. Com a ajuda de um treinador português a trabalhar em África, o Maisfutebol apresenta-lhe dez craques que merecem uma atenção especial.

Houve uma época em que a Taça das Nações Africanas era um viveiro de talentos. Hoje, por mérito do futebol africano, já é mais um aquário de craques do que propriamente um viveiro de talentos. Nomes como Mohamed Salah, Ryiad Mahrez, Sadio Mané, Thomas Partey, Pierre-Emerick Aubameyang, Édouard Mendy, Achraf Hakimi ou Naby Keita são do melhor que há no mundo.

No entanto, e apesar de haver cada vez menos diamantes por descobrir, a Taça das Nações Africanas é cada vez mais uma competição que vale a pena seguir, pela qualidade dos jogadores.

Por isso, e com a ajuda de Ricardo Monsanto, treinador português que há três anos trabalha na seleção de São Tomé e Príncipe, o Maisfutebol apresenta uma lista de dez jogadores que vale a pena acompanhar de perto, para lá dos óbvios que já toda a gente conhece. São dez jogadores, uns já bem conhecidos, outros praticamente desconhecidos, mas todos a querer dar nas vistas.

A competição africana arranca no próximo domingo, com um Camarões-Burkina Faso, e tem vários motivos de interesse para os adeptos portugueses. Antes de mais, os Camarões (António Oliveira) e o Egito (Carlos Queiroz) são candidatos ao título com treinadores portugueses. Depois a Guiné Bissau e Cabo Verde têm vários jogadores da Liga e são seleções que nos dizem muito.

Há ainda vários candidatos assumidos ao título, seleções como Argélia, Camarões, Senegal, Marrocos, Gana, Egito, Nigéria ou Costa do Marfim, e por fim há verdadeiros outsiders, equipas pouco habituadas a estes palcos como sejam os Comores (um estreante que tem uma estrela a jogar no Estrela Vermelha), Etiópia, Zimbabué, Sudão, Serra Leoa, Mauritânia ou Malawi.

Para início de conversa, veja dez jogadores que vai valer a pena acompanhar de perto.

KAMALDEEN SULEMANA
Gana
(Extremo, 19 anos, Rennes)

Formado na academia Right to Dream, no Gana, começou por ser um nome forte para os fãs do jogo Football Manager, no qual era um dos jovens mais promissores. Fora do mundo virtual, confirmou as expetativas durante cerca de ano e meio no Nordsjaelland, da Dinamarca, o que justificou o interesse de clubes como o Ajax e o Bayer Leverkusen. No verão de 2021, acabou por ser o Rennes a ganhar a corrida, pagando 20 milhões de euros, o que tornou Kamaldeen na transferêecia recorde do futebol dinamarquês. No clube francês conquistou rapidamente a titularidade, levando em meia época 25 jogos, cinco golos e duas assistências.

«Tecnicamente a lembrar o Neymar, atlético como Sadio Mané, tendo em conta a idade dará muito que falar no futuro», considera Ricardo Monsanto.

ZAMBO ANGUISSA
Camarões
(Médio defensivo, 26 anos, Nápoles)

Não é propriamente um desconhecido, mas vai valer a pena ver até que ponto André-Franck Zambo Anguissa consegue ser o líder que a seleção dos Camarões precisa para ser campeã no torneio que organiza. Natural de Yaoundé e formado no Cotonsport, emigrou muito jovem para França, onde brilhou em três anos ao serviço do Marselha. Seguiram-se dois anos no Fulham e um no Villarreal, sempre como titular, acabando por mudar esta época para o Nápoles, por empréstimo do Fulham.

«É um médio com muita força, excelente ritmo e um bom drible, características que fazem dele um destaque», diz Ricardo Monsanto.

SÉBASTIEN HALLER
Costa do Marfim
(Ponta de lança, 27 anos, Ajax)

Provavelmente o mais famoso desta lista. Os adeptos do Sporting ainda devem ter suores frios com o nome dele, depois dos quatro golos em Alvalade, mas a Europa inteira sabe quem é o ponta de lança que terminou a fase de grupos como melhor marcador da Champions. Para já está a confirmar que terá valido o investimento de 22 milhões de euros do Ajax, mas a carreira de Haller está cheia de altos e baixos: formado no Auxerre, teve de sair para o Utrecht, deu a volta por cima, levou o West Ham a pagar 50 milhões de euros por ele, mas um ano e meio depois já só valia metade disso. Aos 27 anos, tem nesta Taça das Nações Africanas a oportunidade de mostrar que ainda vai a tempo de integrar na elite mundial.

«É um avançado possante, que joga com os dois pés e junta a habilidade técnica com a capacidade física, muito ao estilo do Trezeguet», refere Ricardo Monsanto.

ADEM ZORGANE
Argélia
(Médio centro, 22 anos, Charleroi)

Filho de Malik Zorgane, um antigo internacional argelino, Adem Zorgane tem tido uma ascensão meteórica no último meio ano. Começou com a transferência para o Charleroi, no verão, depois veio a afirmação como um dos melhores jogadores da liga belga e em setembro a primeira chamada à seleção principal. Apesar de se ter estreado há apenas quatro meses, mereceu a convocatória para a Taça das Nações Africanas em detrimento de Hichem Boudaoui, do Nice, e surge nos Camarões como um dos jovens que mais curiosidade desperta. Formado no Paradou, detém também o recorde de primeiro jogador nascido no séc. XXI a jogar na liga argelina.

«É um médio centro de muito boa qualidade tática. Entende bem o jogo e tem boa qualidade de passe», diz Ricardo Monsanto.

MOSTAFA MOHAMED
Egipto
(Ponta de lança, 24 anos, Galatasaray)

O Egito não é só Mohamed Salah. Do campeonato turco chega Mostafa Mohamed, ponta de lança de 24 anos, que tem sido o grande destaque esta época do Galatasaray. Nascido em Gizé, cidade famosa pelas pirâmides, e formado no Zamalek, Mostafa Mohamed soma em apenas um ano 46 jogos e quinze golos pelo clube turco, confirmando as boas indicações deixadas no Egito: 103 jogos e 40 golos nas últimas três temporadas antes de emigrar para a Europa. Promete fazer com Salah uma respeitosa dupla de ataque para alimentar os sonhos de Carlos Queiroz.

«Excelente pé direito, rápido, bom jogo de cabeça, tem tanto de bom como de rebelde», considera Ricardo Monsanto.

TAIWO AWONIYI
Nigéria
(Ponta de lança, 24 anos, Union Berlin)

Começou a dar nas vistas em 2013, no Mundial sub-17 que a Nigéria conquistou, com quatro golos e cinco assistências, tendo voltado a dar que falar dois anos depois, no Mundial sub-20, com dois golos e duas assistências apesar da eliminação prematura da seleção nigeriana, o que levou o Liverpool a contratá-lo quando tinha apenas 18 anos. Em Inglaterra nunca se afirmou e cumpriu um calvário de empréstimos a clubes como FSV Frankfurt, NEC Nijmegen, Gant, Mouscron e Mainz, até que esta época, depois de ter deixado o Liverpool em definitivo, reencontrou a melhor versão no Union Berlin: em meia época leva 26 jogos, 13 golos e é o quinto melhor marcador da Bundesliga.

«É um ponta de lança fisicamente poderoso. As suas principais características são muita força, grande impulsão e um remate forte», diz Ricardo Monsanto.

PAPE SARR
Senegal
(Médio centro, 19 anos, Metz)

Foi chamado pela primeira vez à seleção em março de 2021, mas desde então tornou-se uma opção habitual na equipa liderada por Sadio Mané. Aos 19 anos já leva 40 jogos e quatro golos na Liga Francesa, o que convenceu o Tottenham a pagar 17 milhões de euros por ele, apesar de o ter deixado ficar mais um ano por empréstimo no Metz, clube que o descobriu no Senegal quando tinha 17 anos. Num meio campo com Idrissa Gueye (PSG), Cheykou Kouyaté (Crystal Palace) e Pape Gueye (Marselha), o jovem não vai ter vida fácil, mas já mostrou que se tiver uma oportunidade pode bem tornar-se umas das revelações da competição.

«É bom taticamente e compreende bem o jogo. Esguio, tem quase dois metros de altura, o que lhe permite destacar-se nos duelos aéreos no meio-campo», refere Ricardo Monsanto.

MOHAMED ABDELRAHMAN
Sudão

(Avançado, 28 anos, Al-Hilal Omdurman)

O número dez da seleção do Sudão é um dos mais experientes, e o homem golo, da equipa nacional, com 25 jogos e 15 golos. Aos 28 anos, no entanto, é um perfeito desconhecido para o futebol mundial, tendo jogado sempre no Sudão: a exceção foi um ano Bordj Bou Arreridj, da Liga da Argélia, ao serviço do qual fez oito jogos e apontou três golos. Num grupo com Nigéria e Egito, para além da Guiné-Bissau, o Sudão não vai ter vida fácil, mas Mohamed Abdelrahman pode ter aqui a oportunidade de se dar a conhecer ao mundo.

«Foi uma bela surpresa que defrontei na qualificação. Taticamente exemplar, está sempre onde aparece a bola», sublinha Ricardo Monsanto.

EL FARDOU BEN
Comores
(Ponta de lança, 32 anos, Estrela Vermelha)

Aos 32 anos é um cidadão do mundo. Nascido na ilha de Maiote, um departamento ultramarino da França, mudou-se aos 11 anos para a Ilha da Reunião para jogar futebol, emigrou para França aos 17 para crescer no Le Havre e aos 25 anos decidiu tornar-se internacional por Comores, uma ilhas que fazem fronteira marítima com Maiote. Foi dele o primeiro golo da seleção de Comores numa fase de apuramento para a Taça das Nações Africanas, em 2015, e foi ele também que carregou a seleção às costas até um apuramento impensável. No currículo conta com uma passagem infeliz pelo Olympiakos, marcada por uma lesão gravíssima, e por três épocas de enorme fulgor no Estrela Vermelha, com 159 jogos e 73 golos no futebol sérvio. Agora Bem pode revelar-se ao mundo.

«Extremo experiente, pé esquerdo de muita qualidade, trouxe a sua selecção às costas até desde a qualificação, onde foram a grande surpresa», diz Ricardo Monsanto.

MORETO CASSAMÁ
Guiné Bissau
(Médio centro, 23 anos, Stade Reims)

Chegou a ser uma grande promessa do futebol nacional, internacional em todas as camadas jovens da seleção portuguesa até aos 18 anos. Na passagem para sénior, e depois de trocar o Sporting pelo FC Porto, demorou a confirmar o valor que anunciava. Até que na época passada se estabeleceu como titular do Reims, na Liga Francesa, e este ano está a confirmar o valor individual. Em época e meia leva 46 jogos, três golos e uma assistência. Numa seleção da Guiné Bissau que pode ser uma bela surpresa, Moreto Cassamá tem futebol para se dar a conhecer ao mundo.

«Treinei-o nos sub-14 da Seleção de Lisboa e está a fazer uma excelente época em França. Tem qualidades táticas acima da média, no meio campo parece um relógio suíço, nunca falha, sempre em grande rotação», garante Ricardo Monsanto

África

Mais África

Patrocinados