Estrutura vs treinador (parte II): o que esperar deste Benfica, e um Porto mais eficiente

27 mar 2016, 23:46
Boavista-Benfica (Lusa)

«Óculos do Treinador» é um espaço de análise de Rui Lança.

Ainda sobre o tema São as estruturas que têm mais impacto na continuidade das vitórias dos clubes ou, pelo contrário, os treinadores os grandes diferenciadores pela positiva? e no qual já chegámos a algumas conclusões, tendo claramente por adquirido que ninguém vence sozinho – as questões para uma segunda fase da discussão devem ser as seguintes:

  1. Qual o clube que melhor gere a continuidade do treinador?
  2. Quem gere melhor a substituição do líder e continua numa senda vitoriosa?

A sete jornadas do término do campeonato, o Benfica mantém-se no topo com uma pequena vantagem de dois pontos. Alinhando com a temática do artigo, podemos observar que o clube da Luz pode conquistar o quinto título nestas condições, ou seja, numa época posterior a um título de campeão nacional com outro treinador ao leme. Chamemos a estas épocas épocas de transição.

Dos 34 títulos até ao presente momento, 11,76 % das suas festas no Marquês surgiram na sequência de épocas de transição. Nestas situações, o FC Porto é claramente a equipa que melhor gere estas mudanças, tendo ocorrido quase todas nas duas últimas décadas. Dos 27 títulos de campeão nacional, a equipa do Norte conseguiu 18,51 % dos seus campeonatos em épocas de transição.

O FC Porto é o clube que melhor gere épocas de transição

Na verdade, a supremacia da percentagem de êxito das épocas onde os treinadores se mantêm é enorme, o que nos poderia levar a afirmar que o Benfica teria mais do dobro de hipóteses em renovar o título se mantivesse o treinador vitorioso da época passada. Aliás, dos três grandes somente o Sporting não apresenta uma grande diferenciação entre os títulos conquistados nestas duas situações: o clube de Alvalade foi ao Marquês duas vezes em épocas posteriores à mudança do treinador campeão e três vezes com o mesmo treinador da época anterior em que arrecadou o título.

O que retirar destes números? À partida, afirmar-se-ia que quer o clube quer o treinador ganham quando continuam juntos. Claro que esta análise dos dados não tem em conta as especificidades de cada temporada, das relações entre as duas partes, dos investimentos em causa e de outros pormenores que vão contribuindo para o sucesso ou desaire.

Luís Filipe Vieira apostou na mudança, não apenas de treinador, mas de muito do que isso acarreta até pela diferença profunda de perfil e método de trabalho entre Vitória e Jesus.»

No que diz respeito a esta época, Luís Filipe Vieira apostou na mudança, não apenas de treinador, mas de muito do que isso acarreta até pela diferença profunda de perfil e método de trabalho entre Rui Vitória e Jorge Jesus. Também sabemos que no início de maio toda esta análise contribuirá apenas para mais um número, uma estatística, mas que no seio da questão existem conteúdos interessantes de serem analisados, tentando que toda a análise não se resuma a ser-se ou não se ser campeão.

Sporting não tira especial benefício da continuidade dos técnicos

O Benfica sem ter tido efetivamente uma pré-época, começou mal e andou muito tempo fora da corrida do título. A mudança tem destas coisas e não implica necessariamente que tenha sempre um final feliz. Para lá da fase de luto, no desporto de alta competição, o tempo não perdoa e geralmente não espera por ninguém. Hoje, com bastantes hipóteses de ser campeão, a análise é mais simpática e dá-se mérito ao treinador pelo trabalho realizado. A discussão é efémera. Não sabendo nós se, por exemplo, a utilização de jogadores formados no Seixal acontece mais por necessidade ou claramente por se tratar de uma parte da identidade do trabalho do treinador português do Benfica. Mas que há um resultado positivo da aposta dos mesmos isso há, e deve-se dar mérito a quem de direito.

Duas coisas são evidentes: se o Benfica for campeão, o mérito, e não sabemos qual a percentagem que vai ser atribuída a cada um, vai ser distribuído por treinador e estrutura. Se o campeão for o Sporting ou o FC Porto, a responsabilidade do desaire do clube da Luz vai ser quase da inteira responsabilidade do presidente. O futebol é assim. Não ganhando o Benfica também cá estaremos para analisar: quem será o grande obreiro se o grande vencedor sair de Alvalade, ou quem recolherá a maior parte dos méritos do sucesso portista, depois de uma época que começou com outro treinador ao comando. 

 

 

 

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