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Portugal é o país do mundo que consome mais vinho ‘per capita' (e entre os adolescentes são as raparigas que bebem mais álcool)

Ao contrário do resto da Europa, em Portugal as bebidas espirituosas são “muito pouco consumidas”

Portugal é o país do mundo que consome mais vinho ‘per capita’ e o consumo tem vindo a aumentar, revelou esta sexta-feira o subdiretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

“Os mais velhos consomem mais vinho”, os adolescentes e jovens adultos cerveja e os mais novos bebidas espirituosas (‘shots’), adiantou o médico de saúde pública na subcomissão parlamentar de Saúde Global, onde foi ouvido juntamente com o diretor-geral do SICAD, João Goulão.

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Ressalvou, contudo, que em Portugal, contrariamente ao resto da Europa, as bebidas espirituosas são “muito pouco consumidas”, representando cerca de 10%, enquanto o vinho totaliza 60% e o restante é consumo de cerveja.

Manuel Cardoso disse que até 2015 Portugal ia tendo “alguns ganhos em saúde e alguns ganhos em relação aos consumos”, mas nos últimos anos “isso parece não ter acontecido”.

“Portugal é dos países com o consumo ‘per capita’ de álcool mais elevado em termos mundiais”, elucidou, adiantando que o consumo médio de litros de álcool puro por habitante tinha vindo a baixar ligeiramente, tendo atingido em 2015 os 11,9, valor que subiu para 12,1 em 2019.

“Parece um valor pequeno, mas entrámos em contraciclo com o resto da Europa e, por isso, é uma preocupação acrescida”, vincou o responsável.

O especialista manifestou preocupação com “o sofrimento que pode vir acrescido a esses consumos”, quer para o próprio, quer para terceiros.

Manuel Cardoso revelou que, segundo o inquérito à população geral, em 2012, 60% dos portugueses tinham consumido álcool, valor que aumentou para 61,5% em 2022.

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Apenas houve uma “ligeira redução” dos consumos nos grupos etários mais jovens (15/24 e 25/34 anos).

“Mas quando falamos de embriaguez, as coisas pioram em todos os grupos etários, quer na população em geral (15/74), 5,1% para 6,5, entre 2012 e 2022”, salientou.

Jovens do sexo feminino são quem mais consome álcool

O subdiretor geral aludiu ainda a um estudo que vai ser apresentado em junho, que revela um aumento de consumos, em particular nas mulheres e nos grupos etários mais elevados.

“Nos grupos mais baixos, dos 13, 14 anos, os consumos das raparigas ultrapassam os dos rapazes e são muito altos”, alertou.

Perante os dados apresentados, Manuel Cardoso afirmou que “a mensagem” é que o que está a ser feito “não está a ser suficiente”.

“Não estamos a ter ganhos. Quando falamos de 4,2% da população geral dependente ou com consumo excessivo, isto é brutal. Pensem a quantidade de pessoas de que estamos a falar”, vincou.

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“Nestes dez anos, em vez de ganharmos, perdemos para as questões da saúde, quer em termos de mortes por doença atribuída ao álcool, quer nas mortes na estrada”, lamentou.

Segundo o responsável, os internamentos hospitalares subiram de 31.500 para quase 40.000 e as mortes de 2.600 para mais de 2.700.

Tanto Manuel Cardoso como João Goulão defenderam que é preciso intervir em termos das políticas de preços, através do imposto, do preço mínimo por unidade de bebida alcoólica, mas também na disponibilidade, e nas questões da publicidade e do marketing, em que se está “a perder o controlo”.

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