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Alunos passam noite em faculdade do Porto para "um grito de basta” por Gaza

Cerca de 50 aluno pedem que se cortem relações com Israel

Mais de 50 estudantes estão desde quinta-feira à porta do departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde vão passar a noite para dizer que é imperativo cortar relações com Israel.

Inicialmente, cerca das 22:30 de quinta-feira, estes alunos ocuparam aquele departamento que está aberto 24 horas, tendo pouco tempo depois sido informados que não poderiam permanecer no interior. Decidiram, então, concentrar-se no exterior.

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Às 00:13, “por indicações superiores”, os seguranças fecharam as portas do departamento, onde, no interior, se encontravam mais de 10 alunos a estudar. Estes estudantes tiveram de abandonar o local, mas os manifestantes não desmobilizaram.

No exterior, onde estavam bandeiras da Palestina rodeadas de velas e tendas de campismo - onde estes estudantes se vão abrigar durante a noite - lia-se em faixas espalhadas pelo chão: “Solidariedade proletária por uma Palestina Livre”, “Israel não é uma democracia, Israel é um país terrorista” e “A revolução começa aqui”.

Em declarações à Lusa, a porta-voz do grupo de manifestantes, Joana Bernardes, afirmou que o objetivo da concentração é alertar a Universidade do Porto para a “necessidade imperativa de cortar relações" com Israel.

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“É preciso que a Universidade do Porto condene formalmente o genocídio que está a ocorrer na Palestina”, disse.

Joana Bernardes frisou que a universidade continua a realizar eventos, aulas abertas e palestras onde está o embaixador de Israel em Portugal, o que é, na sua opinião, de lamentar.

A estudante contou que a Universidade de Porto tem “ligações alarmantes” a entidades e empresas israelitas, sublinhando que a ciência “não é um instrumento neutro, mas uma ferramenta que os Estados e outros agentes políticos e económicos usam para avançar com os seus objetivos”.

Garantindo que “não vão baixar os braços” até as “justas reivindicações” serem ouvidas, a porta-voz vincou que vão passar a noite à porta do departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências e que, na sexta-feira, decidem os “próximos passos”.

“Ninguém defende o genocídio, é impossível”, atirou um dos manifestantes que, por medo de represálias, decidiu não se identificar.

Na sua opinião, a universidade deve cortar quaisquer parcerias com Israel porque essas ajudam, direta ou indiretamente, o país “a cometer as atrocidades que tem vindo a cometer”.

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Enquanto se ouvia a música “Deira” do palestiniano Saint Levant, Oli, uma das estudantes a participar no protesto, apelava a um cessar-fogo imediato, dizendo que “basta de matar pessoas”.

“Este protesto é um grito de basta”, atirou outro dos manifestantes que também preferiu não se identificar.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou acima de 35 mil mortes, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave numa situação de grave crise humanitária.

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