Volodymyr Zelensky visitou este domingo não uma, mas três cidades ucranianas próximas da linha da frente dos combates contra os invasores russos: para além de Zaporizhzhia, na região administrativa com o mesmo nome, o presidente ucraniano esteve também em duas cidades do Donbass, a parte da Ucrânia que está sob maior pressão dos ataques russos, desde que Moscovo reorientou as suas tropas após a tentativa falhada de tomar a capital, Kiev.
Segundo informou o próprio Zelensky, no habitual vídeo noturno com uma mensagem ao país, este esteve em Lysychansk, na região de Lugansk, e em Soledar, no oblast de Donetsk. Duas localidades perto da frente de combate do Leste, onde a situação é particularmente difícil para os ucranianos, como Zelensky tem admitido várias vezes.
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Lysychansk fica a cerca de 10 quilómetros do centro de Severodonetsk, a cidade que está a ser disputada palmo a palmo por ucranianos e russos. No Twitter, Oliver Carrol, o jornalista que acompanha esta guerra para a revista The Economist, salientou que o facto de Zelensky ter estado naquela cidade "resolve a questão de saber se a Ucrânia tem o controlo da estrada de abastecimento" a Severodonetsk. Carrol comentou também que pode haver opiniões sobre este gesto "notável" de Zelensky - "Corajoso ou imprudente - você decide" - mas que uma coisa é bastante "clara": "Putin não vai fazer nada semelhante em breve". Aliás, acrescenta o jornalista de The Economist, "os propagandistas farão tudo o que estiver ao seu alcance para manter as imagens [de Zelensky na linha da frente] longe dos ecrãs de televisão russos".
Quanto a Soledar, fica mais a sul, a meio caminho entre Severodonetsk e Kramatorsk. Tem sido alvo de repetidos bombardeamentos russos, e boa parte da sua população já foi obrigada a fugir para outras localidades.
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No domingo à noite, numa mensagem-vídeo mais curta do que tem sido habitual (menos de dois minutos), Zelensky fez o relato de "um dia interminável".
"Estou orgulhoso de todos os que conheci, a quem apertei as mãos, com quem falei, a quem dei apoio. Levámos algo para os militares, mas não vou falar disso em detalhe", disse o chefe do Estado, sobre a deslocação à frente Leste. Em troca, disse, trouxe "confiança e força".
Em Zaporizhzhia, Zelensky conta que ouviu os relatórios da situação no terreno, deu apoio aos militares ucranianos e premiou os que se têm destacado nos combates. Reuniu-se com as várias autoridades locais e com presidentes de câmara expulsos de algumas das cidades "temporariamente ocupadas".
Encontrou-se também com refugiados de Mariupol - quase todos mulheres e crianças, pois os homens, na sua maioria, ou foram mortos ou estão a combater. "Entendi as questões difíceis que colocaram, acho que as vamos resolver", disse Zelensky, sobre a situação destes deslocados. "Uma tragédia", reconheceu o presidente ucraniano, "mas temos de viver pelas crianças".
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