“Indecente e revoltante”. É com estas palavras que o sindicato francês CGT reage à potencial remuneração a ser atribuída a Carlos Tavares, CEO da Stellantis, empresa que nasceu da fusão em janeiro de 2021 da PSA com a Fiat-Chrysler, noticia o Le Monde.
Segundo a publicação, o gestor português poderá receber 66 milhões de euros referentes a 2021, de acordo com a estimativa feita pela empresa de investimento Phitrust, que considera o valor também “indecente” e que pode representar um problema para a fabricante de automóveis.
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Em comunicado, o grupo sindical CFDT Stellantis também reagiu e disse que o valor atribuído a Tavares “não é legítimo”. Do lado da Stellantis, um porta-voz da empresa diz que “a remuneração é atribuída exclusivamente com base na meritocracia”.
Também os acionistas da Stellantis, que têm apenas um voto consultivo na matéria, chumbaram o valor e a política de remuneração dos executivos do grupo numa votação realizada na semana passada e cujos resultados foram apresentados esta quarta-feira em assembleia-geral - 52% votaram contra o relatório e 48% a favor. Horas antes desta reunião da empresa, o governo francês tinha pressionado os acionistas da empresa devido aos 19,1 milhões de euros que Carlos Tavares recebeu em 2021, lê-se na EFE.
E isto já depois da notícia ter levantado polémica também na imprensa. “O capitalismo definitivamente não aprendeu nada” desde a grande crise financeira de 2008 até a grande crise da covid-19, escreve o jornal Libération numa nota de opinião sobre a remuneração de Carlos Tavares. O diário gaulês fala de uma “remuneração estratosférica” e critica também os poderes públicos: “números indecentes para os funcionários do seu grupo, mas não para o governo que faz vista grossa”.
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De acordo com o Le Monde, “o gestor de 63 anos terá recebido 19 milhões de euros relativos ao ano de 2021 (1,9 milhões fixos + 7,5 milhões variáveis + 5,5 milhões para o primeiro ano de um plano de desempenho de três anos + 1,7 milhões em bónus de conclusão de fusão + 2,3 milhões em contribuição para a sua futura reforma), aos quais se somam 47 milhões na alocação de ações livres e remuneração excepcional com base na capacidade do Sr. Tavares de transformar a Stellantis”. A soma destes montantes leva ao polémico valor de 66 milhões de euros.
“Tavares recebe 180.000€/dia, é indecente e revoltante quando sabemos que nós, colaboradores, tivemos um aumento de 40€/mês em 2021”, disse Jean-Pierre Mercier, representante sindical da CGT PSA numa entrevista.
🎙 "Tavarès touche 180 000€/jour, c'est indécent et révoltant quand on sait que nous salariés, on a eu une augmentation de 40€/mois en 2021". Jean-Pierre Mercier, délégué syndical CGT PSA #ApollineMatinpic.twitter.com/OTfZBJmX41
— RMC (@RMCinfo) April 13, 2022
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