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Foi enganado: gasolineiras desceram combustíveis muito menos do que se previa. Veja os preços oficiais

No primeiro dia da descida do imposto, as gasolineiras apropriam-se de parte do corte anunciado pelo governo. Descida dos preços dos combustíveis foi expressiva, mas ficou muito abaixo do anunciado.

Quem ouviu o governo no final da semana passada, o primeiro-ministro esta semana ou leu as notícias com as previsões de preços para este segunda-feira foi enganado. Mas não pelo governo nem pelos jornais, que fizeram uma conta simples: retiraram ao preço de venda a descida do imposto que entrou em vigor ontem. Não houve erro na conta, mas os preços desceram muito menos do que se antecipava. Quem ficou com a diferença? As gasolineiras.

As contas do governo anunciavam que a descida do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) iria descer o preço de venda do gasóleo em 14,2 cêntimos por litro e o da gasolina cairia 15,5 cêntimos por litro esta segunda-feira.

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Mas a descida entre este domingo (antes da descida do imposto) e esta segunda-feira (depois da descida do imposto) foi afinal de 8,7 cêntimos, tanto no gasóleo simples como no da gasolina 95.

Ou seja, as gasolineiras aumentaram as suas margens brutas, de um dia para o outro, em 5,5 cêntimos no gasóleo e em 6,8 cêntimos na gasolina.

Os dados são oficiais, publicados pela Direção-Geral de Energia e Geologia diariamente, referindo-se sempre à véspera. São preços médios praticados em Portugal, de milhares de bombas e dos preços efetivamente pagos pelos clientes (isto é, incluindo descontos). Ora, os dados médios cobrados em Portugal continental no domingo e na segunda-feira foram os seguintes:

Estas variações significam que, embora o preço final tenha descido, o preço antes de impostos subiu. Daí os números terem enganado quem leu as previsões.

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Só que o petróleo nem ficou mais caro na semana passada: pelo contrário, até desceu, o que sugeriria que as gasolineiras pudessem ter cortado o preço antes de impostos.

Talvez seja por isso que o primeiro-ministro reagiu antecipadamente ontem, publicando nas redes sociais um pedido de que os portugueses estejam atentos "à fatura”.

Preços ainda estão mais caros do que antes da guerra  

Recorde-se que esta foi a segunda descida do imposto aplicada pelo governo desde a invasão da Ucrânia. No total, o corte do ISP equivale a uma descida do IVA de 23% para 13%: os dois cortes somados significam que o Estado desceu em entre de 21 e 23 cêntimos o preço dos combustíveis vendidos em Portugal.

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Mesmo com estes dois cortes dos impostos, o preço final dos combustíveis continua mais caro do que antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. É isso que a tabela seguinte mostra, ao comparar os preços médios em Portugal na véspera da invasão (23 de fevereiro) com os desta segunda-feira (2 de maio). O gasóleo ainda está 18 cêntimos por litro mais caro do que então, e a gasolina cerca de seis cêntimos.

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