Que grande gaita! Uma gaita tão grande que enche as Caxinas. É de João Rodrigues. "Isto é um instrumento nobre e a campanha precisa de fôlego para animar". Vem aí Pedro Nuno Santos. O mar de gente abre-se para ele. E seguem na onda socialista.
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É uma estrela que vem à terra. Um santo, daqueles a quem se beija e abraça, sabe-se lá quando volta aqui se não houver milagre no dia 10. Há quem conte os beijos que já lhe deu. Ele fura a bolha dos jornalistas, sabe que cada voto conta. Mesmo quando se percorre terra favorável.
O povo é do mar e sabe a quem o PS tem de esticar as redes para a maioria. "O PS devia coligar-se com a esquerda". Palavra de José António Terroso, com a cadela ao colo. "É a Tuxa, também é do PS. Aqui 90% é do PS".
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Alexandre Lopes rejeita que tenham de ser os socialistas a tomar a iniciativa. "Se alguém tem de estender as redes são os outros ao PS". Este líder agrada-o. "Mas é o carisma de Mário Soares? Não. Já António Costa é uma figura emblemática. Estou convencido de que o Pedro Nuno daqui a quatro ou cinco anos estará diferente".
Pelas Caxinas, a memória de António Costa é boa. O nome vem naturalmente, sem ser preciso puxar. Ontem entrou na campanha, hoje está na coreografia de gestos que o sucessor fez em cada uma das três arruadas do dia. Nos beijos, nas subidas às varandas, nos momentos em que é levado em ombros, na despedida demorada empoleirado no carro.
A primeira varanda a que Pedro Nuno sobe é de Olívia Santos, reformada, depois de muitos anos no setor têxtil. "Deus queira que ele ganhe. Foi um gosto tê-lo aqui em casa. Também já gostava do António Costa". Um aceno do alto, o primeiro do longo dia.
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São Pedro dá uma trégua ao Pedro Nuno. “Isto é impressionante. Vocês podem testemunhar a força com que as pessoas estão, a vontade que têm. Era impossível ser melhor, é extraordinário”, reage. A arruada faz-se entre as pingas da chuva. Tal como Conceição Felgueiras, do alto da sua baixa estatura, vai furando a multidão, para ficar perto do secretário-geral socialista. "O PS não tem medo de nada. Aqui está ganho, no resto vai-se a ver".
O cardume socialista vai alimentando a multidão. Há Manuel Pizarro, ministro da Saúde. Há Francisco Assis, cabeça de lista pelo Porto. Mas o mulherio está aqui para ver o líder. É Céu Salazar, que se dedica à renda de bilros, quem o garante. "Veja lá como elas se aproximam para tirar uma foto perto dele". Ri-se. Ri-se muito.
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Hoje, nas Caxinas, a pescaria foi boa. "Tem ali um grande espadarte". Segue-se um palavrão usado como vírgula. A mão esquerda de Céu em direção ao céu, com o punho fechado. "Estamos aqui para o ajudar". E o povo - não só o mulherio - vibra quando Pedro Nuno critica a "arrogância" dos que achavam que iam ganhar (boca para a AD) e quando diz que "este país que se fez no mar, que se construiu no mar, nunca vai esquecer quem se faz ao mar todos os dias".
Palavrões, muitos palavrões. E um vaso atirado da varanda: o primeiro incidenteÉ de uma outra varanda, desta vez em Guimarães, que nasce o primeiro incidente da campanha socialista. Já lá vamos. Porque há muita arruada feita quando ele acontece.
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"Bandeiras de Portugal já não tenho, já foram todas. Mas tenho do PS, que é o que mais importa". A Juventude Socialista não tem mãos a medir. Maria do Carmo Coutinho conseguiu arranjar uma bandeira do partido. Quando Pedro Nuno Santos mergulha no povo, ela não contém o grito. "Vão-me matar o homem". Fura a confusão, sempre na tentativa de um beijo. "Quando foi o Costa, sim, dei-lhe um beijo".
Spoiler: desta vez, Maria do Carmo não consegue. Mas era vê-la, a defender o novo secretário-geral, a gritar "badalhoco, badalhoco, badalhoco" quando acontece o primeiro momento de tensão da campanha. Já tinha havido alguns descontentes a mandar bocas, mas aqui a coisa escala.
Na varanda, um homem grita palavrões, mostra os dedos do meio das mãos, agarra o genital por cima das calças de fato de treino à passagem da caravana. A multidão socialista procura abafá-lo. Pedro Nuno Santos segue, com José Luís Carneiro ao lado. Mas o homem não desiste. Vários minutos a afrontar quem passa. Até que atira um vaso de flores, cheio de terra.
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Noutra varanda, um pouco mais à frente, um pouco mais imponente, Pedro Nuno volta a ver o povo do alto. "Vamos ganhar, vamos ganhar". E põe as mãos cruzadas sobre o peito em agradecimento. As mesmas mãos que, já vai o carro do candidato em movimento, se segura às de uma idosa que fez questão de estar ao pé dele até ao fim.
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Diz-se que não há duas sem três. Vizela confirma-o. O som dos bombos abafa as palavras, aos jornalistas, sobre o sucedido em Guimarães. Pedro Nuno reage "com serenidade, respeito por quem pensa diferente. A democracia é isso - visões diferentes que devem ser partilhadas com serenidade, tranquilidade, com respeito pelos outros. É sempre isso que nós fazemos, é uma das nossas conquistas - a democracia, o direito a escolher quem queremos".
E, por este bastião, o povo parece já ter escolhido bem quem quer. O presidente da câmara, Victor Hugo Salgado, lembra a maioria absoluta de 2022. Parte para os ataques à AD. "Cortou-nos os feriados", grita o senhor Clemente na primeira fila. E volta-se a Luís Montenegro. "Se ele perder as eleições, acham que ele vai para Espinho?". "Não, vai para o Chega", responde a multidão.
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José Luís Carneiro, cabeça de lista por Braga, aproveita o palco para entregar um cravo a Pedro Nuno Santos. É de uma idosa que não conseguiu chegar ao candidato. "Todos sabemos o que significa". No meio de tanto beijo, há sempre quem fique em falta. "Vamos trabalhar até ao último dia, para Portugal ter uma grande vitória", garante o secretário-geral socialista.
O PS quer os confetis de Vizela espalhados pelo país.
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