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Ministro da Cultura diz que "não vale a pena" Joe Berardo utilizar "tática de litigância"

“Talvez no passado essa tática tenha funcionado, mas garanto que hoje não vai funcionar e, portanto, eu aguardarei com enorme tranquilidade as decisões dos tribunais”, acrescentou o governante

O ministro da Cultura disse hoje que “não vale a pena” o empresário Joe Berardo utilizar uma “tática de litigância”, na sequência da denúncia do Estado sobre acordo de comodato para a coleção de arte.

“Não vale a pena esta tática de litigância indomável do senhor Berardo, e com esta posição paradoxal que é, numa semana, o mundo está organizado contra o senhor Berardo, passado duas semanas o senhor Berardo quer negociar com o mundo que há quinze dias dizia que estava organizado para conspirar com o senhor Berardo”, disse Pedro Adão e Silva.

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O ministro da Cultura, que falava aos jornalistas em Elvas (Portalegre), à margem das comemorações dos 15 anos do Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE), reagia à posição do empresário José Berardo que alegou na sexta-feira-feira que a denúncia do Estado sobre acordo de comodato para a coleção de arte é ineficaz por falta de documentação, e manifestando disponibilidade para retomar "negociações interrompidas" com o Ministério da Cultura.

“Há 15 dias havia uma conspiração dos bancos, do Ministério da Cultura, do Ministério da Justiça contra o senhor Berardo, o senhor Berardo processava os bancos, processava o Estado, agora já quer negociar com aqueles que processava há 15 dias”, recorda Pedro Adão e Silva.

“Talvez no passado essa tática tenha funcionado, mas garanto que hoje não vai funcionar e, portanto, eu aguardarei com enorme tranquilidade as decisões dos tribunais”, acrescentou o governante.

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Pedro Adão e Silva recordou ainda que o protocolo com Joe Berardo previa que “bastava qualquer das partes denunciar para haver denuncia do contrato.

“Imaginemos o absurdo que seria um equipamento que é do Estado, o Centro Cultural de Belém (CCB) ser um obstáculo à denuncia pela parte do Ministério da Cultura, isso não faz nenhum sentido”, disse.

Numa carta da Associação Coleção Berardo enviada na quinta-feira ao ministro da Cultura e divulgada na sexta-feira, o empresário e colecionador refere a "ineficácia da denúncia" sobre o acordo de comodato do Museu Coleção Berardo, porque entender que foi feita apenas pelo Estado, faltando ainda a denúncia por parte da Fundação Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde a coleção está depositada.

José Berardo considera, por isso, que, com a falta da denúncia por parte do CCB e tendo expirado o prazo para o fazer, o protocolo entre o empresário e o Estado, para a cedência e exposição pública da coleção de arte, é renovado por mais seis anos, a contar a partir de 01 de janeiro de 2023.

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O empresário perdeu, em junho passado, um pedido de providência cautelar para travar a denúncia do Estado sobre acordo de comodato, e apresentou recurso ao Tribunal Central Administrativo Sul.

Na carta enviada esta semana ao ministro Pedro Adão e Silva, o empresário madeirense manifestou-se disponível para retomar "as negociações interrompidas, no mais curto prazo" sobre o futuro da coleção de arte, atualmente arrestada.

José Berardo foi detido a 29 de junho de 2021, tendo ficado indiciado de oito crimes de burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada, dois crimes de abuso de confiança qualificada e um crime de descaminho. Acabou por ser sujeito a uma caução de cinco milhões de euros e a proibição de sair do país sem autorização do tribunal.

No final de maio, o Governo anunciou que iria denunciar o protocolo assinado entre o Estado e o colecionador, com efeitos a 01 de janeiro de 2023.

A coleção - que continua patente no CCB - inclui obras de artistas como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Picasso, Chagall e Andy Warhol, além de artistas portugueses como Rui Chafes, José Pedro Croft, Jorge Molder e Fernanda Fragateiro.

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