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Empresa da Covilhã deteta enzima que pode travar doença de Parkinson

Previsões apontam para que este processo se desenvolva até ao primeiro trimestre de 2024

Uma empresa com sede na Covilhã está na fase de conclusão dos testes pré-clínicos de uma enzima responsável por produzir stress oxidativo que pode ser moldada para níveis que permitam evitar a progressão da doença de Parkinson.

A NeuroSoV tem contactos agendados com empresas da indústria farmacêutica a quem prevê vender a licença da molécula em que tem trabalhado, para que sejam feitos os ensaios clínicos e, se tudo correr como esperado, o candidato a medicamento possa ser disponibilizado no mercado, um processo moroso e dispendioso, salientou uma das cofundadoras da ‘spin-off’ da Universidade da Beira Interior (UBI), Dina Pereira.

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“A ideia é a de os ensaios clínicos já serem feitos por uma indústria que nos compre a licença. Isto é o que vai acontecer”, acrescentou a doutorada em Engenharia e Gestão Industrial, que destacou as perspetivas muito promissoras e os contactos que têm tido por parte “de farmas”.

As previsões da responsável apontam para que esse processo se desenrole até ao primeiro trimestre de 2024.

A neurocientista Ana Clara Cristóvão, que há 17 anos investiga doenças neurodegenerativas, explicou à agência Lusa que a enzima detetada responsável por produzir stress oxidativo, e que na doença de Parkinson tem uma função patológica, porque contribui para a morte de neurónios produtores de neurotransmissores que ajudam no controlo motor, pode ser ajustada para níveis que evitem a progressão da patologia e permita que os doentes permaneçam no primeiro estádio da doença, com independência e tendo uma vida quase normal.

Os testes pré-clínicos, em que falta fazer os ensaios de segurança de longa duração, permitiram concluir, para já, com base na observação feita em ratos nos quais foi induzida a doença, que o tratamento com a molécula em investigação previne que os animais desenvolvam a disfunção motora que acontece normalmente na doença de Parkinson, enfatizou a cofundadora da NeuroSov, instalada no UBImedical, incubadora de empresas nas áreas da saúde e ciências da vida. 

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Ana Clara Cristóvão pormenorizou que o que existe no mercado ajuda os doentes a lidarem com os sintomas da doença, enquanto a molécula em que estão a trabalhar não pretende substituir essa solução, mas fazer com que os neurónios que ainda estão funcionais no doente permaneçam funcionais e vivos durante mais tempo, de maneira a responderem de forma mais eficaz às terapias que existem no mercado para os sintomas para a doença neurodegenerativa, ainda sem cura.

“As outras linhas de investigação estão muito focadas na correção de mutações genéticas que existem numa parte dos doentes de Parkinson. A nossa não, tem um alvo terapêutico generalista que controla diferentes mecanismos patológicos”, vincou, em declarações à agência Lusa, a professora auxiliar na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI e investigadora no Centro de Investigação em Ciências da Saúde.

As responsáveis da NeuroSoV frisaram que a empresa não está vocacionada para a produção, mas para o desenvolvimento e investigação, e revelaram estarem a trabalhar na utilização de um método que permita também a prevenção dos processos oxidativos na Esclerose Lateral Amiotrófica e na doença de Alzheimer.

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