A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) não tem dúvidas em classificar o atual momento da economia mundial como sendo extremamente desafiador e que por isso exige a tomada de medidas corajosas por parte das autoridades governativas e monetárias.
No centro da avaliação da OCDE estão as pressões inflacionistas causadas por um histórico choque energético que está a levar os bancos centrais a atuarem intensamente no mercado monetário com subidas severas das taxas de juro, criando mais dificuldades a empresas, famílias e aos próprios Estados para pagarem as suas dívidas.
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O cenário central das últimas projeções económicas da OCDE divulgadas esta terça-feira não apontam para uma recessão global, mas para um abrandamento significativo do crescimento da economia mundial para 2023, com a equipa de economistas da OCDE liderada por Álvaro Santos Pereira a antecipar um crescimento do PIB de 2,2% no próximo ano, cerca de dois terços abaixo do crescimento de 3,1% projetado para este ano e 0,6 pontos percentuais abaixo do previsto em junho do ano passado.
No entanto, Álvaro Santos Pereira, economista-chefe da OCDE, refere que os riscos para a economia mundial “permanecem a ser significativos”, sublinhando que o mundo vive a “pior crise energética desde a década de 1970” que está a provocar enormes pressões sobre todos os agentes económicos e todos os países.
Na luta contra o aumento generalizado dos preços, o ex-ministro da Economia de Portugal defende que a política fiscal deve funcionar de mãos dadas com a política monetária. “Isto significa que o apoio político para proteger as famílias e as empresas do choque energético deve ser direcionado e temporário, protegendo as famílias e as empresas vulneráveis sem aumentar as pressões inflacionistas e o peso da dívida pública.”
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Todavia, o economista-chefe da OCDE chama a atenção para que “uma vez que é provável que os preços da energia permaneçam elevados e voláteis durante algum tempo, as medidas não direcionadas para manter os preços baixos tornar-se-ão cada vez mais inacessíveis, e poderão desencorajar as necessárias poupanças de energia”.
Para que o mundo evite entrar numa recessão e possa sair deste período de crise mais rapidamente, Santos Pereira atira a responsabilidade para os governos, referindo que estes devem tomar medidas políticas corajosas. “É tempo de os governos voltarem às políticas estruturais para enfrentarem algumas das questões atuais mais prementes”, sublinha o economista, deixando uma receita assente em três pontos para os próximos anos:
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