Morreu Nuno Júdice, um dos maiores nomes da poesia contemporânea nacional, de acordo com uma nota publicada no site da Presidência da República. Tinha 74 anos.
“À sua família, e em especial à sua mulher, Manuela Júdice, o Presidente da República manifesta o seu sincero pesar e a sua gratidão e homenagem”, pode ler-se na publicação.
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Nuno Júdice nasceu na Mexilhoeira Grande, em Portimão, no distrito de Faro, em 1949. Foi professor associado da Universidade Nova de Lisboa, instituição onde se doutorou em 1989 com a tese “O espaço do conto no texto medieval”.
A Presidência destaca ainda a “obra poética e o trabalho de décadas em diferentes instituições foram um contributo maior para a singularidade, o cosmopolitismo e a projeção da literatura portuguesa” de Nuno Júdice.
O poeta é ainda relembrado como um "autor decisivo numa época de transição da poesia portuguesa, entre as tendências experimentais da década de 1960 e o tom mais quotidiano dos anos 80 e seguintes. E mesmo no contexto da geração de 70, a que pertencia, não se parecia com nenhum outro, com os seus versos por vezes longos, discursivos, meditativos, o tom tardo-romântico, as interrogações sobre a noção de poema, mais tarde o pendor evocativo, melancólico ou irónico".
“Um dos mais prolíficos poetas portugueses, e um dos mais traduzidos, era o mais reconhecido internacionalmente, e recebeu, entre muitos outros, o Prémio Ibero-Americano Rainha Sofia”, destaca a Presidência da República.
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Poeta, ensaísta e ficcionista, Nuno Júdice foi, até 2015, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Júdice desempenhou o cargo de diretor da revista literária Tabacaria (1996-2009) e foi comissário para a área da Literatura da representação portuguesa na 49.ª Feira do Livro de Frankfurt.
Desempenhou funções como conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris (1997-2004) e diretor do Instituto Camões na capital francesa.
Organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa'94 - Capital Europeia da Cultura, e dirigiu a Revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Literariamente, estreou-se em 1972 com o livro de poesia "A Noção de Poema".
Ao longo da carreira literária, Nuno Júdice foi distinguido com diversos prémios, entre os quais o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana, em 2013, o Prémio Pen Clube, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus.
Recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, por "Meditação sobre Ruínas", finalista do Prémio Europeu de Literatura.
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