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Parteira desenvolve modelo matemático para prever semana de parto

Modelo permite prever se uma mulher vai dar à luz na semana seguinte à última amostra de saliva após 37 semanas. A precisão é de 79,83%

A previsão da data do nascimento do bebé é um dos principais desafios na obstetrícia e os mecanismos para a calcular dependem principalmente da interação entre fatores hormonais, onde o sistema endócrino materno-fetal desempenha um papel crucial na evolução da gestação, e a preparação do feto para a vida extrauterina. Mas agora um novo modelo matemático promete prever melhor o dia do parto.

A ideia partiu da parteira Silvia Alonso Marín, que embarcou no desenvolvimento de um modelo matemático para a previsão do início do trabalho de parto a partir das 37 semanas de gestação. "A proposta para este estudo veio do meu supervisor de tese, Juan Carlos Illera - professor na Universidade Complutense de Madrid (UCM) e membro da Real Academia de Ciências Veterinárias de Espanha - e Sara Cáceres Ramos, professora assistente no Departamento de Fisiologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária. Neste departamento tinham observado que a determinação do sulfato de estrona nas vacas podia prever a viabilidade da gestação no gado. Além disso, a mãe do meu professor era também parteira e eu estava curiosa em investigar a influência desta hormona na gestação humana", explica ao jornal El Mundo.

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Para tal, os níveis de sulfato de estrona, estriol, progesterona e cortisol foram analisados em amostras de saliva de 106 mulheres saudáveis, que foram recolhidas a partir da 34ª semana de gestação. Foi aplicado um modelo aleatório de previsão da semana de parto.

"Com a análise hormonal de estrol, progesterona, cortisol e sulfato de estrona, podemos prever se a mulher dará à luz na semana seguinte à última amostra - a partir da semana 37”, disse a parteira.

Para além do modelo matemático, observou-se que as elevações hormonais no segundo trimestre pareciam estar relacionadas com marcos importantes do desenvolvimento fetal, de acordo com as conclusões da tese de doutoramento de Silvia Alonso Marín, cujos resultados podem servir de preliminares para iniciar uma investigação mais ambiciosa e alargar o estudo a um maior número de amostras e a uma população mais diversificada.

"As análises hormonais no segundo e terceiro trimestres permitiriam, em primeiro lugar, detetar alterações nos níveis hormonais durante o segundo trimestre que podem afetar o desenvolvimento fetal, bem como determinar uma data de parto aproximada utilizando o modelo matemático desenvolvido".

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Contudo, Silvia Alonso Marín recorda-nos que os processos hormonais relacionados com o início do trabalho de parto são ainda complexos e desconhecidos. "A interacção adequada biomolecular, imunológica e endócrina entre mãe, placenta e feto é essencial para a manutenção dos processos de gestação e nascimento”, acrescenta.

Alonso Marín explica que o desenvolvimento de um modelo matemático que prevê a data do parto com amostras salivares a partir da 34.ª semana em mulheres grávidas pode também melhorar a gestão dos recursos nas unidades de maternidade com base nos partos previstos, bem como reduzir o número de induções para uma gravidez prolongada. "Este é um método novo que pode melhorar a atribuição de recursos de saúde de acordo com o número de nascimentos e reduzir o número de induções para uma gestação prolongada. Se soubermos, por exemplo, que uma mulher na sua 40.ª ou 41.ª semana irá dar à luz precisamente na semana seguinte, evitaremos muitas intervenções desnecessárias, tal como os riscos associados".

A inclusão de análises hormonais e modelos matemáticos na monitorização da gravidez poderia também "contribuir para melhorar a sobrevivência fetal", diz a parteira, sublinhando que o estudo foi realizado com mulheres grávidas saudáveis e de baixo risco, "mas se no futuro pudesse ser realizado com amostras de mulheres grávidas de alto risco, mais conclusões vão poder ser tiradas".

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