Há sempre um motivo para um procedimento estético. Normalmente, dizem as especialistas, é sobretudo uma questão de bem-estar, de autoestima. Mas há também, cada vez mais, a pressão de ser como os outros que vemos nas redes sociais.
“O tabu está a acabar. Ainda bem, porque estamos numa sociedade cada vez mais virada para a liberdade. E a liberdade passa por podermos fazer tratamentos e cirurgias sem que isso tenha uma conotação negativa”, resume a cirurgiã Sofia Carvalho.
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Há tratamentos para todos os gostos e bolsos. Alguns custam milhares, apostando na tecnologia, com a promessa de serem “definitivos”. E quem os faz nem sempre quer mostrar o resultado ao mundo: uma das áreas mais badaladas é a dos procedimentos estéticos na zona genital. Inclusive para aqueles que não estão satisfeitos com as dimensões que a natureza lhes deu.
A medicina estética é um mundo em constante mudança. Mas é um mundo que está longe de ser acessível a todos. Por isso há quem, sedento de um corpo perfeito, se entregue a quem não tem conhecimento técnico ou a quem acabe por lhes aplicar produtos tóxicos comprados na Internet. Todas as médicas ouvidas neste artigo reconhecem que lhes chegam cada vez mais casos de complicações. Nem sempre é possível reverter.
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Há muita gente a querer contrariar o tempo, a querer exibir um rosto jovem. Por isso, os tratamentos para contrariar a flacidez têm grande procura. Há os mais tradicionais, como a aplicação de botox ou ácido hialurónico, a partir de 350 euros.
E depois há os tratamentos topos de gama, onde a tecnologia é determinante. É disso exemplo o Endolift. “É um laser que funciona através de uma fibra ótica que não implica nem cortes nem injeções. É da espessura de um fio de cabelo. A fibra ótica atravessa a pele e, por dentro, faz o tratamento da flacidez”, explica a cirurgiã plástica Sofia Carvalho.
“Esta luz [vermelha] tem uma especificidade para a pele: faz uma biofotomodulação, ou seja, uma bioestimulação pela luz laser. Além disso, promove a retração, ou seja, os tecidos encolhem. E, portanto, a pele deixa de estar tão flácida e fica mais ajustada”, acrescenta.
Como é tão fino, este fio consegue passar a epiderme. Quase nem se sente, tirando na carteira: uma sessão com Endolift custa cerca de mil euros. Numa sessão de meia hora, um simples furo pode ter impactos numa área completa, como o pescoço. Ainda assim, é mais em conta do que uma sessão com um outro dispositivo semelhante, chamado Renuvion, a rondar os 2.500 euros. “Em vez de funcionar com laser, funciona com radiofrequência e gás hélio, também trabalhando na flacidez.”
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São soluções que seguem a tendência cada vez mais vincada na medicina estética de procedimentos menos invasivos. “Permitem tratar a flacidez e o excesso de pele que antigamente só se tratavam com cirurgia”, reforça a especialista. Para quem tem receio de agulhas, é sempre menos um obstáculo a ultrapassar.
Para quem tem problemas de falta de cabelo, a chamada calvície, há várias formas de atuar antes de se tornar inevitável o transplante capilar. Para recuperar a força do cabelo, uma das soluções passa por injeções de plasma rico em plaquetas, já lá vamos.
Porque queremos antes falar-lhe de um capacete, que a médica Isabel Hermenegildo, especialista também em medicina estética, explica estar numa fase de testes. E que prova que a luz vermelha pode ter muitos benefícios além do combate à flacidez.
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“Os LED infravermelhos vão reconstituir os tecidos aonde quer que que sejam usados.” Mas a luz, sozinha, não faz milagres. É preciso associá-la a uma vibração. “Descobrimos que a luz tem mais ou menos efeito se ela bater com ritmo, consegue ir mais longe, mais fundo. E onde é que a luz vai? À fábrica de energia da célula, à mitocôndria.” Um dispositivo como este que vê na imagem abaixo pode custar cerca de 600 euros ao cliente.
Sofia Carvalho admite que houve um tempo em que as cirurgias estéticas se reduziam a estas duas palavras: “maminhas e barrigas, barrigas e maminhas”. Era o chamado “mummy makeover”. Tornou-se “banal”. Daí que, no entretanto, tenha surgido um novo protagonista: o rabo.
“O que as pessoas procuram mais, neste momento, é ter uns glúteos bonitos. O tal bumbum bonito, sem celulite, sem aquele efeito casca de laranja. Dizemos até que os glúteos são a nova face. Toda a gente procura ter uns glúteos bonitos e sem celulite”, atesta Andreia Monteiro, especialista em Medicina Estética.
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E por isso mesmo, para dar cabo da celulite, há um novo tratamento com forte procura. Chama-se Goldincision: uma sessão pode custar qualquer coisa como 2.500 euros. Mas Andreia Monteiro assegura que os resultados são “definitivos”.
E como funciona? “Cortamos os septos da celulite. Aquele efeito de casca de laranja, que puxa a pele para dentro, vem cá para fora. Fica tudo lisinho”, explica.
Ao combinar bioestimulação de colagénio e descolamento subcutâneo, trata-se de um método diferente das técnicas tradicionais, como a drenagem linfática, porque age de dentro para fora.
É feito com anestesia local: “A pessoa pode voltar à sua vida normal logo a seguir.” Tem é de evitar exercício físico durante uma semana.
Há quem procure a fonte da eterna juventude. Mas parece que essa fonte, pelo menos para uma juventude mais duradoura, está mesmo dentro de nós: no nosso sangue. Uma das tendências da Medicina Estética é o seu caráter regenerativo, com vários tratamentos a recorrerem ao plasma rico em plaquetas – como já referimos acima, por exemplo, no tratamento da queda de cabelo.
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“Sabemos que ao centrifugarmos o sangue, há uma parte que é o plasma rico em plaquetas, que tem propriedades enormes de regenerar os tecidos. Estamos a usá-los para cicatrização, mas também no rejuvenescimento”, explica Isabel Hermenegildo.
Até para dar uma nova vida àquelas zonas que não costumam estar à vista de todos, como a vagina. Ou, no caso dos homens, para ajudar a contrariar a ejaculação precoce ou a disfunção erétil.
Sim, também lá em baixo se fazem tratamentos estéticos para contrariar os efeitos da passagem do tempo. E a procura, garante Isabel Hermenegildo, é cada vez maior. Ainda envolta em grande sigilo, mas maior.
“Uma vulva nova não. Mas retomarmos à antiga, fazermos uma restauração da antiga, isso, hoje em dia, é fácil”, diz. É possível, por exemplo, recorrer ao preenchimento dos grandes lábios com gordura e ácido hialurónico. Mas também no interior, na vagina, para permitir que a mulher fique mais lubrificada.
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Mas desengane-se quem pensa que este é um mundo só de mulheres. Os homens também batem à porta destes consultórios, por uma questão de dimensão ou de coloração. Os ‘peelings’ [para renovar a pele] nos órgãos genitais e na região perianal são muito procurados”. Talvez já tenha ouvido falar de branqueamentos anais e genitais. É por aí. “É mesmo muito, muito procurado”, diz a especialista.
Para muitos, o tamanho importa. Mas mexer no comprimento do pénis é “mais difícil” do que alterar a sua circunferência. Neste último caso, explica Isabel Hermenegildo, é “mais facilmente aumentável com gordura ou ácido hialurónico”.
Se se interessa por estes temas, provavelmente já se perguntou se há alguma altura do ano que seja melhor fazer um procedimento estético. E há uma resposta: o inverno, porque, além do frio, há menos exposição solar, o que ajuda na recuperação.
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É neste período que Andreia Monteiro aconselha fazer um dos seus tratamentos preferidos: um peeling antioxidante, onde o rosto é trabalhado à mão. “O objetivo é retirar a camada superficial da pele que está oxidada. Ao retirar a camada superficial da pele, ficamos com uma pele mais lisinha e mais bonita”, explica.
Um tratamento destes dura cerca de meia hora, custando 250 euros. São aplicadas diferentes camadas de ácido, que vão ajudar a pele a escamar. Recorre também a uma máquina de microagulhamento, ou seja, de agulhas muito pequenas, para que o produto atue de uma forma mais profunda, favorecendo a renovação da pele.
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