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Ministra da Saúde: "clima de confronto" no Hospital de Setúbal também afasta profissionais

Ouvida na Comissão de Saúde, Marta Temido garantiu que tudo tem sido feito para resolver as dificuldades estrurais nesta insituição. Para o próximo ano está previsto um investimento de sete milhões de euros no Centro Hospitalar de Setúbal

"A situação do Hospital de Setúbal é decididamente uma situação de dificuldades, desde há muitos anos", admitiu a ministra da Saúde, Marta Temido, lembrando que a questão do financiamento é "estrutural" e já atravessou "vários governos".

Ouvida esta quarta-feira de manhã na Comissão de Saúde da Assembleia da República, a requerimento do PCP, sobre as dificuldades sentidas no Centro Hospitalar de Setúbal, - no que toca a "financiamento, instalações, carência de recursos humanos e equipamentos" - Marta Temido afirmou que "o investimento que tem sido no SNS no reforço dos recursos humanos também aconteceu em Setúbal".

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Segundo a ministra, atualmente o SNS tem "mais 28 mil profissionais do que tinha em 2015", dos quais 11 mil são enfermeiros e mais de quatro mil são médicos especiailistas. Assim, o Hospital de Setúbal tem mais 401 profissionais: entre os quais 37 médicos e 155 enfermeiros.

"Apesar deste reforço que tem sido feito, sabemos que este é um hospital com carências recorrentes em algumas especialidades", admitiu a ministra, sublinhando que, por isso, foram abertas aqui vagas com incentivos. "Entre 2016 e 2021 foram atribuídos a Setúbal 155 postos de trabalho", no entanto só foram preenchidos 81.

"Temos aqui, portanto, uma dificuldade de atratividade de recursos humanos", concluiu a responsável, explicando que esta falta de atratividade pode dever-se em parte às condições de trabalho mas lembrou também que "por vezes uma intranquilidade sobre o funcionamento de uma instituição é o pior cartão de visita para atrair profissionais".  É preciso "conquistá-los para projetos de trabalho" e para isso não se deve "passar uma imagem que a instituição vive dificuldades e num clima de confronto".

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Recorde-se que no início de outubro, o diretor clínico do Hospital de Setúbal e outros 86 médicos apresentaram a demissão devido à "situação de rutura" em diversos serviços, como o de urgência, nos blocos operatórios, na oncologia, na maternidade e na anestesia, entre outros.

No que toca ao financiamento, Marta Temido sublinhou que nos últimos três anos houve um investimento de mais de quatro milhões de euros em equipamentos diversos. Para o proximo anos está previsto um investimento de mais sete milhões de euros, disse.

Isto, além da construção do novo Serviço de Urgência. Marta Temido referiu ainda que a reclassificação da unidade hospitalar (do grupo C para o grupo D) está em análise e garantiu que, se tiver condições técnicas, avançará.

Nas suas intervenções a ministra da Saúde recordou as várias medidas que foram tomadas nos últimos anos, recordando que para resolver todos os problemas do SNS "é preciso tempo": "Ainda não fomos capazes de  nos unirmos para fazer todas as transformações que é necessário fazer no Serviço Nacional de Saúde", disse. Em cima da mesa, estão vários temas, entre os quais Marta Temido destacou a devolução da autonomia às instituições para contratarem os profissionais de que precisam; a harmonização dos dois regimes - contrato individual de trabalho e contrato em função pública; a majoração do trabalho suplementar, uma vez que "o limite de 150 não é possível de ser respeitado" e a dedicação plena: "Queremos ter mecanismos que incentivem quem resolve melhor os problemas dos utentes e esperamos vir a negociar este regime numa lógica de incentivos", disse.

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