A ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, disse este sábado, em Torre de Moncorvo, distrito de Bragança, que aguarda a ida ao Parlamento para esclarecer as suas declarações sobre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
“Sobre esta matéria não tenho mais nada a acrescentar. Aguardo a minha ida ao Parlamento para esclarecer aquilo que disse e aquilo que outros disseram. Mas, verdadeiramente, para poder elucidar os senhores deputados e os portugueses do trabalho do Governo, e do Ministério da Agricultura em particular, para fazer face ao momento difícil que vivemos", disse Maria do Céu Antunes.
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Na quarta-feira, instada pelos jornalistas a responder a críticas dirigidas à tutela pelo secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que disse ser “inexistente” a resposta do Governo para mitigar o impacto da seca no setor da produção e alimentação animal, a ministra devolveu a pergunta.
“É melhor perguntar porque é que durante a campanha eleitoral a própria CAP aconselhou os eleitores a não votar no Partido Socialista”, retorquiu.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) classificou como “perplexizantes” as declarações da ministra da Agricultura e defendeu carecerem de explicação.
Na sequência, a Iniciativa Liberal apresentou um requerimento para ouvir no parlamento a ministra da Agricultura sobre a resposta da tutela à situação de seca no país, criticando as declarações de Maria do Céu Antunes, enquanto o Chega exigiu "um pedido formal de desculpas” à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e aos agricultores.
As declarações de Maria do Céu Antunes foram também condenadas pelo secretário-geral do PSD, Hugo Soares, que classificou como “descabelada” a reação da ministra da Agricultura às críticas da CAP.
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Entretanto, em declarações à CNN Portugal, Luís Mira, Secretário-Geral da CAP - Confederação dos Agricultores Portugueses, insistiu que os agricultores ainda não receberam os apoios prometidos pelo Estado para combater a seca e no âmbito da guerra na Ucrânia. O dirigente queixou-se ainda de bullying político. "Estamos a ser discriminados em relação aos agricultores na Europa. Recebemos muitos anúncios, mas nenhum dinheiro".
Governo disponibiliza 500 mil euros para agricultores afetados por incêndiosA ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, anunciou que serão atribuídos 500 mil euros aos agricultores afetados pelos incêndios, através de novo despacho do Governo.
“Este despacho foi assinado ontem [sexta-feira] e atribui 500 mil euros aos agricultores afetados pelos incêndios para os ajudar na alimentação animal. Estamos também a distribuir açúcar pelos apicultores afetados, com a colaboração das direções regionais de agricultura”, concretizou a governante na ExpoMocorvo, que decorre em Torre de Moncorvo.
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Por outro lado, Maria do Céu Antunes disse ainda que foi prorrogado o prazo, a pedido das confederações [da lavoura], para a atribuição de cerca de 27 milhões de euros a setores como os da suinicultura, do leite, das aves e dos ovos.
Maria do Céu Antunes disse ainda que, na sequência de trabalho com as confederações, serão atribuídos, no âmbito do desenvolvimento rural e com verba do Orçamento de Estado de cerca de 57 milhões de euros, apoios a vários setores agrícolas, “seja a hortofloricultura, os pequenos ovinos, caprinos ou bovinos ou ainda a culturas temporárias, permanentes, de sequeiro ou regadio”.
Segundo a ministra, são montantes que podem ajudar os agricultores no período pós covid-19, com o problema da seca ou consequências da guerra na Ucrânia.
Outra das promessas deixadas pela ministra passa pela aposta em regadios coletivos e mais eficientes na região transmontana, em articulação com os autarcas locais.
Ao nível dos apoios às raças autóctones, Maria do Céu Antunes, deixou a garantia de que no próximo ciclo de investimentos haverá um aumento de cerca de 60% aos produtores.
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“Atualmente, as raças autóctones têm um apoio de 15 euros por animal, e o qual passará no próximo ciclo de investimentos para os 24 euros por cabeça”, disse.
Para o autarca de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, estas medidas anunciadas durante a Expomoncorvo são bem-vindas, “mas não se podem perder nas teias da burocracia, já que se trata de um território de população envelhecida”.
A ExpoMoncorvo decorre ao longo de todo o fim de semana e junta uma centena de expositores, com destaque para a agropecuária e raças autóctones.
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