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Primeiro-ministro chinês afastado da liderança do Partido Comunista

Nome de Li Keqiang não constava na lista do novo Comité Central, uma espécie de parlamento do Partido Comunista Chinês com cerca de 200 membros

Li Keqiang, o primeiro-ministro da China e principal defensor das reformas económicas no país, está entre quatro dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista (PCC) que vão ser afastados. O seu nome não constava na lista do novo Comité Central, uma espécie de parlamento do Partido Comunista Chinês com cerca de 200 membros.

À CNN Portugal, Tiago André Lopes, especialista em Diplomacia, considera que a não recondução de Li Keqiang segue apenas o cumprimento da lei. 

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“É uma questão normal. Há uma regra formal do Partido Comunista Chinês, que vem da Constituição de 1982, que estabelece que, a partir dos 69 anos, eles não são reconduzíveis para novo mandato. A China aprendeu com os erros da União Soviética, a ideia é evitar ter líderes políticos demasiado velhos, para evitar aquela fase de Andropov e Brezhnev. A China corrigiu isso e, com algumas exceções, não são reconduzidos após os 69. Já sabíamos que Li Keqiang não ia a jogo”.

O académico da Universidade Portucalense destaca, no entanto, um acontecimento relevante em torno deste congresso.

"O que é surpreendente é que um dos candidatos a primeiro-ministro, Wang Yang, que é muito próximo de Xi Jinping, não está presente no Congresso. A sua ausência, sim, é significativa. Yang era, até há uma semana, presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, uma espécie da câmara baixa do parlamento que é apenas, como diz o nome, consultiva. Era apontado como um possível próximo primeiro-ministro, mas não apareceu no Salão. Demonstra que haverá um outro primeiro-ministro que não será este”, diz o professor, que perspetiva que Hu Chunhua, atual vice-primeiro-ministro, possa ascender a esse cargo.

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Terceiro mandato de Xi quebra limite não oficial de dois mandatos

A lista foi aprovada no sábado, durante a sessão de encerramento do 20.º Congresso do PCC, que durou uma semana e definiu a liderança e a agenda política do país para os próximos cinco anos.

Apenas membros do Comité Central podem servir no Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.

Os outros três membros que foram afastados são o secretário do Partido Comunista no município de Xangai, Han Zheng, o chefe do órgão consultivo do Partido, Wang Yang, e Li Zhanshu, um antigo aliado de Xi e presidente da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China.

O PCC aprovou também uma emenda à sua carta magna que eleva o estatuto de Xi Jinping como líder indiscutível da China.

Xi emergiu durante a sua primeira década no poder como um dos líderes mais fortes na História moderna da China, quase comparável a Mao Zedong, o fundador da República Popular, que liderou o país entre 1949 e 1976.

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Um terceiro mandato de Xi quebra um limite não oficial de dois mandatos, que foi instituído para tentar evitar os excessos do poder absoluto que marcaram o reinado de Mao.

O texto da emenda não foi divulgado imediatamente, mas, antes da sua aprovação, um locutor referiu os motivos por detrás da decisão, mencionando repetidamente Xi e os seus “feitos” na modernização das Forças Armadas e da economia e no reforço da autoridade do Partido.

Nos seus breves comentários finais, Xi apontou que a revisão “estabelece requisitos claros para manter e fortalecer a liderança geral do Partido”.

No congresso anterior, em 2017, o PCC elevou já o estatuto de Xi ao consagrar as suas ideias – conhecidas como “Pensamento de Xi Jinping” – na sua carta magna.

A elevação do seu pensamento ideológico torna qualquer crítica às diretrizes de Xi num ataque direto ao Partido e sinaliza amplo apoio ao líder chinês entre a elite política do país, segundo observadores.

Congresso do Partido Comunista Chinês termina hoje

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O 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que termina este sábado em Pequim, vai ser acompanhado de anúncios que vão moldar o futuro político da China nos próximos cinco anos.

A formação do novo Comité Central do PCC é hoje apresentada, mas só no domingo, no final do seu primeiro plenário, é que é divulgada a composição do Politburo e do Comité Permanente do Politburo.

O evento, o mais importante da agenda política da China, realiza-se a cada cinco anos.

A análise consensual aponta para a atribuição de um terceiro mandato a Xi Jinping, o atual secretário-geral da organização, mas os observadores vão estar atentos às entradas e saídas da cúpula do poder na China.

O Comité Central do PCC, uma espécie de parlamento do Partido Comunista, é composto por 200 delegados. O núcleo duro é o Politburo, que integra 25 membros.

O poder de decisão está nas mãos do Comité Permanente do Politburo, um grupo atualmente composto por sete homens, incluindo o secretário-geral Xi Jinping.

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