Provocadores, divertidos, rebeldes, radicais. Os cartazes expostos nesta coleção representam tantas vozes quanto os pedaços de cartão aqui expostos. E são muitas vozes, que podem ser agrupadas em grandes temas como a luta feminista ou o combate contra a gentrificação.
"O grande princípio desta coleção é o «Não me calo!». É a expressão individual do discurso que cada um quer ter", explica José Pacheco Pereira, que nos conduz nesta pequena amostra saída do arquivo da Associação Cultural Ephemera. O arquivo conta já com 700 cartazes, nem todos cabem na exposição que cobriu duas salas e o hall de entrada da Biblioteca Municipal do Barreiro com frases de ordem e de protesto.
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A coleção começou há cerca de oito anos, com os cartazes das manifestações contra a troika, mas entretanto já se lhes juntaram outros mais antigos, anteriores ao 25 de abril.
Olhando para os cartazes, podemos tentar adivinhar quem é que os segurou. Eles "são reveladores da idade, da geração de quem o faz", nota Pacheco Pereira. Os mais velhos usam uma linguagem que "é fácil de reconhecer", os mais novos, por exemplo, usam o inglês. "Não é porque esperam que sejam ingleses a ver os cartazes, o inglês é hoje uma língua internacional".
A organização da exposição inspirou-se na música de Sérgio Godinho. Os cartazes estão divididos em secções como a Paz, o Pão, a Habitação, a Saúde e a Educação, onde cabem as reinvindicações mais antigas, como a precariedade laboral e a habitação social, e as mais novas, como o feminismo, as questões LGBT ou as greves estudantis pelo clima.
A produção artesanal dos cartazes é visível, mas o que conta são as palavras que cada um decidiu escrever no seu pedaço de cartão. "Isto é aquilo que as pessoas querem dizer, individualmente consideradas numa manifestação. Mesmo que na manifestação haja elementos coletivos, organizações, sindicatos, partidos, isto é a voz individual de cada pessoa", destaca Pacheco Pereira.
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E há um cartaz, simples e provocador, que o historiador gosta de salientar nesta mostra. Um pedaço de cartão rectangular, onde alguém desenhou com letras maiúsculas, a preto e vermelho, a seguinte interpelação: "Se Deus não gosta dos gays porque os fez tão lindos?".
Não é apenas um cartaz com uma pergunta. Aquele pedaço de cartão, como todos os outros que aqui estão, é uma pessoa.
A exposição "Liberdade (a sério) inaugura este sábado, dia 23 de abril, às 17h00 na Biblioteca Municipal do Barreiro. A exposição pode ser vista até ao dia 28 de maio.
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