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Duas menores de 10 e 12 anos foram violadas repetidamente ao longo de meses numa zona degradada da cidade italiana de Caivano

Não é o único caso que está a chocar o país: há duas semanas um grupo de sete jovens foi acusado de violar uma rapariga de 19 anos - levaram-na para um armazém isolado onde a violaram e espancaram, filmaram tudo. Quando foi revelada a identidade da rapariga, a página de Instagram dela ficou repleta de insultos (nota do editor: este texto contém descrições e linguagem explícitas que podem ferir a suscetibilidade dos leitores)

Duas raparigas de 10 e 12 anos foram violadas repetidamente ao longo de meses numa zona degradada da cidade italiana de Caivano, nos arredores de Nápoles. As duas menores, primas, cresceram em famílias problemáticas em habitações públicas no bairro de Rione I.A.C.P.. Após se ter sabido o que aconteceu, um tribunal de menores decidiu transferi-las para uma família de acolhimento. O caso está sob investigação e nenhuma acusação foi feita ainda, embora se suspeite que o crime foi cometido por um grupo de seis adolescentes, entre os quais dois filhos de membros da Máfia.

O crime só se tornou notícia na semana passada, A afirmação causou polémica, sobretudo entre políticos e ativistas de esquerda. A primeira-ministra não fez qualquer comentário.

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A ideia de que as ações ou o vestuário das mulheres podem desencadear violência existe até nos tribunais em Itália. Este ano, por exemplo, um tribunal de Florença absolveu dois jovens de 19 anos acusados de violar uma rapariga de 18 anos numa festa concluindo que houve uma “perceção equivocada de consenso”, uma vez que ela tinha dormido com um deles no passado. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e as autoridades da ONU já condenaram várias vezes os tribunais italianos por decisões em casos de violação que utilizaram linguagem ofensiva: um absolveu o acusado e disse que ele tinha sido “apaixonado” e outra vítima foi definida como “desinibida”.

Este tratamento desencoraja as mulheres a denunciarem os abusos, diz ao New York Times Ilaria Boiano, advogada da associação Differenza Donna, que gere o número de emergência nacional para mulheres vítimas de violência. “Os últimos casos são apenas a ponta do iceberg, infelizmente. Muitas mulheres nem sequer fazem a denúncia.”

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