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Governo espera que os portugueses comprem mais carros (e assim ganhar mais 59 milhões de euros). Mas o setor não está tão confiante

Há múltiplos fatores de incerteza, que podem travar as perspetivas de Fernando Medina para os impostos automóveis. Dos semicondutores aos combustíveis, a associação do setor não antecipa evoluções ao mesmo ritmo

Mais 59 milhões de euros. É quanto o Governo prevê encaixar, este ano, com o Imposto Sobre Veículos (ISV), que se paga quando se compra um carro novo. O ministro das Finanças, Fernando Medina, justificou o valor com “as perspetivas de evolução de mercado”.

Mas o mercado, ou pelo menos a associação que o representa, tem uma perspetiva diferente do Governo. Helder Barata Pedro, secretário-geral da ACAP, não antecipa um crescimento tão acelerado. “Infelizmente, se calhar não chegamos lá”, resume, apesar da pressão inflacionista no setor.

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E porquê? Porque há vários fatores a influenciar negativamente o setor. A começar pela crise dos semicondutores, que está “longe de estar resolvida”, limitando assim a oferta. Depois, junta-se o impacto da guerra da Ucrânia, de que são exemplo as “fábricas ucranianas que pararam devido à escassez de cablagem”. Por fim, a incerteza gerada pelos preços dos combustíveis também poderá adiar a decisão de muitos portugueses de comprar carro novo.

À CNN Portugal, Helder Barata Pedro explica que o mercado está, nesta fase, “40% abaixo do mesmo período de 2019”, o último ano antes da pandemia. E a perspetiva para 2022 é a de um crescimento de 8% - longe da evolução indicada pelo Governo.

Isto porque, na proposta de Orçamento do Estado para 2022, o Governo inscreve um encaixe de 482,1 milhões de euros com o ISV. Trata-se de um aumento de 59 milhões de euros, mais 14%, face ao ano passado. E, em comparação com a primeira versão do orçamento para 2022, chumbada em outubro, são mais 30 milhões.

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Mas a confiança do Governo na melhoria do mercado automóvel também se reflete no Imposto Único de Circulação (IUC). No documento apresentado na quarta-feira, indica-se uma receita de 408,4 milhões de euros. São mais oito milhões ou 2% face a 2021. Ainda assim, o Governo está mais contido do que em outubro quanto a este imposto, porque estimava encaixar 13 milhões.

Um dos elementos que poderá contribuir para a evolução positiva do mercado automóvel é o turismo em Portugal. Helder Barata Pedro realça que o período de verão, onde o turismo é mais intenso, pode ser “determinante”. Porque poderão existir mais vendas de viaturas a empresas de “rent a car”.

A ACAP insiste ainda que um programa de incentivo ao abate, com tem sido proposto pela associação, poderia ser uma das medidas a contribuir também positivamente para acelerar o mercado.

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