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Depois de "Sexo e a Cidade": agora são só três e há muito menos sexo

Já estão disponíveis na HBO os primeiros episódios de "And Just Like That", a sequela da série que em 1998 nos apresentou Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte. As personagens envelheceram e a série também

"Sexo e a Cidade" estreou em 1998 e tornou-se bastante popular, na altura, pela forma como colocou as mulheres no centro da narrativa, falando abertamente sobre os problemas e as paixões das mulheres. Carrie (interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker), Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Catrall) eram as quatro amigas que saíram do romance de Candace Bushnell para a série de televisão produzida pela HBO e assinada por Darren Star. E que nos puseram a falar de sexo (e de todas as suas posições), de casos de uma noite e de orgasmos, de vibradores e masturbação, mas também de infertilidade, de cancro da mama e mastectomia, da dificuldade em subir na carreira sendo mulher e da dificuldade em encontrar o amor, de sapatos, vestidos, brunches e Cosmopolitans.

No total, houve seis temporadas. A série durou até fevereiro de 2004 e depois ainda deu origem a dois filmes - que não adiantaram nada à história, antes pelo contrário. "Sexo e a Cidade" ganhou sete prémios Emmy (em 54 nomeações) e oito Globos de Ouro (dos 24 para que estava nomeada). 

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Dezassete anos depois da última temporada, a HBO estreia a sequela e chama-lhe "And just like that", uma expressão que Carrie costuma usar e que se poderá traduzir por "e assim". Em vez de um grupo de amigas trintonas, temos agora um grupo de cinquentonas a viver num mundo com smart phones e aplicações de encontros. O que mudou na vida de Carrie e das amigas?

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Nova Iorque depois da pandemia

"Lembram-se quando tínhamos que manter uma distância de dois metros?" A primeira frase que se ouve no primeiro episódio tinha tudo para ser atual e, no entanto, de alguma forma, parece-nos já um pouco desatualizada. Afinal, os criadores da série não podiam prever que no momento da estreia estaríamos a passar por uma nova vaga de covid-19 e muitas das restrições sanitárias iriam outra vez ser aplicadas.

Portanto, aqui estamos em Manhattan, Nova Iorque. As amigas Carrie, Miranda e Charlotte regressam à sua vida social após uma pandemia e um confinamento total - e certamente já vacinadas, pois ninguém usa máscaras. Reina o otimismo e fazem-se piadas. "Abraçamo-nos, tocamos os cotovelos, usamos língua gestual, sinais de fumo?"

E ficaram só três

A atriz Kim Katrall recusou participar nesta sequela. Este poderia ter sido um entrave à série, mas a produção decidiu avançar mesmo assim. Samantha, que estará agora na casa dos 60, mudou-se para Londres, ficamos a saber logo no início do primeiro episódio, e a sua relação com as amigas - sobretudo com Carrie - não sobreviveu. Mas Samantha, com o seu espírito livre, faz muita falta.

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O tempo passa

Logo no início da série, à mesa do café, surge o assunto: as amigas estão mais velhas e isso nota-se. Carrie, Miranda e Charlotte já têm mais de 50 anos. Miranda deixou de pintar o cabelo, adotou o estilo grisalho e defende que é importante assumir a sua idade: "Há coisas mais importantes do que tentar parecer jovem", diz a advogada, que deixou o escritório e vai começar a fazer uma pós-graduação em direitos humanos.

O tempo passou sobre estas mulheres e, apesar dos vestidos coloridos, dos sapatos caros que continuam a usar e das intervenções cirúrgicas que até podem esconder as rugas, há algo que nem o botox pode contrariar: à medida que envelhecemos a morte está cada vez mais presente.

Carrie tem um podcast

"Sexo e a Cidade" era o título da coluna que Carrie escrevia no jornal, na qual comentava assuntos mundanos da vida em Nova Iorque e, sobretudo, como era ser mulher e solteira na "cidade que nunca dorme". Mas agora Carrie já não escreve no jornal. Tem uma conta de Instagram dedicada ao estilo de Manhathan e participa num podcast, onde a sua chefe, Che (a atriz Sara Ramirez, de "Anatomia de Grey"), a desafia a falar mais livremente sobre todos os assuntos, incluindo sexo (a idade tornou-a mais pudica?).

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Os filhos já são adolescentes

A primeira coisa que sabemos sobre Brady, o filho de Miranda e Greg, é que o jovem tem uma namorada, Luisa, e costuma deixar os seus preservativos usados no chão do quarto. Charlotte também está a enfrentar a adolescência das filhas: Lily toca piano, Rose prefere praticar desporto e só obrigada usa os vestidos que a mãe lhe compra. A adolescência é um novo tema que surge em "And Just Like That" e que não havia em "Sexo e a Cidade".

Diversidade precisa-se

Uma das críticas que mais foi apontada a "Sexo e a Cidade" é que era uma série que mostrava apenas a vida de quatro mulheres brancas, heterossexuais e privilegiadas. Pois em "Just Like That" os argumentistas tiveram a preocupação de incluir novas personagens que trazem alguma diversidade: além de Che, a chefe negra e não-binária de Carrie, temos ainda Nya Wallace, a professora de Miranda (interpretação de Karen Pittman) e mais duas novas amigas: Lisa (interpretação de Nicole Ari Parker) e Seema Patel (interpretação de Sarita Choudhury).

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Continua a ser um mundo de glamour e privilégio, obviamente, onde todas as mulheres se vestem bem, frequentam bons restaurantes e têm filhos em escolas particulares, mas estas personagens trazem outros pontos de vista e preocupações que antes estavam ausentes.

O adeus a Willie Garson

O ator Willie Garson, que interpretava o melhor amigo de Carrie, Stanford Blatch, em "Sexo e a Cidade", está de volta nesta nova série. 

Apesar de a sua personagem, assim como a do seu namorado Anthony Marentino (interpretada por Mario Cantone), ter sido uma das mais criticadas por corresponder a muitos dos estereótipos gay, não deixa de ser uma bela homenagem podermos despedir-nos do ator com uma das suas personagens mais populares: Garson morreu em setembro de 2021.

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E foram felizes para sempre?

Era uma vez. Eram estas as primeiras palavras de Carrie Bradshaw no primeiro episódio de "Sexo e a Cidade" que foi para o ar nos Estados Unidos a 6 de junho de 1998. Como num conto de fadas. Mas a ilusão terminava logo ao fim de dois minutos. Desenganem-se as cinderelas dos tempos modernos. "Bem-vindos ao fim da inocência." Não há nenhum Cupido a cuidar de nós, nem príncipe encantado pronto a aparecer, no seu cavalo branco. "Há milhares de mulheres assim na cidade. Viajam, pagam impostos, gastam quatro mil dólares num par de sandálias e estão sozinhas. Porque há tantas mulheres fantásticas solteiras e não há assim tantos homens solteiros fantásticos?", perguntava Carrie. E era aqui que tudo começava. 

Ao longo de seis temporadas, as quatro amigas tiveram vários relacionamentos, apaixonaram-se e desapaixonaram-se, traíram e foram traídas. No final, Samantha opta por ficar sozinha (em vez de ficar com Smith, que era praticamente o seu príncipe encantado) mas as outras três amigas acabam por encontrar o amor.

E, 17 anos depois, aqui as encontramos, casadas e felizes: Carrie com Big, Miranda com Steve e Charlotte com Harry. Ainda que as relações não sejam perfeitas e haja muito menos sexo, parece que, afinal, para elas, os contos de fada existem. Pelo menos, até que num instante ("and just like that") tude mude novamente.

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