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Guterres condena massacre de mais de 100 pessoas em Al-Jazira

Secretário-geral da ONU apela às partes em conflito para que se abstenham de quaisquer ataques contra civis

O secretário-geral da ONU condenou o massacre de quarta-feira na aldeia de Wad al Nura, estado de Al-Jazira, no centro do Sudão, que deixou mais de 100 mortos, disse o porta-voz de António Guterres.

O líder da organização “condena veementemente o ataque alegadamente levado a cabo pelas Forças de Apoio Rápido” (RSF), afirmou na quinta-feira Stéphane Dujarric, apelando às partes em conflito para que se abstenham de quaisquer ataques contra civis.

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António Guterres está “profundamente preocupado com o imenso sofrimento do povo sudanês devido à continuação das hostilidades”, insistiu Dujarric, repetindo o apelo para “silenciar as armas em todo o Sudão e empenhar-se no caminho para uma paz duradoura”.

O Comité de Resistência - uma organização de cidadãos encarregada de contabilizar as vítimas e os deslocados - da região afirmou na quarta-feira que o grupo paramilitar RSF bombardeou Wad al Nura com armas pesadas "durante horas" e depois invadiram a aldeia em veículos de combate e motos, de onde "dispararam indiscriminadamente contra os cidadãos".

O balanço preliminar, disse o comité, é de pelo menos 104 mortos e mais de 90 feridos.

Em resposta às acusações, as RSF confirmaram na quinta-feira que estiveram em confrontos com uma "força conjunta do exército sudanês", dos serviços secretos e de uma brigada do partido islamita Congresso Nacional - ao qual estão filiados vários elementos das forças armadas - em três quartéis diferentes em Wad al Nura.

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"A batalha durou mais de duas horas e o inimigo utilizou todo o tipo de armas pesadas e ligeiras", declararam as RSF, que acrescentaram ainda que oito combatentes morreram nos confrontos.

Todavia, os paramilitares declararam estar surpreendidos com as acusações de terem matado mais de 100 civis, e negaram tais atos.

"As RSF respeitam todas as leis que protegem os civis e não são hostis a nenhum cidadão em qualquer parte do país", afirmaram os paramilitares, que acusaram o exército de espalhar mentiras sobre o que aconteceu em Wad al Nura.

Tanto o exército sudanês como os paramilitares têm sido acusados por várias organizações internacionais de cometerem crimes de guerra e crimes contra a humanidade - incluindo o uso de violência sexual e limpeza étnica -, o que levou a sanções por parte de países como os Estados Unidos contra ambas as partes beligerantes.

A guerra no Sudão, iniciada em abril de 2023, já causou mais de 30 mil mortos, de acordo com dados da União Médica Sudanesa, e perto de 10 milhões de deslocados, incluindo quase dois milhões de refugiados.

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