Dois navios 'fantasma' foram detetados perto dos gasodutos Nord Stream antes das fugas de gás, ocorridas no dia 26 de setembro, segundo dados de satélite agora divulgados.
De acordo com a empresa SpaceKnow, especializada na análise de dados recolhidos por satélites, dois navios, cada um medindo entre 95 e 130 metros, passaram junto aos locais das fugas, que libertaram cerca de 400 mil toneladas de metano para a atmosfera.
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"Detetámos alguns “dark ships” (“navios escuros” numa tradução literal ou 'fantasma'), ou seja, embarcações de tamanho significativo, que passavam por essa área. Tinham os seus faróis desligados, o que significava que não havia informação sobre o seu movimento, e estavam a tentar manter a sua informação de localização e informação geral escondida", disse Jerry Javornicky, o CEO e cofundador da SpaceKnow, à revista WIRED.
O Ocidente e a Rússia têm apontado o dedo um ao outro sobre este assunto, com ambos os lados a reclamarem terem provas de que as fugas de gás se deveram a atos de “sabotagem” da parte do adversário geopolítico.
Assim que tomou conhecimento desta informação, a SpaceKnow enviou toda a documentação para a NATO que, de acordo com Javornicky, solicitou à empresa todos os dados de que dispunha sobre a ocorrência. A porta-voz da Aliança Atlântica, Oana Lungescu, não confirmou este desenvolvimento, mas, à WIRED, um oficial da NATO, sob anonimato, confirmou que a organização recebeu informações da SpaceKnow.
Para a deteção dos navios, Javornicky afirmou que a empresa utilizou 90 dias de imagens de satélite arquivadas. “Temos 38 algoritmos específicos que podem detetar equipamento militar”, contou. Ao todo, a SpaceKnow detetou 25 navios na zona em torno das fugas de gás, incluindo navios de carga. Destes, dois não tinham o Sistema de Identificação Automático (AIS, em inglês) ligado, dispositivo que os navios maiores são obrigados pelo direito internacional a instalar e utilizar.
"Não é prática comum [ter o AIS desligado], a menos que as embarcações tenham uma missão militar classificada ou tenham alguns objetivos clandestinos, porque o Mar Báltico é um dos mares mais movimentados do mundo em termos de tráfego comercial”, explicou o diretor da Baltic Security Foundation, Otto Tabuns, à publicação.
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