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Mais de 315 mil soldados perdidos e um retrocesso militar de 15 anos: documentos desclassificados mostram como a Rússia não consegue avançar na Ucrânia

Estados Unidos partilharam várias informações no dia em que Zelensky foi ao Congresso pressionar para ter mais ajuda

A caminhar para o segundo ano de guerra, a Rússia fez grandes investidas para ganhar terreno este inverno – veja-se as batalhas em Avdiivka, onde a Ucrânia continua a tentar resistir com o que tem.

Apesar desse investimento de Moscovo, documentos partilhados pelos serviços secretos dos Estados Unidos mostram que os resultados ficam bem aquém do esperado. A porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Adrienne Watson, afirmou ao The New York Times que a Rússia tem de lidar com perdas pesadas no campo de batalha, sendo que nada disso se traduziu numa vantagem estratégica, como as forças russas pareciam esperar que acontecesse.

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Com efeito, e de acordo com a mesma fonte, a Rússia viu 315 mil dos seus soldados ficarem inoperacionais. Muitos deles morreram, muitos outros ficaram feridos de forma irremediável para regressarem ao campo de batalha.

Isso significa que a Rússia perdeu praticamente toda a força inicialmente colocada na batalha, de 360 mil homens, forçando Vladimir Putin a recrutar e a mobilizar novos soldados, incluindo alguns condenados que faziam parte do sistema prisional, mas que foram incluídos no exército russo.

As perdas vão para lá de humanas: a Rússia tinha iniciado esta guerra com cerca de 3.500 carros de combate, mas perdeu, entretanto, mais de metade desse número. Em concreto, 2.200 desses veículos ficaram inutilizados, levando Moscovo a ter de recorrer aos T-62, ainda da era soviética.

“A guerra na Ucrânia significa um revés de 15 anos no esforço russo para modernizar as suas forças”, pode ler-se num dos documentos desclassificados. “No fim de novembro a Rússia tinha perdido um quarto do equipamento em stock até 2022 e sofrido perdas entre o pessoal treinado profissionalmente”.

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Só na cidade de Avdiivka, a tal que concentra grande parte das batalhas atuais, Moscovo perdeu mais de 13 mil homens e 220 veículos de combate.

Para resistir ali, bem como noutras cidades fortemente atacadas pela Rússia, a Ucrânia mobilizou muitas das suas forças para sul e este. Apesar de ter sofrido perdas, o exército ucraniano tem conseguido manter as suas posições.

Estas informações foram desclassificadas numa altura em que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, está de visita aos Estados Unidos, onde espera fazer resultar a pressão sobre os representantes do Partido Republicano, que continuam a bloquear um novo pacote de ajuda à Ucrânia.

Um pacote que, segundo Adrienne Watson, é um dos pontos-chave nesta guerra. É que a informação recolhida pelos Estados Unidos mostra que a Rússia espera pelo constante adiamento desta aprovação para enfraquecer a Ucrânia, que continua a resistir, mas que tem cada vez menos capacidade militar.

“[A Rússia] parece acreditar que este bloqueio militar durante o inverno vai secar o apoio do Ocidente à Ucrânia”, afirmou a responsável, admitindo que o debate no Congresso é seguido de perto por Moscovo.

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