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"Fui atingido por um rocket e não consigo andar normalmente". Da linha da frente da guerra na Ucrânia para a recuperação em Portugal

Primeiro grupo de combatentes ucranianos já está em Ourém. Centro recebeu 11 militares feridos para reabilitação e espera poder ajudar muitos mais

Os hospitais e centros de reabilitação na Ucrânia estão sobrecarregados com soldados feridos na frente de batalha. Alguns estão por isso a ser enviados para tratamento noutros países e é o caso do primeiro grupo de militares que chegou a Portugal para reabilitação no recém-inaugurado centro da associação HelpUAPT, em Ourém.

"Fui atingido por um rocket na região de Donetsk. Esta é a ferida mais grave de todas, fiquei com os músculos destruídos e o nervo ciático danificado. E por causa disso a minha perna não obedece e não consigo andar normalmente", conta Yuriy à CNN Portugal, ele que é um dos milhares de militares ucranianos feridos na guerra e também um dos primeiros a ser tratado em Portugal.

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E foi com surpresa que soube que iria ser tratado no nosso país. "Um médico do meu batalhão disse-me: 'ganhaste um bilhete premiado'. E eu perguntei: 'que bilhete?'. 'Vais para Portugal para fazer reabilitação'", recorda Yuriy.

Depois de um ano em obras, o Antigo Seminário Dominicano de Aldeia Nova, em Ourém, é agora o Centro de Reabilitação Fénix, onde militares ucranianos feridos na guerra vêm receber tratamento.

Foi criado pela associação HelpUAPT que diz que este é o primeiro centro privado do género na Europa. É também a casa destes militares enquanto estão em Portugal.

E a diáspora ucraniana ajuda como pode: há quem tire férias para limpar e cozinhar.

Estes militares evitam falar da guerra. Preferem assuntos mais alegres e banais, mas mesmo longe a guerra continua presente.

"De momento, não sonho. Tomo comprimidos para dormir, por isso não tenho sonhos", diz Yuriy.

No total chegaram onze feridos a precisar de reabilitação física e psicológica. São acompanhados por quatro profissionais de saúde que vieram na comitiva ucraniana e por voluntários em Portugal.

O primeiro grupo fica apenas duas semanas por decisão de Kiev, mas a associação espera receber mais e por mais tempo. Para já tem capacidade para 52 pessoas mas quer chegar às 200.

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