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Governo da Coreia do Sul nega massacres durante Guerra do Vietname

Ministro da Defesa da Coreia do Sul anunciou que governo vai recorrer do pagamento de indemnização a familiar de vítimas de um tiroteiro no Vietname

O ministro da Defesa da Coreia do Sul reiterou esta sexta-feira, perante uma comissão parlamentar, que os soldados do país não cometeram qualquer massacre durante a Guerra do Vietname (1955-75).

Lee Jong-Sup salientou que o Governo vai recorrer da decisão, tomada na semana passada pelo Tribunal Distrital Central de Seul, de ordenar o pagamento de uma indemnização a uma mulher vietnamita, que perdeu vários familiares mortos num tiroteio, atribuído a fuzileiros sul-coreanos em 1968.

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À comissão parlamentar, Lee afirmou que o Ministério está certo de não ter existido "qualquer massacre" cometido pelas tropas sul-coreanas durante a Guerra do Vietname.

"Não podemos concordar com a decisão. Vamos realizar discussões com agências competentes para determinar a nossa próxima medida legal", disse Lee.

O tribunal ordenou ao Governo que pagasse 30 milhões de won (21.600 euros) a Nguyen Thi Thanh, de 62 anos.

Nguyen sobreviveu a um ferimento de bala, mas cinco familiares, incluindo a mãe e dois irmãos, morreram numa operação dos fuzileiros sul-coreanos na aldeia de Phong Nhi, no centro do Vietname, em 12 de fevereiro de 1968.

De acordo com documentos militares e sobreviventes dos Estados Unidos, mais de 70 pessoas foram mortas nesse dia quando, alegadamente, fuzileiros sul-coreanos dispararam contra civis desarmados durante a ocupação de Phong Nhi e da vizinha Phong Nhut. A ação ocorreu depois de pelo menos um soldado sul-coreano ter sido atingido e ferido por fogo inimigo nas proximidades.

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A decisão da semana passada marcou a primeira vez que um tribunal sul-coreano atribuiu ao Governo a responsabilidade pela morte em massa de civis vietnamitas durante a guerra e pode potencialmente abrir caminho a processos judiciais semelhantes.

A Coreia do Sul, então governada por líderes militares anticomunistas, enviou mais de 320 mil soldados para o Vietname, formando o maior contingente estrangeiro a combater ao lado das tropas norte-americanas.

Enquanto alguns ativistas apontaram as tropas sul-coreanas como possíveis responsáveis pelos massacres de milhares de civis durante a Guerra do Vietname, essas atrocidades não tiveram um impacto significativo nas relações com o Vietname, cuja economia em crescimento está fortemente dependente do investimento sul-coreano.

Ao conceder a indemnização a Thanh, o tribunal rejeitou as alegações do Governo sobre a não existência de provas conclusivas de que as tropas sul-coreanas fossem responsáveis pelos homicídios.

Na audição parlamentar, Lee disse que em "muitos casos" quem usava "uniformes militares sul-coreanos" não pertencia às tropas do país, alegando que a decisão do tribunal prejudica a honra do exército da Coreia do Sul.

O Governo sul-coreano tem um prazo de duas semanas para recorrer, depois de receber formalmente uma cópia da decisão, a qual, de acordo com os advogados de Thanh, foi entregue hoje.

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